Renato Gaúcho volta nesta quarta-feira ao palco de uma das piores derrotas da carreira dele como treinador. Em 27 de julho de 2005, o Vasco comandado por ele perdeu para o Athletico-PR por 7 x 2 na velha Arena da Baixada pela 15ª rodada da Série A do Brasileiro e e soltou uma daquelas pérolas: “Estou com vergonha, o grupo está com vergonha. Falei para eles o que tinha vontade, até uma mulher grávida faria gol na gente”, disparou. Por sinal, ele repetiu o discurso pronto depois da eliminação do Grêmio por 6 x 1 no placar agregado contra o Flamengo na semifinal da Libertadores 2019.
O fato é que a vergonha desafiou Renato Gaúcho a levar a profissão um pouco mais a sério. Um ano depois daquela humilhação, o ainda comandante do Vasco levou o time à final da Copa do Brasil contra o arquirrival Flamengo. Perdeu as duas partidas e o título nacional, óbvio, mas passou a ser menos boleiro e mais técnico de futebol na essência. Guiou o Vasco ao sexto lugar no Brasileirão daquele ano e só não classificou o time para a Libertadores porque ficou um pontinho atrás do Paraná na classificação final (60 x 59).
Um ano depois do vice na Copa do Brasil contra o Flamengo, Renato Gaúcho ganhou o primeiro título na profissão justamente no mata-mata nacional. Brindou o Fluminense com o título inédito contra o Figueirense e finalmente passou a ter o respeito da crítica. O troféu conquistado no Orlando Scarpelli, em Florianópolis, graças ao gol marcado por Roger Machado, deu ao tricolor o direito de disputar a Libertadores no ano seguinte.
O técnico mais uma vez brilhou. Foi o líder de uma campanha mágica do Fluminense no torneio continental. Desbancou Atlético Nacional, São Paulo e Boca Juniors no mata-mata e quase mudou o patamar do time de Laranjeiras. Deixou o título escapar dentro do Maracanã contra a LDU na decisão por pênaltis após 5 x 5 no placar agregado.
Renato Gaúcho também começou a levar o Brasileirão a sério. Assumiu o Grêmio na zona de rebaixamento e levou o time gaúcho ao quarto lugar com a melhor campanha do segundo turno e recebeu a indicação para concorrer ao prêmio de melhor treinador.
Voltou ao Grêmio em 2013 e conseguiu a melhor campanha pessoal no cargo. Levou o Grêmio ao segundo lugar no Campeonato Brasileiro atrás apenas do campeão Cruzeiro. Depois de um hiato de maus resultados em 2014 e 2015, retornou ao Grêmio para dar início ao trabalho mais vitorioso da carreira dele como treinador.
Assumiu o Grêmio na Copa do Brasil e ganhou o título contra o Atlético-MG. Dali em diante empilhou troféus. Levou o tricolor ao tri na Libertadores 2017, ganhou a Recopa Sul-Americana em 2018, colecionou três títulos do Campeonato Gaúcho e uma Recopa Gaúcha.
Sofrer goleada de 7 x 2 jamais será bom resultado, mas a humilhação de 2005 contra o Athletico mudou a maneira de Renato Gaúcho tratar o futebol. Sim, ele ainda tem recaídas de boleiro, mas aprendeu a levar a prancheta mais a sério. A ser mais tático, técnico, e menos motivador. Esse é o Renato que o Flamengo comprou e esperar ter na noite desta quarta-feira no início das semifinais da Copa do Brasil contra o Furacão.
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