Latidos excessivos têm solução

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Muitas vezes, latidos excessivos são demonstração de ansiedade e tédio. Enriquecer a rotina do animal com passeios, brincadeiras diárias e adestramento pode ajudar a resolver o problema

 

Luna: se você não fizer as vontades dela, essa linda yorkshire vai latir até te enloquecer! Crédito: Arquivo Pessoal
Luna: se você não fizer as vontades dela, essa fofura vai latir até te enloquecer! Crédito: Arquivo Pessoal

O latido é a forma de comunicação verbal de um cão. Exigir que ele fique quieto o tempo todo é como mandar uma pessoa não falar 24 horas por dia. “O latir do cachorro é uma das formas de soltar suas frustrações, medos e ansiedades, e preciso dizer que latir é uma condição natural do cão, é uma das suas formas de comunicação. Portanto, abolir esse ato é praticamente impossível”, observa o adestrador Andre Barbosa, de Brasília. O problema é quando essa comunicação se torna excessiva, provocando a angústia do tutor e até mesmo reclamações na vizinhança.

Uma fofa yorkshire cheia de manias, Luna, de 3 anos, é uma “latidora profissional”. “Ela late até correndo”, conta a tutora, Gabriella Costa da Silva. “Quando ela quer algo, ela late. Se o brinquedo caiu, ela late para você pegar. Aí você pergunta o que ela quer e ela late mais alto. Tem hora que cansa, porque ela não para”, diz. Mas Luna abusa do gogó mesmo é quando quer comer. “Principalmente às 18h. Você tenta brincar para distrair e ela te leva sempre para a comida dela. E late apelando, brava”, relata Gabriella.

O adestrador Andre Barbosa explica que, normalmente, o hábito do latido excessivo está associado a estresse, ansiedade, medo, ociosidade e insegurança, entre outros conflitos internos no cão. “Alguns cães latem demais para chamar a atenção, pedir carinho, proteger o território (quando existe algo perigoso ou estranho por perto), por ciúmes, excesso de estímulos, condicionamento (latir quando tocam a campainha, por exemplo), tédio, solidão e, até mesmo, depressão”, enumera.

“Nessas situações, muitas vezes é culpa do próprio dono, que, para fazer o cão parar de latir, acaba cedendo e dando o que cão quer. Ele logo percebe que basta latir para que seus donos tirem a bolinha que está embaixo do armário ou abram mais rapidamente a porta, ou deem um pedacinho do que estão comendo para ele. Assim, o animal logo percebe que, quando late, seu problema é imediatamente resolvido e, inconscientemente, os proprietários acabam ‘treinando’ o cão para latir excessivamente sempre que quiser alguma coisa”, continua Andre.

Por causa do barulho insistente de Luna, por exemplo, muitas vezes Gabriella Costa da Silva desiste de esperar a hora certado jantar e faz a vontade da cachorrinha, servindo a comida antes da hora.

Latidos excessivos também são comuns em cachorros que vivem em apartamentos e que têm pouca atividade. Foi o que aconteceu com Charlotte, uma shitzsu que, desde novinha, deixava a família enlouquecida com tanto barulho. “Bastava olhar para ela, que ela começava a latir, e latia muito mesmo. Era como se fosse estressada, de mal com a vida”, conta a tutora, Déborah Souza Oliveira Valério. Florais, calmante natural e passeios no fim da tarde ajudavam, mas não resolviam o problema. “Tivemos de pensar em outro meio de fazer com que ela se acalmasse. Pensamos que poderia ser porque ela ficava muito tempo presa, com a porta fechada. Aí, resolvemos mudar de casa”, diz Déborah.

Charlotte só melhorou com os latidos quando a família se mudou: espaço para correr e brincar
Charlotte só melhorou com os latidos quando a família se mudou: espaço para correr e brincar  Crédito: Arquivo pessoal

Ao se mudarem para um apartamento com uma varanda grande, com mais ou menos 15m de comprimento, finalmente, Déborah e o marido viram resultado. “Lá, ela pode correr à vontade. Isso foi crucial. Mudou o comportamento dela de maneira notória. Hoje, ela late quando vê cachorro passando na rua, mas não late por nada. Percebi que o motivo dela ser daquele jeito é que ela se sentia presa, não conseguia ver nada lá fora, e isso a deixava agoniada.”

Quem não pode se mudar tem algumas opções para minimizar os latidos. “Procure exercitar o cão diariamente com brincadeiras, adestramento e passeios. Brincadeiras aeróbias são as mais recomendadas, pois provocam relaxamento mental e físico, além de alterarem alguns neurotransmissores cerebrais, funcionando de maneira semelhante a um antidepressivo”, ensina Andre Barbosa. O especialista recomenda que, no caso de adestramento, se use sempre algum comando que o cão conheça antes de oferecer algo que ele deseja, como petisco, carinho ou brinquedo.

“Passeios diários são excelentes — exercitam o cão, fornecem uma porção de estímulos visuais, auditivos e olfativos, além de a atividade ser feita em companhia, o que também é muito importante para os cães”, afirma Andre. “De todas essas dicas, a última, sobre a caminhada é de longe a mais importante. Isso é indiferente para quem mora em uma kit de 26 metros ou um grande condomínio de 10 mil metros. Durante o passeio, seu cão estará em plena sintonia com você, sentirá cheiros, barulhos, verá coisas diferentes. Isso o deixará extremamente relaxado e certamente os latidos excessivos diminuirão”, ensina.