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STJ concede liminar requerida por André Clemente contra Operação Tenebris

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ANA MARIA CAMPOS

O ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deferiu em parte a liminar requerida pela defesa do conselheiro André Clemente, do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), para anular medidas autorizadas na Operação Tenebris.

 

A decisão do ministro do STJ tem como efeito determinar a suspensão (paralisação) dos feitos investigativos, inclusive o procedimento investigatório criminal (PIC) em curso perante a 1ª Vara Criminal de Brasília.

 

Na decisão, Raul Araújo argumentou que, até o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da Ação Penal 937, não havia dúvidas quanto ao foro por prerrogativa de função. Valia sempre o cargo exercido no momento pelo réu.

 

Neste processo, julgado em 2018, o STF definiu que o foro só valia para os crimes cometidos no exercício da função. Ilícitos anteriores seriam analisados na primeira instância.

 

Mas a nova jurisprudência, segundo o ministro Raul Araújo, abriu brechas para dúvidas quando está em questão o deslocamento de competência, como é o caso de André Clemente na Operação Tenebris. “No Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento de que cabe à própria Corte Superior a análise de sua competência, quando houver dúvida, diante do caso concreto”, ressaltou Raul Araújo.

 

Assim, todos os atos e investigações da Operação Tenebris estão suspensos até que o STJ analise de quem é a competência para apreciar o caso.

 

A defesa apontou que a competência para autorizar medidas de busca e apreensão tendo Clemente como alvo só poderiam ser deferidas pelo STJ, foro para processar e julgar criminalmente conselheiros de tribunais de contas.

 

Em duas fases da Operação Tenebris, a 1ª Vara Criminal de Brasília autorizou buscas contra Clemente, cumpridas na casa do conselheiro e no gabinete no TCDF.

 

Quando os atos relacionados à contratação do Instituto Idheias para a instalação da decoração de Natal do Brasília Iluminada, Clemente era secretário de Economia do DF. Mas quando o inquérito foi aberto, em 23 de dezembro, ele já havia tomado posse como conselheiro do TCDF.

 

O Ministério Público considerou que Clemente não tinha mais o foro de secretário de Economia, que é o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF, tampouco detinha o benefício de ser processado pelo STJ, na condição de conselheiro, porque os atos supostamente criminosos foram praticados antes da posse.

 

O objetivo da investigação dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) é apurar supostas irregularidades no programa Brasília Iluminada. O processo teve início na segunda instância por envolver indiretamente deputados distritais. Mas os desembargadores que analisaram os pedidos de busca e apreensão e de bloqueio de bens consideraram que, como nenhuma das medidas envolvia parlamentares, a ação cautelar deveria ser analisada em primeira instância.

 

Em 25 de janeiro, foi deflagrada a primeira fase da operação. Uma semana depois uma nova etapa, com busca e apreensão no gabinete de Clemente no TCDF, foi autorizada pela 1ª Vara Criminal de Brasília.

 

O caso é tratado em reclamação impetrada pelos advogados Eduardo Toledo, Cleber Lopes e Marcel Versiani, no STJ. Eles pedem que toda a Operação Tenebris seja anulada por falhas na tramitação da ação cautelar que a originou.

 

Ao analisar o pedido de liminar na reclamação, o ministro Raul Araújo observou que medidas cautelares invasivas, como buscas e apreensões foram cumpridas a partir de decisões de juízo que pode ser incompetente, o que justifica a concessão da liminar.

 

Inocência

Em nota, a defesa de André Clemente ressaltou que, além da questão da competência, o conselheiro está tranquilo em relação ao mérito das suspeitas levantas pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

 

Veja a íntegra da nota:

“A Defesa do Conselheiro André Clemente Lara de Oliveira recebe com satisfação e inabalável confiança na Justiça a decisão liminar, proferida pelo STJ, na Reclamação nº 42.804/DF, no sentido de determinar a imediata suspensão das investigações da cognominada Operação Tenebris, face às relevantes evidências de usurpação da competência do Superior Tribunal de Justiça, a indicar que André Clemente não poderia ser submetido a quaisquer medidas restritivas de direitos fundamentais, tampouco de natureza investigativa.

 

É importante destacar que, independentemente da questão da competência, o Eminente Desembargador James Eduardo Oliveira já havia alertado que ‘não se colhe dos autos elementos concretos de que o ex-Secretário de Estado de Economia do Distrito Federal incorreu em alguma ilicitude’, sendo também certo que a própria Magistrada de primeiro grau reconheceu que os elementos colhidos nas investigação ‘não são suficientes à formação de uma convicção – ainda que indiciária, superficial’ contra André Clemente.

 

A Defesa prossegue confiante quanto ao pleno reconhecimento da inocência de seu constituinte e ao cabal esclarecimento dos fatos”.

 

Eduardo de Vilhena Toledo, Cléber Lopes e Marcel Versiani, Advogados responsáveis pela Defesa

 

2 thoughts on “STJ concede liminar requerida por André Clemente contra Operação Tenebris

  1. Essa falha de apuração determinada pela 1ª Vara de Brasília em questão que deveria ter sido apreciada pelo STJ demonstra totalmente que há poucos profissionais competentes nesse país. Advogados que instruem seus pacientes a mentirem em processos, médicos que retiram a perna de paciente que vai tratar de fimose, pessoas morrendo por erro na apuração da doença, até as Forças Armadas são uma demonstração de falta de inteligência, capacidade, opinião própria e competência demonstrada nesse governo Bolsonaro, inclusive, com os comandantes tomando vacina escondido do chefe. Nosso ensino é uma merda e isso reflete em nossos profissionais que são uma bosta. Perceba que, há 50 anos, o Brasil tinha um PIB 2 vezes superior ao da China e hoje a China, em relação ao Brasil, tem um PIB superior em 5 vezes . Finalizando, esse país não tem futuro e existe somente para abastecer o mundo de minérios, carnes e produtos agrícolas. Onde está a inteligência do brasileiro em criar e produzir aparelhos com alta tecnologia?

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