Como técnicos holandeses contribuíram para a evolução de dois pontas convocados por Tite

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Tite tem uma demanda antiga por um ponta-direita. Um jogador não necessariamente destro capaz de tomar conta da posição. O técnico da Seleção testou especialistas, mas também improvisou no setor em busca de soluções. Willian, Philippe Coutinho, Douglas Costa, Gabriel Jesus, David Neres, Everton Cebolinha, Richarlison e Gabriel Barbosa ainda não se firmaram naquele pedacinho do campo e dão brecha a novas observações.

O laboratório continua nesta Data Fifa. Tite aposta em mais duas opções para a ponta-direita: Raphinha (Leeds United) e Antony (Ajax). Há algumas coincidências entre as novas apostas. Ambos atuam abertos na direita em seus respectivos clubes. Estão afinados com a necessidade do técnico da Seleção. Mas há outro detalhe curioso para o qual chamo a atenção neste post.

O processo de evolução dos dois jogadores na Europa teve a contribuição de dois técnicos distintos da escola holandesa apaixonados por pontas. Raphinha trabalhou com Marcel Keizer no Sporting, em Portugal, na temporada 2018/2019. Formou trio de ataque com o centroavante holandês Bas Dost e o ponta-esquerda português Nani. O brasileiro atuava aberto na direita e admite que evoluiu bastante sob a batuta do holandês.

“Quando ele (Marcel Keizer) chegou no Sporting eu estava com uma lesão muscular. Fiquei um mês e meio sem trabalhar com ele, mas depois (quando voltei) vi que o estilo de jogo dele e dos holandeses favorece muito os atacantes e foi muito importante não somente para mim, mas para outros jogadores também a contribuição dele na nossa maneira de jogar”, disse na zona mista virtual da CBF.

Aos 24 anos, o atacante do Leeds United destaca os pontos fortes do jogo dele na disputa por vaga na ponta-direita. “Manter a minha maneira de jogar, que é usar a minha velocidade, drible e chegar perto do gol. São os pontos fortes que eu tenho. Unindo isso são pontos positivos para ajudar a Seleção Brasileira”, disse o gaúcho de Porto Alegre.

Conterrâneo de Ronaldinho Gaúcho, Raphinha espera repetir um feito do ídolo: marcar o primeiro gol com a camisa da Seleção contra a Venezuela. O jogador eleito duas vezes melhor do mundo balançou a rede do adversário na fase de grupos da Copa América de 1999. “Se eu puder fazer nesse jogo metade do que o Ronaldo fez vai ser muito marcante para mim”, disse.

Antony é um dos concorrentes de Raphinha na ponta-direita. Também atua aberto no ataque do Ajax da Holanda — país que é uma fábrica de pontas. Como foi publicado aqui no blog, ele tem o desafio de ser o segundo jogador empregado no país a ser convocado para a Copa do Mundo. O único é Romário, atacante do PSV Eindhoven na lista da Copa do Mundo de 1990.

O futebol holandês ama pontas. A torcida do Ajax gosta ainda mais de Antony por ele ser driblador, uma característica praticamente em extinção na Seleção Brasileira. A medalha de ouro em Tóquio turbinou Antony. Pressionou o técnico Erik ten Hag a achar outro espaço para Berghuis, que havia sido trazido do Feyenoord para atuar justamente na função de Antony.

O atacante brasileiro tem atuado como winger pela direita no 4-2-3-1. Berghuis joga centralizado na linha de três armadores e Tadic completa o setor. O trio é responsável por abastecer o francês Sebastien Haller, sensação da primeira rodada da Champions League. O Ajax tem 37 gols em 11 jogos e média de 3,36 por partida.

O atacante revelado pelo São Paulo atua aberto na direita, mas não se considera engessado. “Eu também posso atuar na esquerda”, pondera. Em atividade na Holanda, o país dos pontas, Antony se inspira neles. Aprendi muito desde que cheguei lá, tive uma grande evolução no Ajax e espero dar continuidade contribuindo aqui na Seleção”, disse o atacante.

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Marcos Paulo Lima

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