Ceni recebeu a Taça das Bolinhas e tentou pacificar diretorias de São Paulo e Flamengo

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O ex-goleiro Rogério Ceni esteve no centro de uma das maiores polêmicas entre as diretorias do São Paulo, clube do qual é o maior ídolo; e do Flamengo, que acaba de contratá-lo como técnico.

Era fevereiro de 2011. Convidado pela Caixa Econômica Federal para a cerimônia de entrega da Taça das Bolinhas, o então presidente tricolor Juvenal Juvêncio (1934-2015) levou Ceni e Zetti à cerimônia do cumprimento da determinação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Nove meses antes, a entidade havia determinado que o tricolor paulista foi o primeiro clube do país a conquistar o título do Campeonato Brasileiro cinco vezes – 1977, 1986, 1991, 2006 e 2007 à época. O Flamengo reivindicava a posse do troféu alegando ter sido penta em 1980, 1982, 1983, 1987 e 1992. No entanto, o título da Copa União de 1987 continuava sub judice na disputa entre o clube carioca e o Sport – apontado vencedor do torneio pelo Supremo Tribunal Federal. Até então, o troféu ficava guardado nos cofres do banco estatal.

Rogério Ceni aceitou o convite de Juvenal Juvêncio. Recebeu a Taça das Bolinhas das mãos da então presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho; e do ministro do Esporte, Orlando Silva, mas soltou o verbo contra CBF, Flamengo e São Paulo. Motivo: A Justiça autorizou a entrega da Taça das Bolinhas ao São Paulo, mas Ricardo Teixeira reconheceu o Flamengo campeão de 1987 à época da unificação dos títulos do Robertão, Taça Brasil e Brasileirão. Consequentemente, o dirigente colocou as cúpulas de São Paulo e Flamengo em rota de colisão.

“Sempre vamos na boa vontade. Se eu soubesse que alguém conseguiria ter essa ideia de dar a taça para um, depois reconhecer o título do outro para poder jogar um clube contra o outro e poder separar… Os caras que resolvem fora de campo precisam ter um pouco mais de calma, sentar, resolver. É muita falta de profissionalismo. É uma pena que esteja existindo essa briga. O futebol brasileiro vai perder muito com essa desunião dos clubes”

Rogério Ceni,

ao receber a Taça das Bolinhas, em 2011

Flamengo e São Paulo eram aliados no Clube dos 13. Porém, o desfecho da Taça das Bolinhas deixou a então presidente rubro-negra, Patrícia Amorim, na bronca com Juvenal Juvêncio. Como de bobo, Rogério Ceni não tem nada, o então goleiro percebeu a movimentação política:

“Fui lá porque fui convidado para receber a taça, e recebi com o maior prazer porque fiz parte de alguns dos títulos que deram o direito ao São Paulo de receber essa taça. Mas, se eu soubesse que alguém conseguiria ter essa ideia de dar a taça para um, depois reconhecer o título do outro para poder jogar um clube contra o outro e poder separar… Sempre vamos na boa vontade porque é uma taça de valor para o clube, o São Paulo queria muito essa taça”, desabafou Ceni.

Constrangido com o ato político e uma guerra de liminares, Rogério cobrou amadurecimento dos cartolas da CBF, Flamengo e São Paulo no episódio. “Os caras que resolvem fora de campo precisam ter um pouco mais de calma, sentar, resolver. É muita falta de profissionalismo, pois quem tem de ter a paixão é o torcedor. É uma pena que esteja existindo essa briga. Momentaneamente, alguém pode até levar vantagem com isso, mas, futuramente, o futebol brasileiro vai perder muito com essa desunião dos clubes”, criticou o então goleiro do São Paulo.

Rogério Ceni foi ídolo do São Paulo, aposentou-se, virou técnico, passou por São Paulo, Fortaleza e Cruzeiro, acaba de assumir o Flamengo e a polêmica da Taça das Bolinhas continua. O troféu voltou faz tempo aos cofres da Caixa enquanto a guerra prossegue no tapetão. Em agosto, o Flamengo conseguiu uma liminar que impede a CBF de entregar o troféu ao clube paulista. O advogado rubro-negro Rodrigo Fux entende que a taça é do time carioca. Em 2012, o São Paulo pediu reintegração de posse da Taça das Bolinhas, mas teve o recurso negado.

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Marcos Paulo Lima

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