Das classificações de Roma e Liverpool, finalistas da Champions em 1984, a Monchi, o “Rei do Mercado”

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Tudo depende do sorteio das semifinais da Liga dos Campeões da Europa, nesta sexta-feira, em Nyon, na Suíça, mas os últimos capítulos da edição de 2018 do principal torneio de clube do mundo começa a lembrar 1984. Protagonistas da final de 34 atrás, Roma e Liverpool estão classificados após feitos extraordinários. Não é todo dia que se goleia o Barcelona, de Lionel Messi e companhia, por 3 x 0. Quarta colocada no Italiano, a Roma humilhou o virtual campeão espanhol. Não é todo dia que se humilha o Manchester City, de Pep Guardiola, por 5 x 1 no placar agregado. O Liverpool pulverizou o time do técnico mais badalado do planeta. Os outros dois candidatos ao título serão conhecidos nesta quarta, às 15h45. Em Madri, o atual bicampeão Real defende vantagem de 3 x 0 contra a Juventus. Em Munique, o Bayern tem 2 x 1 contra o Sevilla.

A Roma de 1984 tinha Toninho Cerezo e Paulo Roberto Falcão lado a lado como volantes. O time comandado pelo sueco Nils Liedholm desbancou o Dundee United, da Escócia, antes de avançar à decisão. O Liverpool desbancou o Dínamo Bucaresti, da Romênia.

O bósnio Dzeko, o italiano De Rossi e o grego Manolas são os heróis visíveis da goleada por 3 x 0 sobre o Barcelona. Vilões no jogo de ida ao marcarem gols contra, De Rossi e Manolas foram heróis, nesta terça, no Olímpico. Mas há um personagem quase invisível nos bastidores: Ramón Rodríguez Verdejo.

Diretor esportivo do Sevilla por 16 temporadas, Monchi jamais havia avançado às quartas de final do principal torneio de clubes do mundo. Mal assumiu o mesmo cargo na Roma, o senhor de 49 anos — apelidado na Europa de “Rei do Mercado” — figura entre os quatro melhores da Champions League.

Para se ter uma ideia, Monchi movimentou, em 16 anos de carreira, 376 milhões de euros no Sevilla e outros 93 milhões de euros na Roma. Total: 469 milhões de euros ou R$ 1,9 bilhão. Realizou mais de 500 operações na carreira. Gerou 200 milhões de euros no balanço de compras e vendas de jogadores badalados como Luis Fabiano, Daniel Alves, Mohamed Salah, Sergio Ramos…

Antes de trocar o Sevilla pela Roma, em abril do ano passado, o executivo ganhou nove títulos no time espanhol. Foi pentacampeão da Liga Europa (2006, 2007, 2014, 2015 e 2016), bi da Copas do Rei (2010), faturou uma Supercopa da Europa (2007) e uma Supercopa da Espanha (2008).

O badalado dirigente deixou o Sevilla na janela de transferências do ano passado com uma frustração: jamais ter ido além das oitavas de final na Liga dos Campeões da Europa. O Sevilla caiu diante de adversários teoricamente fáceis: Fenerbahçe (2008), CSKA (2009) e Leicester (2017). Sem Monchi, o Sevilla quebrou tabu de 60 anos! Eliminou o Manchester United nas oitavas, em Old Trafford. O clube não chegava às quartas de final desde 1958. Naquela edição, perdeu para o Real Madrid. Hoje, enfrentará o Bayern, em Munique.

Também nas quartas, Monchi viu o atual clube dele, a Roma, desbancar o Shakhtar Donetsk, no Olímpico. Pela primeira vez na carreira, o Rei do Mercado está classificado para as quartas de final da Champions League.  Na fase de grupos, terminou em primeiro lugar, à frente de Chelsea, Atlético de Madri e Qarabag. Nas oitavas de final, classificou-se no limite, graças ao gol marcado na Ucrânia. Nesta terça, repetiu o feito diante do Barcelona.

Independentemente do que ocorrerá com a Roma daqui em diante, Monchi conseguiu um feito e tanto. O time não disputava as semifinais desde a temporada de 1983/1984, quando perdeu o título nos pênaltis para o Liverpool. Paulo Roberto Falcão, o Rei de Roma, ficou marcado porque não quis bater. Após empate por 1 x 1 no tempo normal e na prorrogação, os Reds conquistaram a taça por 4 x 2.

Monchi foi o responsável direto pelas contratações do turco Cengiz Ünder, do brasileiro Bruno Peres e do italiano Lorenzo Pellegrini. Em contrapartida, vendeu Salah para o Liverpool — imaginem se ele enfrentar a Roma nas semifinais ou na final —, negociou Rüdiger com o Chelsea e Paredes foi para o Zenit. Enquanto isso, Monchi, o Rei do Mercado, continua exorcizando fantasmas, quebrando tabus.

Marcos Paulo Lima

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