Há mais em comum entre os técnicos Jorge Jesus e Paulo Autuori do que o clássico deste sábado entre Flamengo e Botafogo, às 18h, no Maracanã, pela segunda rodada da Taça Rio. Os dois treinadores comandaram o mesmo clube no futebol português em épocas distintas e tiveram históricos diferentes, mas acumularam uma bagagem que pode pesar no duelo à parte válido pelo segundo turno do Campeonato Carioca. O lusitano deixou 10 troféus no museu do Benfica. O brasileiro não emplacou uma temporada inteira à frente do badalado time de Lisboa. Perdeu emprego na virada do ano, arrumou as malas e retornou ao país para provar sua competência levando o Cruzeiro ao título da Libertadores em 1997.
Campeão brasileiro em 1995 à frente do Botafogo de Donizete e Túlio Maravilha, Paulo Autuori era conhecido no futebol português quando desembarcou na terra de Camões para assumir o Benfica na temporada de 1996/1997. Havia trabalhado no Nacional da Ilha da Madeira, no Vitória de Guimarães e no Marítimo. Nos seis meses anteriores à estreia no Benfica, Autuori fez o trabalho de observador. Artur Jorge perdera o emprego e o clube foi comandado no restante da temporada de 1995/1996 pelo interino Mário Wilson.
Paulo Autuori herdou elenco que tinha como protagonista o goleiro belga Michel Preud’Homme e o meia brasileiro Valdo. Reforçou o grupo com dois homens de confiança do Botafogo: o volante Jamir e o atacante Donizete, o Pantera. O início do trabalho foi desastroso. Perdeu o título da Supertaça Cândido de Oliveira para o Porto por 6 x 0 no placar agregado. No Estádio das Antas, perdeu por 1 x 0. Em casa, o Benfica foi humilhado por 5 x 0.
Apesar do vexame, o trabalho teve sequência. O Benfica de Paulo Autuori liderou cinco rodadas do Campeonato Português. Segurou a dianteira da terceira até a sétima rodada. Insuficiente para deter o Porto. O arquirrival assumiu a dianteira na oitava volta da corrida pelo título e não largou mais o primeiro lugar.
Nossa profissão é instável. Há mais tolerância e melhores condições de trabalho em alguns lugares. Um profissional não pode viver de emoções. Em momentos ruins, somos muito cobrados
Paulo Autuori, em 27 de dezembro de 1995, ao trocar o campeão brasileiro Botafogo pelo Benfica.
A pressão aumentou com classificações sofridas na quarta fase da Taça de Portugal contra o Vitória de Guimarães. Triunfo por 3 x 2 na prorrogação. Na Recopa da Uefa, o Benfica passou fácil pelo Ruch Chorzow da Polônia na primeira fase e passou facilmente pelo Lokomotiv Moscou nas oitavas de final por 4 x 2 na soma dos resultados.
A passagem de Paulo Autuori pelo Benfica foi encurtada por sequência de duas derrotas, uma delas dentro de casa para o Porto, a terceira na temporada. O centroavante Jardel abriu o placar para o Porto no Estádio da Luz, João Pinto empatou, mas Jorge Costa decretou o triunfo. Na rodada seguinte, o Benfica perdeu por 1 x 0 para o Vitória de Guimarães. O resultado decretou o fim da era Autuori no Benfica. Demitido, o brasileiro retornou ao Brasil para assumir o Cruzeiro e levá-lo aos títulos do Campeonato Mineiro, da Libertadores, e ao vice do Mundial de Clubes contra o Borussia Dortmund.
A paciência que faltou com Paulo Autuori sobrou na relação do Benfica com Jorge Jesus. Ao contrário do brasileiro, o português chegou chegando. Iniciou uma era dourada com o título do Campeonato Português na temporada 2009/2010. A primeira das três conquistas da liga nacional. Empilhou ainda os títulos da Taça de Portugal, um pentacampeonato na Taça da Liga e um na Supertaça Cândido de Oliveira. Na Europa League, amargou dois vices nas versões de 2012/2013 e de 2013/2014 do torneio continental.
Jorge Jesus e Paulo Autuori também comandaram o Vitória de Guimarães em temporadas diferentes. A experiência acumulada no futebol português, sobretudo no Benfica, será medida no clássico deste sábado, no Maracanã.
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