De perfil pacífico, conciliador, agregador, o técnico Dorival Júnior prefere manter as portas abertas no Clube de Regatas do Flamengo a rebater as justificativas apresentadas pelo vice de futebol Marcos Braz para a troca do treinador campeão da Copa do Brasil e da Libertadores pelo colega de profissão Vítor Pereira. Pelo menos é o que ele deixou claro em um rápido bate-papo com o blog Drible de Corpo.
Em entrevista aos colegas Eric Faria e Richard Souza do Grupo Globo, o dirigente deu a seguinte justificativa para a mudança: “A gente tinha aqui dentro (do Flamengo) uma análise bem clara e bem transparente de que precisava fazer a troca do comando, e assim foi feito. Pode ter tido um ponto fora da normalidade nesse sentido (resultados), mas você tem alguns itens na hora de analisar o que você busca no comando de uma equipe. E a gente entendeu que precisava ser trocado. Foi trocado, e em um segundo momento veio a situação do Vítor Pereira. A gente entendia que teria que ser trocado. É diferente de ser trocado pelo Vítor Pereira. A gente entendia que tinha que ser trocado. Apenas isso”, disse.
Em contato com Dorival Júnior, perguntei ao ex-técnico do Flamengo se houve algum ruído, algum estremecimento na relação com a diretoria a ponto de Marcos Braz afirmar que o comando do time “precisava ser trocado”. O treinador fugiu pela primeira de divididas com uma resposta “curta e grossa”: “Ele que deve saber”, respondeu ao blog o treinador desempregado.
Insisti na tentativa no questionamento acerca do ambiente da comissão técnica anterior com o estafe rubro-negro e o técnico Dorival Júnior manteve o discurso. “Só ele para explicar”.
Perguntei, ainda, se houve algum aborrecimento ou desgaste causado pela relação intensa dos cinco meses de trabalho ou pelos resultados ruins depois das duas conquistas, Dorival Júnior outra vez se esquivou. “Não, em momento nenhum. Só ele para responder”, insistiu.
O fato é que Dorival Júnior jamais foi visto no Flamengo como um técnico para trabalho em longo prazo. Eduardo Bandeira de Mello até tentou. Pretendia manter o treinador contratado pela antecessora Patrícia Amorim, mas deu início à política de reconstrução econômica do clube e propôs uma redução salarial. O profissional fez valer seu direito de não aceitar e Jorginho assumiu a prancheta rubro-negra.
Eduardo Bandeira de Mello contratou Dorival Júnior novamente na reta final da temporada de 2018 para substituir Mauricio Barbieri. A missão era tentar alcançar o Palmeiras nas últimas 12 rodadas do Brasileirão. Venceu sete, empatou três, inclusive um empate com o time alviverde por 1 x 1, no Maracanã, perdeu dois jogos e levou o time ao vice na Série A.
Dorival Júnior voltou a assumir o papel de bombeiro na temporada passada. Herdou um plantel devastado pela relação difícil com Paulo Sousa, encontrou rapidamente um padrão tático para os times titular e reserva, uniu Gabriel Barbosa e Pedro na formação titular, conquistou a Copa do Brasil, a Libertadores e salvou uma temporada considerada perdida.
Na segunda passagem de Dorival Júnior pelo Flamengo não havia possibilidade de renovação do contrato. O mandato de Eduardo Bandeira de Mello chegava ao fim e as chapas favoritas, uma delas a de Rodolfo Landim, pretendiam contratar Abel Braga. No ano passado, parecia evidente que Dorival estava apenas de passagem, porém o trabalho deu liga, títulos e indicava o tempo inteiro a possibilidade de continuidade do trabalho em 2023. A diretoria não quis assim. Dispensou Dorival Júnior e piscou para Vítor Pereira.
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