No Dia Mundial da Raiva, Conselho Federal de Medicina Veterinária lembra que a doença negligenciada tem 100% de letalidade e causa quase 60 mil vítimas por ano, principalmente em países em desenvolvimento
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de dois terços dos países do mundo ainda são afetados pela raiva e, dentre todos os casos registrados em humanos, mais de 95% são causados por mordeduras de cães infectados. A cada quinze minutos, morre uma pessoa decorrente da doença.
“A raiva continua a ser uma grande preocupação mundial. É uma doença negligenciada, com praticamente 100% de letalidade e alto custo na assistência preventiva às pessoas expostas ao risco de adoecer e morrer”, diz Adriana Vieira, integrante da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNSPV/CFMV).
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) estima que, para ser efetiva, uma campanha de vacinação contra a raiva deve cobrir ao menos 70% da população de cães nas zonas afetadas pela doença. A entidade calcula que, além de impedir a transmissão do vírus e salvar vidas de animais e humanos, o custo da imunização canina teria um custo quase 10 vezes menor do que os valores já investidos no tratamento emergencial de pessoas acometidas pela doença.
O médico veterinário tem uma atribuição fundamental nesse processo, atuando nas campanhas de vacinação, no controle populacional de cães em situação de rua e na conscientização da população a respeito dos princípios de guarda responsável. A vigilância e a notificação dos casos detectados também são uma importante ação de controle da doença, e mais um dever que cabe aos médicos veterinários.
“Animais que apresentem sinais neurológicos devem ser levados aos médicos veterinários e esses, por sua vez, devem avaliar o quadro geral e, se esses animais forem a óbito, o material precisa ser encaminhado para diagnóstico de raiva”, ressalta Vieira. “Alertamos também os médicos veterinários clínicos para que fiquem atentos aos animais com sintomatologia neurológica. Se esses animais forem submetidos à eutanásia ou vierem a óbito, o veterinário deve enviar o material desses animais para diagnóstico de raiva nos laboratórios de referência”, explica a médica veterinária.
No Distrito Federal, a campanha de vacinação deste ano foi cancelada pela Secretaria de Saúde, que está reformulando o programa. Não há data prevista para a imunização. Porém, Adriana Vieira destaca que os tutores são responsáveis pela saúde do animal e não devem deixar de vaciná-los.
“Quando o governo decide fazer as campanhas de vacinação, a ideia é criar uma cobertura vacinal pra evitar casos de raiva humana. Mas essa é uma responsabilidade dos tutores dos animais, independentemente das campanhas de vacinação do governo. Dessa forma, o tutor do animal tem a responsabilidade de levar os animais para a vacinação anual, seja em campanhas, seja em clínicas particulares. Os cães e gatos podem ser vacinados em qualquer época do ano, mas o tutor deve estar atento para a revacinação anual. Mesmo que esteja atrasado, ele deve vacinar o animal anualmente cães e gatos que têm contato com outros animais e até os domiciliados, pois todos os animais podem ter contatos com morcegos infectados, na área urbana ou rural”, diz.