Oito anos na revolução uruguaia: da humilhação por 6 x 0 contra a geração de Neymar a seis jogos sem perder para o Brasil na categoria sub-20

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O último título do Brasil no Sul-Americano Sub-20 faz oito anos. Em 2011, a geração de Neymar, Lucas Moura, Casemiro, Danilo e Alex Sandro, comandada pelo técnico Ney Franco, humilhou o Uruguai por 6 x 0 na última rodada do hexagonal final, em Arequipa, no Peru, e conquistou o troféu no Peru. O confronto direto decidia o campeão. Aquele vexame nunca fez tão bem às divisões de base do time celeste. O arquirrival não perde para o Brasil desde 2013 nesta categoria, e pode ter condenado a Seleção de Carlos Amadeu, Rodrygo e Lincoln a não se classificar para o Mundial pela quarta vez — a terceira em sete anos. O Brasil ficou fora nas edições de 1979 (Japão), 2013 (Turquia) e 2017 (Coreia do Sul).

Depois do vexame de 2011, o Uruguai reconquistou o respeito nos duelos com o Brasil. Lá se vão seis jogos de invencibilidade. Detalhe: 10 gols a favor e 4 contra. A freguesia verde-amarela começa no Sul-Americano Sub-20 de 2013. O rival venceu por 3 x 2 na competição disputada na Argentina. Um dos gols foi de Nico López, atacante do Internacional.

Dois anos depois, as seleções duelaram duas vezes no Sul-Americano Sub-20 realizado no Uruguai. Os donos da casa triunfaram por 2 x 0 na fase de grupos. Houve empate por 0 x 0 no hexagonal final. No mesmo ano, os dois países se encontraram nas oitavas de final do Mundial Sub-20 da Nova Zelândia. Empate por 0 x 0 no tempo normal e vitória da geração de Gabriel Jesus, liderada por Rogério Micale, na decisão por pênaltis.

Em 2017, o Uruguai bateu o Brasil de Richarlison e Lucas Paquetá por 2 x 1. Nesta segunda-feira, vencia por 2 x 0, cedeu o empate, mas voltou a vencer, desta vez por 3 x 2.

O Uruguai é o atual campeão continental na categoria. Mais do que a possibilidade do bi, chama a atenção o que está acontecendo no país vizinho. O Uruguai está praticamente classificado para o Mundial Sub-20 pela sexta vez consecutiva. Bateu o ponto em 2009, 2011, 2013, 2015 e 2017. O país amarga o maior jejum de títulos da Copa do Mundo — o último foi em 1950, no Brasil. Entretanto, trabalha duro para conquistar o tri em 2022, 2026… Quem sabe em casa, em 2030, como possível anfitrião da edição centenária da Copa.

Bacana é o belíssimo trabalho integrado do técnico principal do Uruguai, Óscar Washington Tabárez, com o comanda da Sub-20, Fabián Coito. E a paciência da Associação Uruguaia de Futebol com o projeto. Nas divisões de base do Uruguai desde 2007, Fabián Coito passou pela sub-15, sub-17 e agora comanda a sub-20.

Em 2011, Coito levou o Uruguai ao vice-campeonato do Mundial Sub-17 no México. Depois de eliminar o Brasil, perdeu o título para os anfitriões por 2 x 0. Foi vice também no Sul-Americano Sub-17 de 2011 e campeão do Sul-Americano Sub-20 em 2017, quebrando um jejum de 36 anos! A última conquista havia sido em 1981, com a geração de Enzo Francescoli.

Fabian Coito trabalha nas divisões de base do Uruguai há 12 anos, mas conquistou apenas um título, justamente o Sul-Americano de 2017. No mesmo ano, foi eliminado pela Venezuela nas semifinais do Mundial. Talvez, o segredo do sucesso do Uruguai na base se resuma a uma palavra: paciência. Basta lembrar o que aconteceu com Rogério Micale. Em 2016, o técnico levou o Brasil à inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio. Cinco meses depois, ele estava demitido devido ao fracasso no Sul-Americano Sub-20 de 2017.

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Marcos Paulo Lima

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