Atração de mais um “vale a pena ver de novo” no horário nobre do futebol, Copa das Confederações acabou amaldiçoada pelos campeões, desvalorizada pela Fifa e sem direito a despedida

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Fábrica de ilusões da Seleção Brasileira, a extinta Copa das Confederações será relembrada neste domingo em mais um “vale a pena ver de novo” da tevê Globo no horário nobre do futebol. Os internautas escolheram assistir aquele Brasil 4 x 1 na decisão de 2005. O último capítulo do torneio que reunia os campeões continentais foi disputado em 2017. Sem direito a adeus. Até o título da Alemanha contra o Chile, na Rússia, a indecisa Fifa planejava — a contragosto — realizar o tradicional evento em 2021, na China, um ano antes da Copa do Mundo do Qatar-2022. Até orientou a informação das vagas no regulamento das copas da Ásia, América, Eurocopa, África, Oceania e Ouro (Américas do Norte, Central e Caribe). Porém, desistiu. A competição acabou. Foi embora sem deixar saudade. Campeão da Copa América no ano passado, o Brasil teria vaga na edição de 2021 para tentar o penta. Só que não. O “me engana que eu gosto” acabou de verdade. Deu lugar e espaço no calendário para o novo Mundial de Clubes com 24 times, que será inaugurado no meio do ano de 2022.

Acabou por um motivo simples. Ao contrário de João Havelange e de Joseph Blatter, criadores do torneio, o novo presidente da Fifa, Gianni Infantino, considerava que a Copa das Confederações atraía pouco interesse e não era financeiramente vantajosa para a entidade. Curiosamente, a entidade máxima do futebol se apoderou do torneio por pura gana. A Arábia Saudita organizou as edições de 1992 e 1995 batizadas de Copa do Rei Fahd. A Fifa comprou a ideia e rebatizou de Copa das Confederações a partir de 1997.

Nenhum país levou tão a sério o torneio como o Brasil. A Seleção é a maior vencedora da Copa das Confederações. Conquistou quatro das oito edições chanceladas pela Fifa: 1997, 2005, 2009 e 2013. A tevê Globo reprisará a decisão de 2005 — goleada por 4 x 1 sobre a Argentina, no ensaio para o vexame na Copa de 2006. O Brasil caiu nas quartas de final contra a França.

Quando a Copa das Confederações foi ensaio para a Copa*

Confira o desempenho dos campeões no Mundial

  • 2001: França – Eliminado na fase de grupos da Copa de 2002
  • 2005: Brasil – Eliminado nas quartas de final na Copa de 2006
  • 2009: Brasil – Eliminado nas quartas de final na Copa de 2010
  • 2013: Brasil – Eliminado nas semifinais na Copa de 2014
  • 2017: Alemanha – Eliminada na fase de grupos na Copa de 2018

*A partir de 2001, o torneio passou a ser evento teste para o Mundial

A Copa das Confederações se despediu amaldiçoada. Jamais o campeão do torneio no ano anterior à Copa conquistou o Mundial. O torneio passou a ser evento teste para o principal torneio da entidade em 2001, no Japão e na Coreia do Sul. Desde então, França (2001), Brasil (2005, 2009 e 2013) e Alemanha (2017) ergueram o troféu. Nenhum deles conquistou a Copa que valia no ano seguinte, ou seja, em 2006, 2010, 2014 e 2018.

A excelente capa do Olé no dia seguinte ao Brasil 4 x 1 na final de 2005

A Copa das Confederações serviu também como prêmio de consolação para seleções que dificilmente conquistarão a Copa do Mundo. O México levou a taça em 1999 numa decisão eletrizante contra o Brasil de Vanderlei Luxemburgo. Austrália, Japão, Camarões, Estados Unidos e o Chile chegaram à final e estiveram muito próximos da conquista.

Aos poucos, a Copa das Confederações cairá no esquecimento como outros torneios inventados pela Fifa. O melhor deles não deveria ter sido extinto. Falo do Mundialito disputado em 1980, no Uruguai. Eu nem era nascido, mas li muito sobre o torneio. Reuniu os campeões mundiais até então — Uruguai, Brasil, Argentina, Alemanha, Itália e a convidada Holanda, vice em 1974 e 1978, separadas em dois grupos com três seleções. O campeão de cada chave decidiu o título. Anfitrião, o Uruguai deu a volta olímpica ao vencer o Brasil: 2 x 1.

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Marcos Paulo Lima

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