Tevês estudam revolução na transmissão das ligas europeias para amenizar jogos com portões fechados

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Microfones nos jogadores e no árbitro, utilização de drones, customização das arquibancadas para preencher o vazio causado pela pandemia do novo coronavírus e mais rodadas no meio da semana. A possibilidade de os jogos das principais ligas da Europa serem disputados sem a presença de público até o fim deste ano desafia os detentores dos direitos de tevê a reinventar a transmissão do espetáculo. Alguns cobram flexibilidade nos contratos a fim de tornar o espetáculo mais atraente. A intenção é aproximar o espetáculo dos videogames.

Realista, o presidente da Mediapro, Jaume Roures, defendeu nesta semana, em entrevista à agência francesa AFP, que o futebol iniciará 2021 sem público nas arquibancadas. Acrescentou que não faz mais sentido a realização das partidas apenas aos sábados e domingos e pretende espalhar mais rodadas pelo meio de semana sob o argumento de que o público está em casa.

Os conglomerados de tevê querem mais. Estudam formas de minimizar o impacto da ausência do público e tornar as transmissões mais atraentes. Uma das alternativas é valorizar os diálogos entre os jogadores, como chegou a ser feito antes da paralisação das competições. Há intenção de colocar microfones nos jogadores e usar câmeras nos árbitros — o que não chega a ser uma novidade. Em 1982, o juiz José Roberto Wright usou microfone escondido para a Globo e causou alvoroço na final da Taça Guanabara entre Flamengo e Vasco. Os times não sabiam e o episódio foi parar nos tribunais batizado de Watergate pelo Jornal do Brasil.

“Eu aceitei para mostrar como é difícil o trabalho de um árbitro dentro de campo, e não com má intenção. Mas como isso aconteceu bem na final da Taça Guanabara, houve toda aquela repercussão e ganhou uma dimensão maior”, alegou José Roberto Wright em 1982. Árbitros da NFL, a liga de futebol americano, usam microfones para esclarecer as decisões ao público.

“Temos que focar nos jogadores e técnicos, mas nem os governos nem as ligas são capazes de garantir a saúde dos espectadores, e isso é a prioridade. Então, com certeza, temos que tentar acabar o campeonato e, se voltar, sem dúvida será com portões fechados”

Jaume Roures, presidente da Mediapro, em entrevista à agência de notícias francesa AFP

Outra ideia da Mediapro é a utilização de drones nas transmissões a fim de mostrar as partidas em novos ângulos para torna-las mais atraentes. Algumas empresas também discutem a utilização de lonas customizadas nas arquibancadas para preencher o vazio da torcida. A estratégia foi colocada em uso, por exemplo, no estádio do Sporting, o José Alvalade.

Na entrevista à AFP, Jaume Roures admitiu que o futebol voltará sem público nas arenas por muito tempo. “Acho que isso é obrigatório. É uma condição para garantir a saúde dos espectadores. Temos que focar nos jogadores e técnicos, mas nem os governos nem as ligas são capazes de garantir a saúde dos espectadores, e isso é a prioridade. Então, com certeza, temos que tentar acabar o campeonato e, se voltar, sem dúvida será com portões fechados”.

O executivo cobra flexibilização dos horários. “Se jogarmos com portões fechados não será preciso jogar sábado e domingo. Normalmente jogamos nos fins de semanas porque são os dias em que as pessoas podem ir ao estádio, mas a realidade não será assim nos próximos meses. Podemos adaptar os horários e as audiências serão melhores, porque uma parte importante da população estará em casa”, argumenta Jaume Roures.

Em meio às incertezas causadas pela pandemia, o executivo tem uma convicção. Para nós, a prioridade, onde estamos presentes, é concluir as ligas, tanto na Espanha como na França”.

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Marcos Paulo Lima

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