Era para ser no gramado? Bastidores da montagem do prioritário hospital de campanha no Bezerrão

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Uma falha de comunicação na logística e, talvez, o desconhecimento da planta do Centro Olímpico do Gama, pode ter sido definitivo para a montagem prioritária do hospital de campanha dentro — e não fora — do gramado do Bezerrão. O blog apurou que o plano original do Governo do Distrito Federal era instalar a estrutura no ginásio. O local, inclusive, foi apresentado a parlamentares federais, distritrais e empresários pelo governador do DF em uma reunião no último dia 12 de março.

“Serão 150 leitos de UTI e 150 de enfermaria nas unidades que vão ser construídas no Ginásio Nilson Nelson, no Ginásio do Gama e no Sesi de Ceilândia”, detalhou Ibaneis Rocha.

A intenção do chefe do executivo local era montar o mais que necessário — e urgente — hospital de campanha no Centro Olímpico do Gama nesta fase mais dramática da pandemia, mas preservar um dos gramados mais caros e úteis à prática de esporte de alto rendimento do Distrito Federal. Motivo: além de ser o principal e mais moderno palco público do Candangão, a CBF, federações filiadas a ela e clubes de outros estados contavam com o estádio para jogos alternativos durante o período de restrições a eventos esportivos. A arena serviu de desafogo neste ano, por exemplo, para a CBF. Recebeu mando de times do Amazonas na Copa Verde.

Em 2019, a Fifa aplicou mais de R$ 1 milhão na adaptação do campo aos padrões exigidos para a realização do Mundial Sub-17. O estádio foi o palco principal do evento. Os investimentos mais pesados se deram no reforço híbrido com grama sintética e na tubulação.

No entanto, o destino final da entrega da estrutura para a montagem do hospital de campanha foi o gramado do Bezerrão, justamente onde o material começou a ser descarregado no domingo à noite, como mostrou, na manhã de segunda, o site Distrito do Esporte.

Diante do risco de o gramado ser danificado pelas manobras do motorista da carreta, que estava tão somente cumprindo ordem e está isento de culpa, o GDF fez uma última tentativa. Tentou montar o hospital no estacionamento. No entanto, uma análise técnica identificou que havia desnível de 2,4m no piso e a solução final foi devolver o material novamente para dentro do campo do Bezerrão. O ginásio do Gama é considerado de pequeno porte para a estrutura. A falta de ventilação no local também surgiu como impasse.

Há previsão orçamentária para o replantio do gramado do Bezerrão embutida no projeto da construção do hospital de campanha. A empresa vencedora da licitação para a instalação da obra emergencial necessária para salvar vidas na fase mais dramática pandemia venceu o certame com oferta de R$ 6,8 milhões.

Outros estádios, como o Pacaembu, em São Paulo, receberam hospital de campanha no gramado. No entanto, a arena municipal, repassada à iniciativa privada, passaria por reforma depois da retirada da estrutura e o gramado seria totalmente retirado. Não é o caso do Bezerrão. Especialistas apontam que o piso da casa do Gama terá de ser totalmente trocado. A previsão mais otimista é de que o estádio não receba partidas por um ano.

Engenheiros agrônomos consultados apontam que campo não será mais o mesmo reformado pela Fifa em 2019. Portanto, será necessário fazer outro novo. O blog apurou que orçamento da Novacap para o hospital de campanha inclui a recuperação do gramado. O projeto, inclusive, já foi feito, aprovado, licitado, mas não leva em conta o reforço híbrido, investimento mais dispendioso da reforma executada pela Fifa para o Mundial Sub-17. A empresa Paleta Engenharia Engenharia e Construções Ltda. venceu a licitação para a instalação do hospital de campanha com proposta de R$ 6.875.000.

Principais usuários do Bezerrão, o Gama e o time feminino do Minas Brasília estão sem teto. A Secretaria de Esporte decidiu levar os jogos marcados lá para o Rorizão, em Samambaia. Inspecionado na última terça-feira, o estádio está longe de oferecer as condições de jogo do gramado do Bezerrão, a melhor e mais moderna arena pública do Distrito Federal. Vale lembrar que o Mané Garrincha, construído com verba estatal, foi entregue à iniciativa privada.

O futebol masculino e feminino fica reféns de estádios públicos muito aquém do Mané e do Bezerrão. Alguns deles maquiados a toque de caixa toque de caixa. Nos últimos 12 anos, o Bezerrão recebeu o Bezerrão recebeu o amistoso entre Brasil e Portugal, com Kaká e Cristiano Ronaldo — melhores do mundo à época — o jogo do tricampeonato do São Paulo no Brasileirão 2008 e treinos de seleções de ponta que disputaram Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos do Rio-2016 e Mundial Sub-17, em 2019.

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Marcos Paulo Lima

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