Poucos profissionais conhecem tão bem o novo técnico do Flamengo como Giacomo Cialdi. Cientista político e jornalista, o italiano é o autor do livro La Fiorentina di Paulo Sousa. Cronaca di due stagioni fuori dall’ordinario (A Fiorentina de Paulo Sousa. Crônica de duas temporadas fora do comum, editora Apice). De Florença, na Itália, o escritor entrevistado pelo blog topou ajudar a decifrar o técnico português de 51 anos contratado pelo clube rubro-negro.
Giacomo Cialdi acompanhou o trabalho de Paulo Sousa passo a passo na Fiorentina nas temporadas de 2015/2016 e 2016/2017. “Reconstituo as duas quase jogo a jogo, analisando o impacto do Paulo Sousa na Fiorentina, sobretudo no ambiente, o que foi bom, o que foi ruim, as polêmicas”, destaca no bate-papo a seguir. Ele aborda o sistema tático, elege as piores e as melhores partidas da Fiorentina sob a batuta de Paulo Sousa, avalia o temperamento do treinador e aponta o momento em que a relação com o clube começou a se deteriorar.
Aos rubro-negros ansiosos para saber se Paulo Sousa dará certo ou não no Ninho do Urubu, Giacomo Cialdi avalia: “Se você me perguntar o valor do profissional, para mim, ele é um bom treinador, e no Brasil vai conseguir se dar bem. Se for estabelecida uma boa relação, é capaz de fazer grandes coisas”, aposta, apontando uma curiosidade cult sobre Paulo Sousa.
“Posso dizer-lhe que, ao contrário de muitos outros treinadores, é um homem de cultura. É apaixonado por literatura, em particular Fernando Pessoa e Antonio Tabucchi. Ele mencionou mais de uma vez esses dois escritores nas coletivas de imprensa. É apaixonado pelas letras”.
Você escreveu um livro sobre as duas temporadas de Paulo Sousa na Fiorentina. O que pode dizer sobre o técnico português que assumirá o Flamengo?
É justo separar a passagem do Paulo Sousa por Florença em duas partes. Na primeira, ele conseguiu criar uma harmonia quase perfeita entre o elenco e a torcida. Alcançou resultados importantes conseguindo alcançar resultados importantes. Depois, com a Fiorentina nas primeiras posições (do Campeonato Italiano), ele esperava ganhar reforços que não chegaram e a relação com o clube ficou estremecida. Ele expressou a decepção várias vezes na nas entrevistas coletivas e acabou se desgastando com a torcida também.
Houve muitos altos e baixos então…
Resumindo, foi uma experiência com luzes e sombras. Se você me perguntar o valor do profissional, para mim, ele é um bom treinador, e no Brasil vai conseguirá se dar bem. No plano do personagem, pelo que o conhecemos aqui, em Florença, não é um temperamento fácil de lidar: ele tem ambição e ideias claras.
O estilo de jogo dele agradava a torcida da Fiorentina?
Ele costumava escalar o time no sistema 3-4-2-1. Tinha um jogo bastante ofensivo, muito mais vertical do que o do antecessor, Vincenzo Montella, e pragmático. Em primeiro lugar, ele merece o crédito por ter conseguido descobrir um jogador que nem todos conheciam, o Nikola Kalinic. Ele queria muito esse jogador em Florença. Na segunda temporada, fez com que Federico Chiesa estreasse de forma surpreendente. Ele está se tornando um grande jogador de futebol. Paulo Sousa melhorou muitos jogadores, como Ilicic e Bernardeschi. Isso significa que ele realizou um ótimo trabalho tanto na parte individual como coletiva. Ele é capaz de trabalhar com os jovens e de fazê-los crescer.
A personalidade dele é forte?
Ele não deixa ninguém colocar os pés na cabeça dele. É muito ambicioso. Exige do clube e dos seus jogadores, mas se for estabelecida uma boa relação, é capaz de fazer grandes coisas.
O que aborda no livro que escreveu sobre as duas temporadas de Paulo Sousa na Fiorentina?
Reconstituo as duas temporadas quase jogo após jogo, analisando o impacto do Paulo Sousa na Fiorentina, sobretudo no ambiente, o que foi bom, o que foi ruim, as polêmicas.
É fácil decifrar Paulo Sousa?
Não. Em Florença, temos opiniões muito conflitantes. Como mencionei, a passagem dele pela Fiorentina teve luzes e sombras, um ano positivo e outro negativo. Então, dependerá muito do impacto inicial. Na Fiorentina, foi fantástico, então ele conseguiu se dar bem. Depois, houve desgaste e o pior dele saiu…
Paulo Sousa aparenta ser cult…
Posso dizer-lhe que, ao contrário de muitos outros treinadores, é um homem de cultura. É apaixonado por literatura, em particular Fernando Pessoa e Antonio Tabucchi. Ele mencionou mais de uma vez esses dois escritores nas coletivas de imprensa. É apaixonado pelas letras, literatura, e tem uma comunicação eficiente.
O que desgastou a relação de Paulo Sousa com a Fiorentina?
O principal problema foi que, após a janela de transferências de inverno, em sua primeira temporada, quando a Fiorentina parecia destinada a uma boa temporada, ele foi dominado pela decepção: foi desaparecendo lentamente, perdendo entusiastas. Dava declarações cada vez mais evitáveis e inúteis para a equipe. O início foi quase perfeita. Então, a partir de janeiro, foi ladeira abaixo. No fim, a temporada foi positiva. A Fiorentina conseguiu se classificar para a Liga Europa.
A segunda temporada foi determinante para o fim da passagem pelo clube.
Depois da primeira temporada, Paulo Sousa queria deixar Florença, mas o orgulho o impediu de pedir demissão. Em contrapartida, o clube não queria ficar no prejuízo e ambos chegaram a um acordo. A segunda temporada foi ruim, com um clima constantemente tenso na sala de imprensa. Paulo Sousa parecia uma sombra de si mesmo. Desmotivado, cansado, pouco lúcido nas escolhas, provocador.
Quais foram os pontos altos e baixos na passagem dele pelo cargo?
O ponto mais baixo foi na Liga Europa, em fevereiro de 2017, contra o Borussia Mönchengladbach: depois de vencer por 1 x 0, na Alemanha, no jogo de ida, a Fiorentina perdeu na volta, em casa, por 4 x 2. Um dos melhores jogos da Fiorentina foi o primeiro do primeiro ano, em casa, contra o Milan: vitória por 2 x 0 e um grande jogo. Ou a vitória por 4 x 1, em Milão, sobre a Internazionale.
A biografia de Paulo Sousa indica que ele não queria ser jogador nem técnico?
Exatamente. Uma coisa que nem todo mundo sabe é que, quando criança, ele queria ser professor. Descobrimos isso aqui em Florença, nos informando um pouco. É uma boa história. Ajuda a entender o quão diferente e inteligente é em relação a outros colegas de profissão.
Siga no Twitter: @marcospaulolima
Siga no Instagram: @marcospaulolimadf
Roger Machado inventou um lateral-direito e a Seleção Brasileira precisa prestar atenção nele. Em tempo…
O sorteio das quartas de final da Nations League nessa sexta-feira, em Nyon, na Suíça,…
Os movimentos de Ronaldo Nazário de Lima, o Ronaldo, são friamente calculados desde uma viagem…
Menos de um ano depois de levar o Real Brasília ao título do Campeonato Feminino…
Atual vice-campeã mundial, a França é uma seleção sempre pronta para competir, mas não necessariamente…
O Santos não deve se ufanar de ter conquistado a Série B do Campeonato Brasileiro,…