Oito anos depois do quarto lugar em casa na Copa de 2014, o Brasil repatria o 11º dos 23 integrantes da Segunda Família Scolari. Fernandinho é o mais recente e se junta a David Luiz, Willian, Hulk, Paulinho, Henrique e Daniel Alves; e a outros que penduraram a chuteira, casos do goleiro Julio Cesar, dos volantes Hernanes e Ramires e do lateral-direito Maicon.
Marcado por erros nas Copas de 2014 e 2018, Fernandinho retorna ao Brasil com a bagagem de quem deu a volta por cima no Manchester City sob o comando de uma dos melhores técnicos do mundo. Pep Guardiola ensinou não somente ao volante, mas aos treinadores que trabalharam com ele na Seleção a extrair o máximo de quem sempre teve muito a oferecer à camisa verde-amarela desde o gol do título do Mundial Sub-20 de 2003 contra Espanha. Mano Menezes, Felipão, Dunga e Tite tentaram, mas não conseguiram o que fez Guardiola.
Ao contrário de outros repatriados, Fernandinho desembarca em um Athletico-PR organizado. Luiz Felipe Scolari colocou nos trilhos um elenco irregular sob os comandos de Alberto Valentim e Fábio Carille. O treinador de 72 anos acumula 13 jogos no cargo. São nove vitórias, três empates e uma derrota. Aparentemente, ele tem um times nas mãos ponto para brigar por títulos. Está em terceiro lugar no Brasileirão, encaminhou a vaga para as quartas de final da Copa do Brasil ao vencer o Bahia por 2 x 1 na ida, em Salvador, e a partir de hoje encara o desafio de enfrentar o forte Libertad, do Paraguai, nas oitavas da Libertadores.
Outros repatriados não tiveram a mesma sorte. Desembarcaram no país para se deparar com o caos. Foi o caso, por exemplo, de Daniel Alves. O São Paulo entregou a camisa 10 ao reforço e achou que ele utilizaria poderes mágicos para transformar uma abóbora em carruagem. Não funcionou. Mesmo assim, teve participação em uma conquista. Deixou um título no museu: o Paulistão de 2021. Endividado, o tricolor paulista não conseguia pagá-lo. O veterano entrou em um acordo com o clube e voltou correndo à Europa para encontrar refúgio temporário no Barcelona. Como não renovou com o time catalão, deve retornar em breve ao país.
O caminho escolhido por Fernandinho repete, por exemplo, o que fez Hernanes. O volante escolheu o clube do coração, São Paulo, mas não deu liga. Tentou dar sequência à carreira no Sport, persistiu, mas decidiu se aposentar recentemente. O goleiro Julio Cesar assinou contrato curto com o Flamengo apenas para realizar o sonho de encerrar a carreira no time que o projetou. Henrique vive momento parecido com a camisa do Coritiba. Willian e Paulinho apostaram no velho amor pelo Corinthians e tentam se readaptar ao futebol brasileiro. Willian regressou há menos de um ano e já passa perrengue. Ele teve a família ameaçada por torcedores vândalos do Corinthians.
David Luiz aproveitou a casa arrumada do Flamengo, um dos clubes mais ricos e vitoriosos do Brasil nos últimos anos. No entanto, não ganhou nada com o “manto rubro-negro” desde a chegada ao clube. Acumula vices no Carioca, Brasileiro, Libertadores e Supercopa do Brasil.
Um contraste com Hulk. O titular de Felipão na Copa de 2014 voltou ao país no ano passado para virar ídolo do Atlético-MG. Tirou o Galo da fila de 50 anos no Campeonato Brasileiro. De quebra, brindou o clube com as conquistas da Copa do Brasil e do Mineiro — o triplete. Iniciou 2022 colocando mais dois troféus na conta, o Mineiro de novo e a inédita Supercopa do Brasil.
O Palmeiras investiu na contratação de Ramires. Em 2020, o volante conquistou o Paulistão, Copa do Brasil e Libertadores com a camisa alviverde, mas aos poucos começou a ser engolido por uma nova geração de volantes egressos da base. Danilo, Patrick de Paula e Gabriel Menino começaram a tomar conta do pedaço e foram colocando o veterano de lado. Nenhum retorno ao Brasil foi mais fracassado do que o do lateral-direito Maicon. Mais por culpa do desleixo dele com o fim da própria carreira do que pelos clubes por onde passou. Voltou via Avaí, teve oportunidades no Criciúma e no Villa Nova, porém não conseguia mais atuar em bom nível.
Aparentemente, a volta de Fernandinho ao Brasil tem tudo para dar certo. A tendência é que vire o xerife de um Athletico-PR jovem e carente de líderes como ele. O time da vitória por 4 x 2 contra o Red Bull Bragantino tinha 23,2 anos de média de idade. Nada como um tio para garantir tranquilidade. O importante é Felipão não enxerga-lo apenas como volante. O senhor de 35 anos pode acrescentar muito solto como meia ou até mesmo no papel de zagueiro. Bastar enxergar um pouco com olhar de Guardiola para usá-lo da melhor maneira possível.
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