Por que a Seleção de Tite pode virar um tributo ao Zé da Galera, personagem de Jô Soares

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Em 1982, o personagem Zé da Galera criado pelo saudoso Jô Soares tinha um bordão: “Bota ponta, Telê”. Justamente os pontas mudaram o conceito da Seleção Brasileira depois da derrota para a Argentina na final da Copa América de 2021, no Maracanã.

A Seleção escalada para enfrentar a Sérvia na estreia nesta quinta-feira pode virar uma espécie de tributo ao Zé da Galera. Rebatizados por Tite de “perninhas rápidas”, os pontas Raphinha na direita e Vinicius Junior na esquerda podem devolver ao Brasil um pouco de diversão e arte.

Vivemos a era dos extremos. Poucas vezes tivemos tantos pontas em uma Copa do Mundo. Se Raphinha e Vinicius Junior não forem bem há ótimos estepes. Antony e Gabriel Martinelli aguardam oportunidade no banco de reservas para substituí-los se houver necessidade.

Há quem esteja assustado com a proposta ofensiva de Tite para o início da quinta tentativa de bordar a sexta estrela. Por que não ousar? Tínhamos dois centroavantes titulares em 2006  — Adriano e Ronaldo — e um ponta na reserva, Robinho. À época, os milhões de técnicos pediam para que o “Rei das Pedaladas” ganhasse uma posição na formação principal. Não rolou.

Dunga deu moral para Robinho na África do Sul, em 2010. Ele era a chamada válvula de escape. O único capaz de fazer a diferença em um palmo de gramado. Foi decisivo nas quartas de final contra a Holanda. Só não contava com as trapalhadas de Julio Cesar e Felipe Melo na derrota.

Luiz Felipe Scolari apostou em Neymar na Copa de 2014. Mais uma vez, era o único ponta. Hulk atuava aberto na direita, mas não tinha como forte o drible. É um jogador de força física, imponência no corpo a corpo, corte para dentro e uma perna canhota pesada no chute.

A Seleção levada à Rússia em 2018 novamente contava com apenas um ponta-ponta. Neymar era o cara. Willian disfarçava bem na ponta direita, mas nunca foi um legítimo ponta. Muito menos Phelippe Coutinho. Tite sofreu para encontrar jogadores nessa posição, Quantos vezes sacrificou Gabriel Jesus, Richarlison e até o preterido Gabriel Barbosa nessa função.

O trabalho do técnico André Jardine caiu do céu. Enquanto Tite perdia a Copa América para a Argentina, o Brasil conquistava o bicampeonato nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2021 ressuscitando os pontos. Antony arrebentou. Gabriel Martinelli pintou como opção. Vinicius Junior começou a desequilibrar no Real Madrid. Marcelo Bielsa deu a deixa para Tite pinçar Raphinha no Leeds United. Assim nasceu o Brasil para a estreia contra a Sérvia.

Onde quer que esteja, Zé da Galera e Jô Soares devem estar felizes.

Tite aposta nos pontas, e o torcedor folclórico não precisa mais ficar pendurado no orelhão.

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Marcos Paulo Lima

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