A 500 dias do Rio-2016, a Seleção Brasileira deve muito mais às Olimpíadas do que os Jogos ao nosso futebol. Entenda os motivos…

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Em quase 120 anos de história dos Jogos Olímpicos, apenas três países conseguiram conquistar, como anfitriões, a medalha de ouro no torneio de futebol: Grã-Bretanha (1908), Bélgica (1920) e Espanha (1992). No século 21, ninguém. O Brasil é o candidato da vez. Difícil acreditar no efeito casa depois de um vice na Copa de 1950 e um quarto lugar em 2014 — com humilhante 7 x 1 diante da Alemanha, nas semifinais. Missão quase impossível ao avaliar o pífio retrospecto verde-amarelo na modalidade, em Olimpíadas. Se desdenhamos dos africanos por não terem, até hoje, um título mundial, eles fazem piada com a nossa eterna dívida dourada. Até Nigéria (1996) e Camarões (2000) têm.

A Seleção deve muito mais às Olímpiadas do que os Jogos à Amarelinha. O trauma da medalha de prata, em Los Angeles-1984, ensinou Dunga a ser o capitão do tetra e erguer a taça duas décadas depois, no mesmo palco da derrota por 2 x 0 para a França — o Rose Bowl, em Pasadena.

Romário (1988), Ronaldo (1996) e Ronaldinho Gaúcho (2000 e 2008) também aprenderam com os fracassos. Além de campeões mundiais, foram eleitos melhor jogador do mundo pela Fifa. No total, 13 jogadores brasileiros medalhistas de prata ou bronze no futebol olímpico amortizaram a dívida do ouro com a conquista do tetra e/ou do penta na Copa do Mundo – Gilmar, Dunga, Taffarel, Jorginho, Mazinho, Bebeto, Romário, Dida, Roberto Carlos, Juninho Paulista, Ronaldo, Luizão e Rivaldo.

Em 2016, não há financiamento. A dívida terá de ser quitada. Assim como foi na Copa de 2014, o peso do inédito ouro estará nas costas de Neymar. Em entrevista ao Correio, o fragilizado técnico da Seleção Olímpica, Alexandre Gallo, bancou a convocação do camisa 10 do Barcelona. Falta combinar a liberação com o clube. Provável capitão do time, Neymar tentará ir além da prata. Em Londres-2012, tinha 20 anos na derrota por 2 x 1 para o México. No Rio-2016, entrará na cota dos três jogadores acima dos 23.

A Seleção tem alguns nomes talentosos abaixo dos 23 anos. São os casos de Fred (Shakhtar), Lucas Silva (Real Madrid), Rafinha (Barcelona), Felipe Anderson (Lazio) e Talisca (Benfica). No entanto, os adversários também virão fervendo. Classificada, a Argentina fará de tudo para contar com Messi e Mascherano na caça ao tri — foi ouro em Atenas-2004 e Pequim-2008.

A Eurocopa Sub-21, no meio do ano, enviará ao Brasil quatro seleções. Na pior hipóteses para o Brasil, podem vir Alemanha, de Thomas Müller; Itália, de Balotelli; Portugal, de Cristiano Ronaldo; e Suécia, de Ibrahimovic. Na melhor, apenas uma delas e mais República Tcheca, Dinamarca e Sérvia.


Três perguntas para…

Alexandre Gallo, técnico da Seleção Olímpica

Marcos Paulo Lima – Os treinadores anteriores da Seleção Olímpica costumavam usar as três vagas acima dos 23 anos para um goleiro ou zagueiro, um volante ou meia e um atacante. Pensa assim?

Alexandre Gallo – Eu tenho um conceito inicial. Quero fortalecer um setor. Se nós fôssemos jogar, hoje, contra a Argentina, e eles tivessem um ataque formado por Messi, Higuaín e Agüero, eu precisaria de uma defesa forte. Se a Alemanha viesse com Schweinsteiger, Khedira e Kroos, eu necessitaria de força no meio de campo. Do contrário, perderia um setor importante. No ano que vem eu penso em trazer um trio acima dos 23 anos para fazer um teste e vou conversar com o Dunga.

Marcos Paulo Lima – Você só pode convocar 18 jogadores para as Olimpíadas. Neymar é um. Restam 17 vagas?

Alexandre Gallo – Não é que o Neymar está convocado. Se Portugal vier, o Cristiano Ronaldo não será um dos convocados? Se Argentina entrar, o Messi não vem? Com um jogador desse naipe, extraclasse, não tem como pensar a Seleção Brasileira sem um Neymar. É inevitável (risos).

Marcos Paulo Lima – Quem é a maior pedra no caminho da inédita medalha de ouro?

Alexandre Gallo – A Alemanha é a grande adversária. Assisti à final da Eurocopa Sub-21 entre Alemanha e Portugal e gostei muito daquela equipe deles. Estamos mapeando os possíveis adversários. A Alemanha vai ser uma adversária dura, com um trabalho forte na base que conta com o apoio institucional do governo. São bons jogadores, técnicos e fortes taticamente.

Memória amarga

Quando estivemos perto do sonho

» Los Angeles-1984 — Prata

Representado pelo Internacional, o Brasil chega à final contra a França, mas perde o ouro por 2 x 0.

» Seul-1988 — Prata

Com Taffarel e Romário no time titular, a Seleção perde a decisão para a União

Soviética por 2 x 1.

» Atlanta-1996 — Bronze

O time de Bebeto, Ronaldo e Rivaldo comandado por Zagallo, cai nas semifinais diante da Nigéria.

» Pequim-2008 — Bronze

Com Dunga de técnico e Ronaldinho Gaúcho, o Brasil perde para a Argentina, de Messi, na semifinal.

» Londres-2012 — Prata

A geração de Neymar, liderada por Mano Menezes, perde o inédito ouro para o México,

por 2 x 1.