Entrevista: Iván Zamorano. “É estranho ver estádios vazios no país do futebol. Deveria ser mais barato”

São Paulo — Quarto artilheiro na história da seleção do Chile com 34 gols em 69 jogos, e com passagem por Real Madrid e Internazionale, Ivan Zamorano está aqui em São Paulo para a estreia dos atuais bicampeões do torneio na Copa América contra o Japão nesta segunda-feira, às 20h, no Morumbi. Comentarista dos canais Univison (Estados Unidos) e Televisa (México), o ex-centroavante de 52 anos bateu um papo exclusivo ontem à noite com o blog na capital paulista. A seguir, ele aponta os favoritos ao título, chama o goleiro Alisson de melhor do mundo, opina sobre a chegada do japonês Takefusa Kubo ao Real Madrid com 18 anos — Zamorano desembarcou no clube espanhol com 25 — considera o Brasil mais forte sem Neymar, critica os estádios vazios e revela um sonho: “Quero ser técnico do Chile”.

O que você espera do bicampeão Chile na Copa América?

Espero que sejamos protagonistas como nas últimas duas Copas Américas. Fomos campeões. Estamos conscientes da nossa responsabilidade. Temos que chegar novamente na final.

Alexis Sánchez e Vidal são responsáveis por isso?

Espero que assumam a liderança. Eles são responsáveis pela era dourada do Chile.

Rueda só comandou o Chile em amistosos. A seleção está pronta para o jogo à vera?

Não sei se está pronto. Espero que sim. Amistosos são totalmente diferentes de partidas oficiais. Reinaldo Rueda sabe que nós somos bicampeões e tem que entregar uma imagem positiva.

Esse Chile é menos competitivo do que os de 2015 e de 2016?

Na Copa América do Chile fomos de menos a mais. Nos Estados Unidos, novamente de menos a mais. Agora, a nossa obrigação é começar bem contra um rival difícil, desconhecido. O nosso melhor futebol tem que aparecer a partir das quartas de final.

Assusta saber que o Kubo, um jogador japonês de 18 anos, foi contratado pelo Real Madrid, aonde você chegou com 25 anos?

Sim, é um grande jogador, mas tem um caminho a construir. O Real Madrid comprou o futuro. Não creio que ele seja titular contra o Chile. É muito jovem, falta experiência.

Entristece ver estádios tão vazios na Copa América?

É estranho ver estádios vazios no país do futebol. Espero que melhore a partir da fase eliminatória (a partir das quartas). Em 2015, os estádios do Chile estavam sempre cheios. Estão cobrando muito caro pelo ingresso. Deveria ser mais barato.

Neymar faz falta?

É um jogador transcendental. Acho uma pena que tenha tantos problemas pessoais, as lesões atrapalham o rendimento, mas o Brasil tem jogadores interessantes sem o Neymar, atletas que estão triunfando em grandes ligas nacionais e internacionais. Gabriel Jesus no Manchester City, Firmino na Champions League, Alisson é o melhor goleiro do mundo. É um time muito sólido e Tite faz um excelente trabalho. O Brasil precisa aprender a não depender do Neymar.

O Chile tem um baita treinador como Manuel Pellegrini, mas só aposta recentemente em estrangeiros. Isso o incomoda?

Isso é a mentalidade dos dirigentes chilenos. Tivemos vários técnicos argentinos e agora um colombiano. Mas a nacionalidade não importa, os resultados, sim.

Você pretende assumir a seleção do Chile um dia?

Sim. Sou treinador. Atualmente, trabalho nos Estados Unidos É um sonho, sim.

O que acontece com a Argentina?

Não sei. O que posso dizer é que a Colômbia jogou muito bem, é uma das favoritas ao título ao lado do Uruguai e do Brasil, e Carlos Queiroz dá um toque europeu à Colômbia.

Alguma lembrança boa do tempo em que jogou com o Ronaldo na Internazionale?

Fantástico. Ele era o camisa 9 e eu  1 + 8 = 18. Éramos dois noves (risos). Ele era meu vizinho. Grande amigo. Sempre acabava em samba.

Siga o blogueiro no Twitter: @mplimaDF

Siga o blogueiro no Instagram: @marcospaul0lima

Siga o blog no Facebook: https://www.facebook.com/dribledecorpo/