Tenho pelo menos cinco preocupações com a Seleção para a Copa de 2018: a inexperiência dos goleiros do Tite em Copas do Mundo; o comportamento tático da Seleção sem Casemiro, ou seja, quando o volante estiver suspenso ou lesionado na Copa; a recuperação e o temperamento de Neymar; a proteção aos avanços de Marcelo e o mais recente: o substituto de Daniel Alves depois do corte antecipado do lateral-direito por lesão. Mas nesse post vou falar apenas dos donos das traves.
Embora o Brasil tenha um histórico de sucesso com goleiros calouros, o sinal amarelo continua piscando nesta posição. Acho que pelo menos um dos três goleiros deveria ter bagagem na competição. No mínimo, ter visto in loco a vida como ela é nem que seja sentadinho no banco de reservas. É o caso, por exemplo, de Victor, do Atlético-MG. Eu sei que segundo e terceiro goleiros são praticamente enfeites. Por sinal, Rogério Ceni foi o último estepe utilizado. Entrou no lugar de Dida no fim da partida contra o Japão, na fase de grupos, em 2006. Mas insisto que seria no mínimo recomendável ter no grupo um goleiro que já participou da Copa do Mundo.
Ao anunciar Alisson (Roma), Ederson (Manchester City) e Cássio (Corinthians) nesta segunda-feira como goleiros da Seleção Brasileira para a Copa de 2018, Adenor Leonardo Bachi, o Tite, quebrou um tabu de 28 anos. Pela primeira vez, desde o Mundial de 1990, na Itália, o país levará ao Mundial três goleiros inexperientes em mundiais. Sebastião Lazaroni fez o mesmo na lista final para a Itália, ao relacionar Taffarel (Internacional), atual preparador de goleiros da esquadra verde-amarela, Acácio (Vasco) e Zé Carlos (Flamengo). Nenhum deles exibia no currículo participação no torneio. De 1994 a 2014, a Seleção levou para a Copa pelo menos um goleiro remanescente da edição anterior.
Um dado histórico (não técnico), joga a favor dos goleiros calouros de Tite. Dos goleiros titulares do Brasil nos cinco títulos, três não tinham bagagem em Copa do Mundo: Gilmar (1958) Marcos (2002) e Félix (1970). Camisa 1 em 1962, Gilmar havia sido campeão em 1958. Dono das traves em 1994, Taffarel tinha no currículo a participação na edição de 1990, na Itália.
Tite renovou totalmente a posição em relação a 2014. Julio Cesar aposentou-se. Jefferson começou o ciclo para a Copa da Rússia como titular de Dunga, mas as contusões não permitiram que ele tivesse oportunidades com Tite. Terceiro goleiro de Luiz Felipe Scolari há quatro anos, Victor também ficou fora da lista. Nem sequer teve oportunidade com Tite. As outras opções eram Weverton, Alex Muralha, Diego Alves, Danilo Fernandes e Neto.
Alisson fez uma temporada impecável pela Roma. A ponto de interessar ao Real Madrid. Pode ser o goleiro mais jovem da Copa entre os titulares das 32 seleções, como escrevi aqui no blog recentemente. Mas não esqueço o mau desempenho dele na Copa América Centenário de 2016. Jogou a bola para dentro do gol na estreia contra o Equador. Para sorte dele, o árbitro anulou a jogada. Vale ponderar que Marcos também não tinha participação em Copa no currículo em 2002. Mesmo assim, o homem de confiança de Felipão foi um dos maiores responsáveis pelo título, com defesas importante contra Bélgica, Turquia e Alemanha. Mas já era o M-a-r-c-o-s.
Ederson custou caríssimo ao Manchester City. Desembarcou no clube inglês escolhido a dedo por Pep Guardiola por duas virtudes: sabe jogar com os pés e tem um cobrança de tiro de meta muito elogiada por Julio Cesar, ex-companheiro dele no Benfica. Ederson é jovem. Brilhou, mas também falhou algumas vezes, como no duelo contra o Shakhtar Donetsk, nas oitavas da Champions League.
Dos três goleiros escolhidos pela comissão técnica, Cássio é, talvez, o único da “cota de Tite”. Trabalhou com ele na era dourada do Corinthians. Foi campeão de tudo com o técnico no clube paulista. Até perdeu a confiança dele no Timão ao ser barrado por Walter. A decisão gerou um climão no elenco justamente na época em que Tite trocou o Corinthians pela Seleção. Cássio deu a volta por cima sob o comando de Fábio Carille e venceu a corrida com Marcelo Grohe e Neto. É um baita pegador de pênaltis. A envergadura assusta o cobrador. Mas pênaltis acontecem poucas vezes. Cruzamentos para a área, não, ocorrem toda hora. E acho que Cássio dá muito susto nas saídas do gol.
Goleiros da Seleção na Copa
De 1990 a 2018
1990: Taffarel, Acácio e Zé Carlos
1994: Taffarel, Zetti e Gilmar
1998: Taffarel, Carlos Germano e Dida
2002: Marcos, Rogério Ceni e Dida
2006: Dida, Rogério Ceni e Julio Cesar
2010: Julio Cesar, Gomes e Doni
2014: Julio Cesar, Jefferson e Victor
2018: Alisson, Ederson e Cássio
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