Direto de Rostov: entenda por que chegou o dia de Tite provar que não é uma propaganda enganosa

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A credibilidade de Adenor Leonardo Bachi transformou o técnico da Seleção Brasileira em um dos personagens mais requisitados pelo mercado publicitário. Ele começou a aparecer discretamente na tevê, estrelando um filme para a Faculdade Uninassau, e virou protagonista de anúncios do Itaú e do Grupo Cimed — marcas parceiras da CBF —, e da Samsumg, que deixou a entidade em 2015. Vendedor de sonhos, Tite é um “case” de marketing pessoal. Em 22 meses de trabalho, fez um país traumatizado acreditar que é possível ir do caos provocado pelos 7 x 1, em 8 de julho de 2014, ao hexa, em 15 de julho, no Estádio Luzhniki, em Moscou.

Para provar que a campanha de apenas uma derrota em 21 jogos no cargo não é propaganda enganosa, Tite precisa convencer os consumidores da Seleção de que os textos dos filmes publicitários não são meras fábricas de ilusões.

Quando surgiu como garoto-propaganda da Uninassau, o técnico sai do vestiário afirmando, com entonação pastoral: “Uma carreira vitoriosa não se constrói da noite para o dia. Tem que ser bom em decisões, escolher a melhor formação”. Em quase dois anos de trabalho, Tite convocou 63 jogadores. Hoje, às 15h, aqui na Arena Rostov, ele só poderá usar no máximo 14 colaboradores no início da caça ao hexa. Os 11 titulares e três dos 12 reservas.

Uma das incógnitas é Danilo. Ele dará conta de provar logo na estreia que pode ocupar a vaga deixada por Daniel Alves? No comercial para a Samsumg, Tite critica a imagem de uma tevê concorrente ao afirmar: “Essa aí tem pixel branco, não tem qualidade de imagem”. O técnico precisará de óculos 4D para aferir o que é melhor para a lateral direita — Danilo ou Fágner? E aí, vale lembrar um outro texto publicitário gravado com convicção pelo ator Tite. “A verdade é uma só: ou é ou não é: ou tem compromisso com o desempenho para a vitória, ou esquece o jogo, ou inspira confiança, ou inspira dúvida”. Na hora de “comprar” um dos nomes, ele não pode pensar diferente.

No filme Preleção, para o Itaú, Tite afirma que “todas as críticas que forem feitas são justas”. Na prática, dificilmente alcançará unanimidade na estreia contra a Suíça. Ele mesmo admitiu na entrevista de ontem, aqui em Rostov. “Não sou unanimidade e isso não me envaidece. Tenho respeito, mas muitas pessoas não gostam do meu estilo, não gostam de mim, e com outros eu tenho conflitos e não gosto como seres humanos” , afirmou na véspera do jogo.

O certo é que, após a estreia (com ou sem vitória), Tite vai falar muito: “nós trabalhamos muito para chegar nesse estágio”, “os medos nós temos em comum”, “nós nos fortalecemos para a responsabilidade”, “resultado eu não tenho condição de assegurar, mas desempenho e trabalho para isso, sim, agora nós vamos lá para ver quem é o melhor”.

Quem sabe, Tite subirá o tom, em cadeia nacional, como se fosse o salvador da pátria, para bradar: “Brasil, acreditem em mim, vai lutar, vai retomar, vai recuperar”. Pode obrigá-lo a dizer depois da Copa: “Eu confesso, às vezes, eu duvidava”. Ou forçar você a ir até a rede de farmácias Cimed mais próxima da sua casa, anunciada por ele como “a seleção de todos os brasileiros” no filme #somostodostite, para comprar remédio contra raiva, cabeça inchada, desilusão.

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Marcos Paulo Lima

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