Brasilienses firmam sociedade com vinícola espanhola

Seis anos depois de se lançar no mercado americano com um entreposto da importadora Del Maipo em Miami, que acabou fechando em decorrência dos efeitos da pandemia, o empresário brasiliense Cyro Tôrres Junior, 50 anos, investe agora na Espanha ao se tornar sócio de uma vinícola que produz Réquiem, aclamado vinho tinto feito 100% com a uva Tempranillo, também chamada Tinta del País. A Bodega Réquiem Hispania fica na província de Peñafiel, próxima à cidade de Valladolid, antiga capital da Espanha e onde morreu o descobridor genovês Cristóvão Colombo, em 1506.

Junior, como é conhecido, não está sozinho nesta empreitada. Levou consigo três amigos brasilienses que, como ele, são loucos por vinho e toparam a parceria no negócio além mar. São eles os empresários Fabiano Cunha Campos e Marcio Salomão e o médico Luiz Leite, além do co-proprietário e sócio da Del Maipo (cujo portfólio tem mais de mil rótulos), Bernardo Avelar.

Os cinco detém 50% do capital da bodega Réquiem, fundada pelo empresário e consultor de vinhos espanhol Pablo Miranda Roger, que há 10 anos vem trazendo ao Brasil um pouco da herança enológica da Península Ibérica. É ele quem elege, sugere e exporta quase todos os rótulos hispânicos comercializados pela Del Maipo.

União com Mozart

Fundada no ano 2000, a vinícola leva o nome da última (e inacabada) composição do mais genial músico austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, que viveu apenas 35 anos deixando mais de 600 peças clássicas. Trata-se de uma missa fúnebre escrita para coro e orquestra que contém excertos universalmente reconhecidos como momentos sublimes da história da arte. “Na sala de entrada da minha casa materna há um piano de cauda, minha mãe estudou música e era pianista. Mozart e seu Réquiem se mostraram uma mistura interessante com os tempos e os ritmos do mundo do vinho, por isso a composição que está escrita na nota menor se uniu para sempre com nossa adega”, explica Pablo Miranda.

No estilo vinícola de garagem, Bodega Réquiem Hispania é uma das primeiras do gênero no coração da Ribera del Duero, uma das mais importantes zonas de produção de vinho, caracterizadas pela sigla DO (Denominação de Origem), que tem entre outros o incensado tinto Vega Sicilia.

Outros rótulos

De coloração rubi intenso, com aroma elegante e delicado, sedoso e harmônico na boca, com notas florais e de baunilha, Réquiem custa em média R$ 350 a garrafa. Abaixo dele tem o Re Minor que sai por R$ 160, além do Descalificado que, para Pablo Miranda, representa “um verdadeiro ato de rebeldia em defesa da autenticidade”.

Além desses está sendo elaborado pela bodega, que agora tem sócios brasilienses, o top Dies Irae, cujo nome remete ao momento mais alto da obra de Mozart, o dia do julgamento no qual Deus cobrará os vivos e os mortos. O vinho, que deverá chegar aqui em janeiro, ainda não tem preço.

Para o empresário Cyro Torres Júnior, colocar o pé na Espanha “além de um sonho é uma grande ação de marketing que oferece boa perspectiva de expansão numa região que prima pela qualidade dos vinhos”, acentuou ele, que não descarta a possibilidade de o grupo brasiliense investir em outros países da Europa.