Palmeiras teve 12 técnicos diferentes em 79 meses de “Era Marcelo Gallardo” no River Plate

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Abel tem 2 meses no Palmeiras e pode eliminar Gallardo — no River há 6,5 anos. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

 

A Libertadores está prestes a contrariar mais uma vez aqueles discursos inflamados de que o sucesso de um time anda de mãos dadas com o tempo de trabalho do treinador. Jorge Jesus tinha cinco meses no Flamengo quando derrotou o River Plate, de Marcelo Gallardo, na virada da decisão do ano passado. Abel Ferreira acumula apenas dois meses no Palmeiras e defende vantagem de 3 x 0 no duelo de volta desta terça com o River pela semifinal continental.

Marcelo Gallardo assumiu o River Plate em 6 de junho de 2014. Lá se vão incríveis 79 meses escalando o tradicional time argentino. Sabe quantos técnicos diferentes teve o Palmeiras no mesmo período? Doze! Praticamente um comandante novo a cada seis meses e meio. Ricardo Gareca, Dorival Júnior, Oswaldo de Oliveira, Marcelo Oliveira, Cuca, Eduardo Baptista, Alberto Valentim, Roger Machado, Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Vanderlei Luxemburgo e o atual, Abel Ferreira. Isso sem contar interinos como o competente Andrey Lopes, o Cebola.

O River Plate acumula 11 títulos sob o comando de Marcelo Gallardo. Dois deles nas edições de 2015 e 2018 da Libertadores. A média do técnico e de uma conquista a cada sete meses. Com ele, os millonarios perderam três finais: uma para o Flamengo em 2019, uma para o Huracán e outra diante do Lanús, ambas pela Supercopa Argentina. É um currículo invejável.

Na era Gallardo, os 12 técnicos do Palmeiras acrescentaram quatro troféus ao museu do clube: o bicampeonato brasileiro em 2016 e 2018; a Copa do Brasil em 2015; e o Campeonato Paulista neste ano. Pouco se compararmos a capacidade de investimento dos dois clubes.

 

Marcelo Gallardo assumiu o River Plate em 6 de junho de 2014. De lá para cá, o Palmeiras acumula em média uma troca de treinador a cada seis meses e meio.

 

A temporada do Palmeiras pode terminar com mais quatro troféus: o time está na final da Copa do Brasil, com um pé na finalíssima da Libertadores, não é carta fora do baralho no Brasileirão e pode disputar o Mundial de Clubes da Fifa, em fevereiro, no Qatar.

Por mais que sejamos tentados a cair na tentação de que os resultados são a fita métrica do sucesso de um treinador e, respectivamente, do time comandado por ele, Marcelo Gallardo consegue conciliar conceito de jogo e pódio. O Palmeiras é favorito a eliminar o Palmeiras devido ao competente placar construído em Buenos, mas isso não significa que o futebol do time paulista é superior ao da equipe argentina.

Basta observar a mecânica das duas equipes para evidenciar a importância do tempo de trabalho. O River Plate funciona como engrenagem e o Palmeiras foi suficientemente humilde para achar um método de deter o adversário. Mérito do técnico Abel Ferreira. Como escrevi aqui no blog na semana passada, ele aplicou no Palmeiras o método adotado no PAOK da Grécia para eliminar o Benfica, de Jorge Jesus, na Pré-Champions League. Deu certo lá. E pode funcionar aqui também com apenas dois meses de trabalho.

Jorge Jesus e Marcelo Gallardo foram os técnicos protagonistas da final de 2019 da Libertadores, e Abel Ferreira pode orgulhar-se ao término da noite desta terça de ter desbancado os dois das maiores competições continentais de clubes do mundo em um espaço de quatro meses. Uma prova de que nem sempre tempo de trabalho é sinônimo de sucesso.

 

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