Um dos protagonistas da virada do Brasil contra a Venezuela por 3 x 1 na noite desta quinta, em Caracas, pelas Eliminatórias para a Copa do Qatar-2022, Raphinha está na Seleção porque o técnico argentino Marcelo Bielsa pediu ao Leeds United o pagamento de 25 milhões de euros para tirá-lo do Rennes da França. O atacante gaúcho chamou mais atenção de Tite na Premier League do que na Ligue 1. Foi convocado pela primeira vez na Data Fifa de setembro, não se apresentou porque o clubes ingleses impediram, mas aproveitou os 45 minutos de fama em Caracas e tornou-se uma boa notícia para um setor carente desde o início da Era Tite.
A ponta-direita do Brasil ainda não tem dono. Passaram por ali Willian, Philippe Coutinho, Douglas Costa, David Neres, Everton Cebolinha, Richarlison, Gabriel Jesus e Everton Ribeiro, mas ninguém se apodera daquela fatia do campo. É cedo para dizer que Raphinha chegou para tomar conta do pedaço, óbvio, mas ele mostrou personalidade no segundo tempo. Ousou. Estreou com uma assistência perfeita para o gol de outro ponta-direita como ele, o concorrente Antony. Raphinha não foi o que é no Leeds. Autor de nove assistências na temporada passada buscando Tyler Roberts e Bramford. Quando é possível, ele também balança a rede. A essência é servir, jogar para o time pela direita.
A reação do Brasil na vitória difícil mostrou questões elementares do futebol. Por exemplo: como é bom ter um ponta capaz de partir para cima dos adversários com a bola dominada no um contra um. Não havia nenhum jogador em campo no primeiro tempo com a característica do Raphinha. Resultado: o Brasil isolava Arana e Danilo e concentrava lances pelo meio. Para não dizer que não saiu nada dali, Paquetá deixou Everton Ribeiro na cara do gol e ele perdeu.
“Tite pediu para eu fazer o que faço no Leeds United e me trouxe até a Seleção. Acredito que eu não o desapontei nem a torcida brasileira. A assistência vale a mesma coisa que o gol. Sou um jogador de beirada”
Raphinha, atacante, na entrevista pós-jogo à CBF
Com é melhor também ter um lateral-direito capaz de ir à linha de fundo do que um limitado a proteger a defesa ou construir pelo meio. Emerson foi mais vezes à linha de fundo do que Danilo. Deu profundidade ao ataque e acionou Raphinha no lance do gol de Antony.
Arana não teve esse suporte do lado esquerdo. Ficou abandonado no primeiro tempo e fez parcerias discretas com Vinicius Junior, que depois passou a jogar centralizado, e Antony, mais falso nove ao lado de Gabigol do que ponta-esquerda como imaginava-se que ele fosse atuar.
Não há muito mais a dizer sobre o pior dos 65 jogos da Era Tite. Embora a Seleção acumule nove vitórias e campanha de 100% de aproveitamento nas Eliminatórias, não é absurdo considerar a possibilidade de derrota para a Colômbia, em Barranquilla, ou até mesmo diante do Uruguai, em Manaus.
O Brasil ainda procura a formação ideal e continuará em busca dela na reta final das Eliminatórias depois da iminente classificação para a Copa. Há cinco anos, Tite achou a fórmula ideal na estreia contra o Equador. Neste ciclo, talvez seja necessário esperar até o último amistoso antes da estreia do Mundial para conhecer a cara do Brasil.
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