Paulo Sousa e Vítor Pereira precisam entender que o relógio da cobrança corre mais rápido no Brasil

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A construção de um time não funciona como aquelas cápsulas que você coloca na cafeteira e, alguns segundos ou minutos depois, sai quentinho, espumando, delicioso para beber sem moderação.  No futebol, isso raramente é instantâneo.  Cobra processos quase sempre desgastantes. Flamengo e Corinthians estão em transformação. As estreias dos dois clubes mais populares do país na Libertadores deixam os trabalhos dos técnicos Paulo Sousa e Vítor Pereira expostos. As exibições contra Sporting Cristal e Always Ready, respectivamente, explicitaram times que não evoluem. O comandante rubro-negro está sob pressão depois de 17 jogos. O treinador alvinegro acumula oito partidas e o Timão não sai do lugar.  Parece pior do que era com Sylvinho.

Paulo Sousa e Vítor Pereira precisam entender o seguinte: no Brasil, o relógio corre muito mais rápido do que na Europa. A missão dada no Velho Continente costuma ter início, meio e fim. Nesta banda do Oceano Atlântico, é desfeita quando  começa a ser minimamente descumprida. A falta de resultados mina os mais belos projetos.

O Flamengo caminha para trás sob a batuta de Paulo Sousa. O time rubro-negro jogou bem três partidas contra Atlético-MG, Botafogo e Bangu. Dos três, apenas o Galo funcionou como teste de altíssimo nível na decisão da Supercopa do Brasil, em Cuiabá. A equipe sofreu nos três clássicos contra o Fluminense. Perdeu dois, empatou um e teve o sonho do inédito tetracampeonato estadual frustrado pelo arquirrival.

A estreia com vitória sobre o Sporting Cristal no Grupo H da fase de grupos da Libertadores é importante do ponto de vista dos três pontos, óbvio. O desempenho do time é fraquíssimo. Não para de piorar desde o início das semifinais do estadual contra o Vasco. O primeiro tempo, em Lima, foi razoável. A etapa final deve ser esquecida. Foi horrorosa.

Há sinais evidentes de que parte do elenco não é afinada com o projeto de Paulo Sousa. O campo está minado. O português precisa driblar as bombas neste início de Libertadores e Brasileirão para não vê-las detonarem um trabalho de quatro meses.

Vítor Pereira acumula oito partidas no Corinthians. É oito ou oitenta. São quatro vitórias e quatro derrotas. O time foi razoável contra São Paulo e Palmeiras na primeira fase e animou contra a Ponte Preta. Sofreu nas quartas de final do Paulista contra o Novorizontino, foi engolido pelo São Paulo nas semifinais e não apresentou nada de novo no revés diante do Always Ready, em La Paz. Vale lembrar, sim, que o jogo é atípico, na altitude de 3.600m acima do nível do mar, mas é inaceitável que apenas Renato Augusto tenha se dedicado.

Em circunstâncias normais de temperatura e pressão, Paulo Sousa e Vítor Pereira teriam respaldo na Europa para iniciar e concluir seus trabalhos. No Brasil, não. O relógio corre depressa. Na temporada atual, então, nem se fala. Como a Copa do Mundo começa em 21 de novembro, a fase de grupos da Libertadores terminará em 26 de maio. O Brasileirão, por exemplo, ainda estará na sétima rodada. As oitavas de final da Copa do Brasil não terão começado. Um prato cheio para dirigentes demitirem, trocarem comissões técnicas.

Há coincidências recentes nos trabalhos de Paulo Sousa e Vítor Pereira. O lusitano do Flamengo teve 10 dias livres antes do início da decisão do Carioca contra o Fluminense e o time apresentou retrocesso. O comandante alvinegro desfrutou de pouco mais de uma semana da eliminação contra o São Paulo até a estreia diante do Always Ready e piorou. Tempo jogado fora é pecado em um calendário tão achatado como o do futebol brasileiro.

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Marcos Paulo Lima

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