A pandemia do novo coronavírus pode fazer a Seleção voltar 50 anos no tempo. Lembra quando foi a última vez em que a Seleção passou um ano inteirinho sem jogar? Em 1951! Para ser exato, foram quase 21 meses de abstinência entre a derrota para o Uruguai na última rodada do quadrangular final da Copa, em 16 de julho de 1950, e a estreia nos Jogos Pan-Americanos do Chile, em 6 de abril de 1952. Na época, o time principal representava o país.
Com a paralisação generalizada do futebol no mundo devido à Covid-19, o calendário das seleções deve ser o mais afetado. A prioridade daqui em diante é a finalização das competições entre clubes. Em alguns casos, como o Brasileirão, o início da competição. Portanto, não se assuste se não houver agenda para as chamadas datas Fifa. Uefa e Conmebol adiaram, respectivamente, a Eurocopa e a Copa América para 2021. A entidade sul-americana mantém o início das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar em setembro. Falta combinar com o vírus, com a abertura das fronteiras nos 10 países do continente e o rearranjo de competições como a Copa Libertadores da América e a Copa Sul-Americana.
1915, 1918, 1924, 1926, 1927, 1928, 1929, 1933, 1935, 1941, 1943 e 1951, anos em que a Seleção não teve atividade
A última exibição da Seleção foi no amistoso de 19 de novembro de 2019 contra a Coreia do Sul, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Com o início da pandemia, pelo menos sete jogos do Brasil foram adiados e/ou cancelados. Os duelos de março contra Bolívia e Peru pelas Eliminatórias; e as cinco da fase de grupos da Copa América contra Venezuela, Peru, Catar, Colômbia e Equador. Em tese, o próximo compromisso do Brasil é em 3 de setembro contra a Venezuela, no Mané Garrincha. 10 meses depois da vitória por 3 x 0 sobre os sul-coreanos. Como a Copa de 2022 será de 21 de novembro a 18 de dezembro de 2022, é possível que os jogos da Seleção virem supérfluo para priorizar as competições de clubes.
“O Brasil perdeu a Copa do Mundo de 1950 e os caras acharam mais prudente não realizar jogos. Não tinha competição nenhuma. Não faziam amistosos com a regularidade de hoje. O prestígio do futebol brasileiro estava muito abalado. Muitos clubes aproveitaram para excursionar pela Europa. São Paulo e Bangu se uniram para jogar lá fora. O Flamengo também viajou”
Roberto Assaf, jornalista e historiador, autor do livro Seleção Brasileira – 90 anos, publicado em 2004
Autor do livro Seleção Brasileira (1914-2006) ao lado de Antonio Carlos Napoleão, o jornalista e historiador Roberto Assaf recorda em entrevista ao blog. “O Brasil perdeu a Copa do Mundo de 1950 e os caras acharam mais prudente não realizar jogos. Não tinha competição nenhuma. Não faziam amistosos com a regularidade de hoje ou a partir de determinada época. Não havia interesse, não se marcava amistoso com a facilidade que se tem hoje. Era impossível marcar partida contra uma Tailândia, uma Coreia do Norte, Coreia do Sul”, observa.
Enquanto a seleção tirava 20 meses sabáticos, os clubes ocupavam o vácuo. “Muitos clubes aproveitaram para excursionar pela Europa. São Paulo e Bangu se uniram para jogar lá fora. O Flamengo também viajou. O prestígio do futebol brasileiro estava muito abalado. Havia necessidade de disputar amistosos para faturar e os times embarcaram”, conta Assaf.
Sem jogos da Seleção, houve espaço na agenda para torneios internacionais como a Copa Rio de 1951 reivindicada pelo Palmeiras como título mundial. Vasco, Áustria Viena, Nacional, Sporting, Juventus, Nice e Estrela Vermelha participaram do evento de 30 de junho a 22 de julho, no Rio e em São Paulo. A competição se repetiu em 1952 com a conquista do Fluminense. Na época, Peñarol, Sporting, Grasshopper, Corinthians, Áustria Viena, Libertad e Saarbrücken também disputaram a competição.
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