Saber sofrer ou fazer sofrer? Corinthians precisa responder a pergunta antes de escolher o novo técnico

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Antes de eleger o sucessor de Fábio Carille, o presidente Andrés Sanchez precisa responder a uma pergunta: o próximo técnico do Corinthians tem que “saber sofrer” ou “fazer sofrer”? A partir disso, sim, é possível traçar os planos para as últimas oito rodadas do Brasileirão e a temporada de 2020.

Poucos clubes assimilaram o clichê “saber sofrer” como o Corinthians. Embora o clube seja o maior vencedor da década no futebol brasileiro com três títulos da Série A (2011, 2015 e 2017); uma Libertadores e um Mundial (2012); uma Recopa Sul-Americana (2013); e quatro Paulistas (2013, 2017, 2018 e 2019); o time paulista virou refém do próprio sucesso.

O Corinthians empilhou títulos apostando na organização defensiva e nos contra-ataques. Não era time de posse de bola, mas quando tinha a pelota nos pés se transformava em uma equipe letal. Houve momentos de futebol bonito, como na campanha do hexacampeonato brasileiro em 2015 sob a batuta de Tite.

Houve tentativas frustradas de sair da caixinha, ou seja, de transformar o Corinthians em um time que, em vez de saber sofrer, faça o adversário sofrer. Cristóvão Borges, por exemplo, queria um time com a bola nos pés. Oswaldo de Oliveira nem conseguiu engatinhar a tentativa. Osmar Loss e Jair Ventura foram variações do estilo consolidado por Mano Menezes, Tite e Fábio Carille.

O flerte com Tiago Nunes parece um meio termo entre o “saber sofrer” e o “fazer sofrer”. O Athletico-PR campeão das copas Sul-Americana e do Brasil é dupla face. Sabe atuar das duas formas. Sufocou adversários em jogos grandes contra Grêmio e Inter neste ano. Peitou o Flamengo nas quartas de final da Copa do Brasil e eliminou o rival carioca nos pênaltis dentro do Maracanã.

Alternativas como Sylvinho, auxiliar de Tite na Copa do Mundo da Rússia e demitido recentemente do Lyon, parecem mais do mesmo neste momento. A escolha não é fácil quando você olha para o G-6 e nota uma tendência. O líder Flamengo, o terceiro Santos, o quarto São Paulo, o quinto Grêmio e o sexto Athletico-PR gostam da posse de bola. Sendo direto: exibem estilos de jogo agradáveis de assistir, fora da caixinha que virou a o futebol nacional.

O Corinthians está diante de uma escolha entre ser um time feio, chato e burocrático como o arquirrival Palmeiras de Mano Menezes; ou aderir à moda ditada por Jorge Jesus, Jorge Sampaoli, Fernando Diniz, Renato Gáucho e o preferido da diretoria da Fiel, Tiago Nunes. Talvez, seja o momento de romper com a fórmula de 11 anos do estilo “saber sofrer”, iniciada com a chegada de Mano Menezes em 2008 ao clube; e contratar um treinador que saiba ensinar o Corinthians a fazer o adversários sofrer. Não seria nenhum absurdo. O Corintinhians de Vanderlei Luxemburgo e Oswaldo de Oliveira era assim na virada do século. Pode voltar ser. Basta Andrés Sanchez ousar, virar a chavinha e tentar uma nova experiência.

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Marcos Paulo Lima

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