Preocupado em jogar a volta em casa, Flamengo leva um resultado infernal da ida para a Arena da Baixada

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Quando recorreu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na tentativa de mudar o sorteio das quartas de final da Copa do Brasil e mandar a partida de volta contra o Athletico-PR, no Maracanã, e depois recuou, a diretoria do Flamengo injetou uma dose desnecessária de ansiedade no técnico Dorival Júnior, no elenco rubro-negro e na torcida.

Os cartolas aumentaram a responsabilidade de transformar o Maracanã no inferno que escaldou o Galo nas oitavas a fim de levar para a hostil Arena da Baixada uma mínima vantagem. A expectativa é a mãe da frustração. Explica, por exemplo, a expulsão infantil do zagueiro David Luiz no fim da partida por xingar o juiz. Por ironia do destino, o injusto empate por 0 x 0 obriga o time carioca a provar ao presidente Rodolfo Landim e companhia limitada que é, sim, capaz de avançar às semifinais em Curitiba, no olho do Furacão.

O Flamengo não jogou mal no empate por 0 x 0 com o Athletico-PR, mas cometeu o gravíssimo erro que se repete desde o fim da era Jesus: perde gols a rodo. Pecados como esse costumam transformar a vida de um time em inferno no sistema de mata-mata. A falta de bola na rede faz falta nesse sistema de disputa. Mas esse não é o único prejuízo.

Dorival Júnior criou uma formação ideal em fase de desenvolvimento, aposta nela nas copas e perdeu dois titulares. Além do zagueiro David Luiz, o volante Thiago Maia está suspenso. Poderia ser pior. Gabriel Barbosa e Arrascaeta escaparam de serem expulsos em dois dos muitos erros da péssima arbitragem de Luiz Flávio de Oliveira. Fernandinho cometeu pênalti em Léo Pereira. Se o dono do apito não viu, o VAR deveria, no mínimo, ter alertado o juiz.

Quanto ao debate de ideias entre Dorival Júnior e Luiz Felipe Scolari,lembrei-me do duelo de 2018 entre eles no empate por 1 x 1, no mesmo Maracanã, na reta final do Campeonato Brasileiro. Felipão foi ao Rio por uma bola diante de um Flamengo, de Dorival, com mais posse de bola, porém incapaz de converter as chances em gols. Logo, o problema é antigo.

O início da do trabalho de Dorival tem semelhança com um dos antecessores. No ano passado, Michael virou protagonista de Renato Gaúcho no segundo semestre. O cara da vez é Pedro. Daí a opção de Felipão por uma defesa com três zagueiros e linha de cinco defensores. O plano era encaixá-lo, dificultar a chegada da bola no homem de referência. Pedro jogou bem na criação. Em contrapartida, não recebeu uma bola limpa para finalizar.

Felipão acertou na marcação de Pedro. Em contrapartida, teve mais sorte do que juízo no resultado da partida. Gabriel Barbosa desperdiçou a oportunidade de ser o herói da noite. A quantidade de chances desperdiçadas pelo camisa 9 é inadmissível. Acho até que Dorival errou ao tirar Everton Ribeiro no segundo tempo. A opção justa seria substituir Gabi. João Gomes também fazia bom jogo. Ganhava duelos, roubava bolas e auxiliava ofensivamente.

No fim das contas, Bento foi o cara do jogo. Uma vitória para o velho truque de Felipão e a escola de goleiros do Athletico-PR. Se há um clube competente na formação de jogadores nessa posição é o Furacão. Em 2013, perdeu o título da Copa do Brasil com Weverton. Foi eliminado, mas despachou o Flamengo com Santos. São Bento é o milagreiro do dia.

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Marcos Paulo Lima

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