Moda na Euro e na Champions, sistema com três zagueiros está fora do repertório da Seleção

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Das oito seleções classificadas para as quartas de final da Eurocopa, cinco são configuradas com linha de três defensores — o 3-5-2 e variáveis como o 3-4-1-2 ou 5-4-1, por exemplo, com três zagueiros também e dois alas ou laterais mais presos à marcação. Dinamarca, Bélgica, Suíça, Inglaterra e Ucrânia optam pelo por esse sistema. Itália, Espanha e República Tcheca preferem a convencional linha de quatro homens na proteção à área.

A Eurocopa confirma a tendência publicada em matéria publicada na edição impressa do Correio Braziliense antes do início das quartas de final da Uefa Champions League, confirmada na decisão do título entre Chelsea e Manchester City, no Estádio do Dragão, na cidade do Porto. Há um mês, o Chelsea, de Thomas Tuchel, conquistou o bicampeonato europeu formatado no esquema tático 3-4-2-1, desenho parecido com o adotado por Luiz Felipe Scolari há 19 anos, no triunfo por 2 x 0 contra a Alemanha na decisão da Copa do Mundo de 2002.

Seleções eliminadas nas oitavas de final e até mesmo na fase de grupos da Eurocopa também usavam linha de três defensores. A França foi eliminada pela Suíça com Varane, Kimpembe e Lenglet formando a trinca de zagueiros. A Alemanha escalou Ginter, Rüdiger e Hummels na proteção ao goleiro Neuer na queda diante da Inglaterra. A Holanda atuava com três beques até a demissão de Frank de Boer após o adeus precoce ao torneio contra a República Tcheca.

O sistema retrô que levou Argentina (1986), Alemanha (1990) e Brasil (2002) à glória na Copa do Mundo está moda. É tendência para o Mundial do Qatar-2022. Adenor Leonardo Bachi, o Tite, domina esse sistema, mas resiste em utilizá-lo na Seleção ou adicioná-lo ao pacote do repertório canarinho para os confrontos do ano que vem contra europeus no Oriente Médio. Peru, Bolívia e Chile adotaram o sistema discretamente em algumas partidas na fase de grupos do torneio sul-americano. A Venezuela apostou em uma variação, o 5-4-1.

“Pode ter certeza de que a gente vai estar preparado (se o Tite precisar usar três zagueiros). O Marquinhos já jogou de terceiro zagueiro saindo para volante; o Militão já jogou no Real Madrid, inclusive contra nós, do Chelsea, esse ano; eu jogo nesse sistema; o Danilo tem característica que poderia entrar muito bem como terceiro zagueiro ou até como ala mais avançado; temos o Renan Lodi, o Alex Sandro, jogadores super ofensivos”

Thiago Silva, zagueiro da Seleção, em resposta ao blog na coletiva desta quarta-feira

Um das grandes obras autorais de Tite é a aquele Grêmio campeão da Copa do Brasil em 2001 contra o Corinthians, de Vanderlei Luxemburgo, no Morumbi. À época, Tite engoliu o professor taticamente. Ele contava com dois zagueiros jovens e velozes — Marinho e Ânderson Polga — e um experiente: Mauro Galvão. A fórmula funcionou e lançou Tite nacionalmente.

Na entrevista coletiva desta quarta da Seleção, questionei Thiago Silva sobre a necessidade de o Brasil ter essa alternativa tática no repertório (assista ao vídeo no fim deste post). Assim como no elenco daquele Grêmio, Tite tem dois zagueiros rápidos — Marquinhos e Eder Militão — e uma espécie de líbero como Thiago Silva. Ele está na Europa, joga em um Chelsea nesse modelo e está testemunhando o resgate da moda de perto. Tite não usa o esquema, mas Thiago Silva banca que os zagueiros do elenco estão prontos para coloca-lo em prática quando o treinador julgar necessário.

“É importante ser sólido defensivamente, independentemente da numeração, com três ou quatro atrás. A base é o equilíbrio. Mesmo com uma linha de quatro, somos fortes defensivamente. A gente sofre poucos gols. É o que a gente acredita como trabalho”, respondeu Thiago Silva direto da Granja Comary, em Teresópolis, região serrana do Rio.

Tite chegou a testar três zagueiros no primeiro ano de trabalho. Rafinha formava linha de quatro com Thiago Silva, Rodrigo Caio e Alex Sandro; e David Luiz ocupou a função de primeiro volante no meio de campo em uma goleada por 4 x 0 contra a Austrália, em 2017

Experiente, Thiago Silva emendou que ele e os demais companheiros estão prontos para atuar com linha de três defensores quando Tite desejar. “Pode ter certeza de que a gente vai estar preparado. O Marquinhos já jogou de terceiro zagueiro saindo para volante; o Militão já jogou no Real Madrid, inclusive contra nós, do Chelsea, esse ano; eu jogo nesse sistema; o Danilo tem característica que poderia entrar muito bem como terceiro zagueiro ou até como ala mais avançado; temos o Renan Lodi, o Alex Sandro, jogadores super ofensivos”, detalhou.

Thiago Silva insistiu que, independentemente do sistema tático, o sistema defensivo da Seleção tem sido sólido sob a batuta de Tite. “O que deixa a gente feliz é que podemos fazer qualquer tipo de situação porque temos jogadores muito capacitados. Não teríamos problema nenhum. Mas temos um plano de jogo e acreditamos no que o homem nos passa”.

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Marcos Paulo Lima

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