O Paris Saint-Germain estaria disposto a pagar € 222 milhões (R$ 821,4 milhões) para tirar Neymar do Barcelona. O brasileiro aparenta o desejo de trocar de ares, de ser protagonista, de alçar voos mais altos e ter uma carreira-solo, sem Lionel Messi e Luis Suárez por perto. O PSG seria a melhor escolha? Do ponto de vista financeiro, o bolso de Neymar responde que sim. Do ponto de vista técnico, tento responder a seguir em 10 tópicos que apontam a possibilidade de o brasileiro realizar o sonho de quebrar a dinastia Messi-Cristiano Ronaldo e finalmente ser eleito melhor do mundo. Isso é possível jogando na França? A resposta é sim. Faz tempo, mas um tal de Jean-Pierre Papin conseguiu a proeza ao levar o Olympique de Marselha ao vice da Copa das Campeões da Europa. A revista France Football não teve dúvida de consagrá-lo Bola de Ouro.
Na história dos dois principais prêmios individuais do futebol — Bola de Ouro da revista France Football e Fifa Player of The Year/FIfa The Best — apenas um jogador foi eleito número 1 do mundo quando defendia a camisa de um time francês: o centroavante Jean Pierre Papin, em 1991, defendendo o Olympique Marseille. Curiosamente, ele não foi campeão.
Em 1958, Raymond Kopa ganhou a Bola de Ouro da revista France Football atuando pelo Real Madrid. Michel Platini faturou seus três prêmios, em 1983, 1984 e 1985, com a camisa da Juventus, da Itália. Zidane foi número 1 pela Fifa três vezes: duas como astro da Juventus e uma no Real Madrid. A exceção à regra é Jean-Pierre Papin, em 1991, consagrado melhor do planeta vestindo a camisa do Olympique de Marselha. O centroavante levou o clube ao vice da Copa dos Campeões depois da derrota para o Estrela Vermelha, da extinta Iugoslávia.
O Paris Saint-Germain tem obsessão pela Champions League, mas não chega às semifinais do torneio de clubes mais importante do mundo desde a temporada de 1994/1995, quando caiu diante do Milan. Na nova administração, o máximo que o clube atingiu foi as quartas de final.
Apenas um clube francês conquistou a Copa dos Campeões/Liga dos Campeões da Europa: o Olympique de Marselha em 1992/1993. Depois disso, Lyon, Monaco e o próprio Paris Saint-Germain tentaram chegar no mínimo à final do torneio continental, mas não conseguiram. Clubes franceses não decidem o título desde 2004, quando o Monaco perdeu para o Porto. Nos tempos da Copa dos Campeões, precursora da Champions League, Stade Reims e Saint-Étienne também chegaram à final e perderam o título.
Craques fazem história colecionando títulos para o seu clube e o elevando a outro patamar. O Paris Saint-Germain está longe de ser o recordista de troféus do Campeonato Francês. O clube da capital contabiliza seis taças. Menos do que Lyon (7), Monaco (8), Nantes (8), Olympique de Marselha (9) e do recordista Saint-Etiénne (10).
Lionel Messi é o maior artilheiro da história do Barcelona. Cristiano Ronaldo, o recordista do Real Madrid. Neymar conseguiria desbancar Ibrahimovic? O centroavante sueco é o maior goleador da história do PSG com 156 gols. O uruguaio Edinson Cavani tem 130 está próximo de alcançá-lo. Melhor brasileiro na lista, Raí balançou a rede 72 vezes com a camisa do time.
Maior artilheiro da história do PSG, Ibrahimovic disse que só ficaria no clube se substituíssem a Torre Eiffel por uma estátua dele. “Se eles substituírem a Torre Eiffel por uma estátua minha, fico no PSG. Por enquanto, não estarei no Paris Saint-Germain na próxima temporada”, avisou. O sueco cumpriu a exigência e foi para o Manchester United. Imagine o que Neymar poderia pedir se atingir o feito que nem o fanfarrão Ibrahimovic conseguiu.
Apenas dois jogadores nascido no Brasil foram goleadores isolados do Campeonato Francês. E não houve nenhum upgrade na carreira por causa disso. Sonny Anderson (1998/2000 e 2000/2001) foi artilheiro duas vezes pelo Lyon e uma com o Monaco (1995/1996). Nenê, atualmente no Vasco, conseguiu a proeza pelo Paris Saint-Germain. Ambos passaram longe de qualquer lista de indicados ao prêmio de melhor do mundo. Para atingir o feito, Neymar precisaria assumir o papel de protagonista e não de garçom, por exemplo, de Cavani. Na Champions League, apenas um jogador do PSG conseguiu ser o artilheiro do torneio: o liberiano George Weah na temporada de 1994/1995.
O prêmio entregue ao maior artilheiro da Europa em ligas nacionais só foi uma vez para as mãos de um jogador de um clube francês. E faz um tempão. Josip Skoblar foi o maior matador do continente na temporada de 1970/1971 ao marcar 44 gols com a camisa do Olympique de Marselha. De lá para cá, nunca mais. Nem mesmo Ibrahimovic.
Apenas dois jogadores foram campeões mundiais pela Seleção Brasileira como jogadores do Paris Saint-Germain. Raí era o camisa 10 na campanha do tetracampeonato na Copa de 1994, nos Estados Unidos. Ronaldinho Gaúcho vestia a 11 na trajetória do penta, em 2002. Neymar conseguiria o mesmo no Mundial da Rússia em 2018?
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