Ausência da Seleção feminina no lançamento da MP das dívidas dos clubes amplia mal-estar entre Governo Federal e CBF

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A ausência da Seleção Brasileira feminina no anúncio da presidente da República, Dilma Rousseff, da Medida Provisória que renegocia as dívidas dos clubes, foi interpretada pelo Ministério do Esporte como censura da CBF.

Em conversa com o blog, a coordenadora de futebol feminino, Mariléia dos Santos – a Michael Jackson – disse que entrou em contato com diretores da CBF na véspera do anúncio da MP para convidar a Seleção a participar do evento. O motivo era simples. O esforço do governo federal em exigir como uma das contrapartidas ao refinanciamento o investimento dos clubes no futebol feminino. Em princípio, a resposta foi positiva. O grupo que treina em Itu para a Copa do Mundo viajaria de Itu a Campinas e de lá atê Brasília para o evento no Palácio do Planalto.

“Para minha surpresa, no fim da noite de quarta-feira (18/3), recebi um telefonema de uma pessoa da CBF dizendo que ninguém da CBF e muito menos da Seleção Brasileira estaria no evento”, revela Michael Jackson. “A pessoa alegou que havia recebido uma ordem de cima para ninguém arrastar os pés de Itu a evento nenhum”, completa.

A CBF discorda veementemente da obrigação dos filiados em investir no futebol feminino e fará de tudo para derrubar a contrapartida no Congresso Nacional. Por isso, marcou posição ao impedir a presença da Seleção na capital do país. 

Outra alegação teria sido a despesa com a viagem. A entidade máxima do futebol queria passagens, diárias e hotel. “O Ministério do Esporte não repassa dinheiro nenhum para a CBF e eles teriam de arcar”, diz Michael Jackson.

Um dirigente da CBF que pediu anonimato confirmou ao blog que a Seleção feminina realmente recebeu convite do Ministério dos Esportes para comparecer  o lançamento da MP. Disse ainda que houve uma recomendação para que ninguém da Seleção permanente deixasse Itu rumo a Brasília.

Revoltada com a censura às jogadores, a coordenadora  de futebol feminino do Ministério do Esporte chegou a definir assim o regime de governo da CBF. “Aquilo é um cativeiro, sei bem como é. As meninas precisam se libertar daquilo se quiserem que o futebol feminino cresça no país”. Na opinião Michael Jackson, a criação da Seleção Brasileira permanente é, aparentemente, uma forma de tornar a equipe mais forte para torneios como a Copa do Mundo, no meio do ano, e os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Mas também uma maneira de submetê-las às intenções políticas da CBF.