Pelo segundo ano consecutivo, o Distrito Federal registrou as mais altas temperaturas da história. Isso tem provocado forte estiagem, o que faz com que a produção agrícola seja inferior a dos anos anteriores. Como a do cajuzinho do cerrado, planta nativa que já vem sendo cultivada por um grupo de produtores locais, entre os quais Ana Maria Romeiro Rodrigues, de 55 anos.
Dona Ana, como é conhecida na região (próxima de Brazlândia), embarca terça-feira para Itália, como parte da comitiva que irá representar o Brasil no Terra Madre Salone del Gusto, evento que se realiza a cada dois anos em Turim como atividade principal do Slow Food. Nele, produtos agrícolas sustentáveis e ingredientes naturais de sabor excepcional do mundo inteiro serão expostos por cinco dias, de 22 a 26 de setembro.
“Ano passado, a gente colheu 300 quilos de caju, mas este ano a safra não vai chegar a tanto”, diz seu Zilas (João Evangelista de Macedo), de 57 anos, marido de Dona Ana, ao mostrar no pé os últimos frutos a uma caravana de simpatizantes do movimento Slow Food, no feriado de Sete de Setembro. O casal também coleta outras frutas, como mangaba, cagaita, jatobá e pimenta-de-macaco. “Até hoje isso causa espanto na região”, conta seu Zilas, que beneficia tudo que colhe.
Em razão do caráter sazonal, devido às próprias condições climáticas, o cajuzinho do cerrado foi inscrito na Arca do Gosto, divisão que cuida dos produtos ameaçados de extinção, informa Ana Paula Jacques, líder do convívio Slow Food Cerrado. Ela estará à frente da delegação local que se unirá às de outras regiões do país, num total de 200 pessoas, entre agricultoes, pescadores, processadores, distribuidores, cozinheiros e especialistas agrícolas que vão à Itália representando 1200 comunidades de 130 países.
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