No último domingo, chamou a atenção de quem esteve do Mané Garrincha, o isolamento político do presidente interino da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), coronel Antônio Carlos Nunes, e do secretário-geral da entidade, Walter Feldman. Nenhum deles teve a companhia do principal fiador da Copa América no Brasil. O blog antecipou naquela manhã que seria assim. O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, não compareceram ao jogo de abertura. Houve ordem para esvaziar a tribuna de honra. A determinação foi cumprida. Nunes, Feldman e um dos vices, Ednaldo Rodrigues, acompanharam a partida com o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. Representantes do governo e parlamentares deram “W.O”.
Era o trailer de mais um capítulo da série de caça às bruxas na CBF. Indícios de um processo de fritura. Depois do afastamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, após denúncias de assédio sexual e moral a uma secretária da entidade, a nova temporada da crise tinha como alvo Walter Feldman — demitido às 15h desta quinta-feira. Não foi comunicado pelo coronel Nunes. Ficou sabendo por meio do diretor jurídico da entidade da demissão sumária. O blog apurou que, depois de passar pelo RH, Feldman dirigiu-se até a sala do coronel Nunes para o adeus. O presidente interino não levantou a cabeça. Na semana passada, o diretor de Recursos Humanos, Maco Dalpozzo, também foi demitido.
A caça aos bruxos e bruxas deve continuar na entidade nos próximos dias. O circo pega fogo em meio à Copa América, anúncio da convocação do Brasil para os Jogos Olímpicos de Tóquio a da segunda exibição da Seleção no torneio contra o Peru, no Rio.
Em nota oficial, a CBF confirmou a saída de Feldman e anunciou o sucessor. “Eduardo Zebini é o novo Secretário-Geral. Ele foi nomeado nesta quinta-feira (17), em substituição a Walter Feldman, que deixa a entidade. A CBF agradece a Feldman pelos relevantes serviços prestados ao longo dos últimos seis anos. Experiente profissional de comunicação, Zebini assumiu em abril de 2020 a Diretoria de Mídia da CBF, cargo que acumulará temporariamente com a Secretaria Geral”, informa o texto.
Um dirigente da CBF ouvido pelo blog definiu a demissão de Feldman como bronca antiga. Segundo ele, aproveitaram a ordem de Rogério Caboclo pra demiti-lo e forçaram novamente. Novamente, pois o sinal havia sido dado (e rejeitado) desde a semana passada. A ordem para dispensar Walter Feldman chegara à mesa do presidente interino, o coronel Nunes, mas o cartola freou. Nesta quinta, ele não suportou a pressão e executou.
A presença de Walter Feldman no cargo não era mais uma unanimidade entre os vice-presidentes. Segundo uma fonte ouvida pelo blog, aproveitaram o afastamento de Rogério Caboclo, fizeram pressão e o coronel Nunes finalmente se rendeu.
O blog apurou que a gota d’água teria sido a abertura para receber os presidentes dos clubes da Série A, que articulam a criação de uma liga nacional independente a partir de 2022. Em tese, isso enfraqueceria o poder da CBF e de suas 27 filiadas, ou seja, as federações. Um dos vice-presidentes também estariam sendo considerados “agitadores” ao facilitar ao fortalecer os clubes em um momento de fragilidade da entidade.
Uma outra fonte ouvida pelo blog também deu a entender isso. Segundo ele, uma das funções de Feldman era fazer o elo da CBF com as federações. No entanto, alguns cartolas reclamavam da proximidade do dirigente com os clubes e isso estaria azedando a relação. Na última terça-feira, sentiram-se incomodados com a recepção aos clubes da Série A.
Paralelamente, uma varredura na CBF feita nesta semana na entidade por uma firma contratada pela entidade detectou escutas na sede da Barra Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os arquivos podem ter dado ainda mais munição para o ultimato.
Feldman chegou à CBF a convite do presidente afastado da entidade, Marco Polo Del Nero. Nesta semana, o dirigente banido do futebol pela Fifa teria dado aval à queda. A vaga de secretário-geral será ocupada pelo diretor de Mídia da CBF, Eduardo Zebini.
Jornalista formado, havia assumido cargo na CBF em abril do ano passado, no início da pandemia do novo coronavírus. Com 35 anos de experiência ma mídia, Zebini dirigiu duas grandes emissoras de televisão no Brasil nos últimos 23 anos. Foi diretor de Esportes da Record, de 1996 a 2009, e diretor Geral da Fox Sports Brasil. Cobriu seis edições da Copa do Mundo e cinco dos Jogos Olímpicos.
Também esteve à frente de um dos temas mais polêmicos na relação entre os clubes e a CBF: aquisição de direitos de transmissão. Participou de negociações a veiculação de Copas do Mundo, Jogos Olímpicos, Mundial de Clubes, Copa Libertadores da América, além de outros eventos esportivos, como Moto GP, Bellator, Nascar e Fórmula E.
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