O mantra rubro-negro “deixou chegar” está às avessas: a concorrência chegou. Nem preciso citar Atlético-MG e Palmeiras. Fiquemos com Athletico-PR e Red Bull Bragantino. Estes dois times alertaram o soberbo Flamengo para o perigo com aquela tradicional plaquinha amarela que informa: “cuidado, homens trabalhando”. A diretoria e o elenco rubro-negro sentaram-se no tal discurso do outro patamar e esqueceram-se de que, embora não ostente o orçamento do clube carioca, a concorrência está aprendendo a lidar com as limitações para competir no Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil e torneios internacionais.
O Flamengo não venceu o Red Bull Bragantino neste ano. Perdeu por 3 x 2 no Maracanã no primeiro turno e amargou empate por 1 x 1 no Nabi Abi Chedid. Venceu o Athletico-PR com uma exibição de gala no Brasileirão, verdade, mas foi engolido em casa na semifinal da Copa do Brasil por um clube copeiro, campeão da Sul-Americana e da Copa do Brasil recentemente.
Há trabalho, também, no Fortaleza e em times modestos como o Cuiabá, que segurou o Flamengo no Rio, vendeu caro a derrota para o Atlético-MG, em Belo Horizonte, e superou o Palmeiras no primeiro turno dentro do Allianz Parque, em São Paulo.
Não basta escalar Gabriel Barbosa, Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Arrascaeta juntos. É preciso comando para fazê-los funcionar com excelência seja em quarteto, trio, dupla ou quando se tem um deles. A diretoria rubro-negra acertou em cheio ao trazer Jorge Jesus, mas não para de errar nas escolhas depois da passagem do português pelo Ninho do Urubu. Domenec Torrent, Rogério Ceni e Renato Gaúcho resgataram o padrão de qualidade em um jogo ou outro. Ceni até ganhou três títulos. O Flamengo era bem mais organizado sob a batuta do ex-técnico, mas incomodava por jogar travado na gestão dele.
Um dos pecados de Renato Gaúcho é a evidente limitação tática. A impotência rubro-negra para implodir ferrolhos como o montado por Jorginho d o Cuiabá ou Alberto Valentim na série contra o Athletico-PR tem exposto a carência de repertório da atual comissão técnica em meio à fartura de talentos. Isso diferencia, por exemplo, Rogério Ceni de Renato Gaúcho.
O ex-goleiro não é simpático nem tem obrigação de ser, mas apresentou algo diferente na conquista a trancos e barrancos do bicampeonato brasileiro. Goste ou torcedor ou não, recuou Willian Arão para a zaga e adicionou Diego Ribas ao time no papel de volante. Funcionou em certo momento. O time cresceu, arrancou na reta final da Série A e ganhou o título, óbvio, graças à incompetência do Internacional contra o Corinthians no Beira-Rio, na última rodada.
Mas pelo menos houve um truque em um recorte crítico da temporada. Ceni tirou algo da cartola. Foi seguro na final da Supercopa do Brasil, quando o Palmeiras exigiu alto nível do Flamengo no toma lá-dá-cá do empate por 2 x 2 no tempo normal e na decisão por pênaltis. Planejou um time nada brilhantes, mas pragmático na decisão do Carioca contra o Fluminense.
Ceni se virou, deu o jeito dele depois das eliminações na Copa do Brasil contra o São Paulo e da Libertadores diante do Racing. Renato Gaúcho terá repertório para reinventar o Flamengo em um mês até a decisão contra o Palmeiras ou vai esperar sentado pela união do quarteto?
O pedido de demissão no vestiário rejeitado por Marcos Braz e Bruno Spindel revelado por Cahê Mota no GE mostra um treinador acuado, enfraquecido, condenado a vencer o Atlético-MG, neste sábado, para injetar ânimo novo na veia. Os xingamentos e os clamores pelo Mister abalaram Renato psicologicamente. Estava escrito na fisionomia dele na entrevista coletiva.
Mas a lição dada pelo Athletico-PR vai além do gramado. Rodolfo Landim e seus comandados precisam entender rapidamente que os concorrentes estão trabalhando em busca de outros patamares que não sejam necessariamente o do Flamengo. O Atlético-MG pode terminar a temporada com a tríplice coroa — Estadual + Copa do Brasil + Brasileirão. Red Bull Bragantino ou Athletico-PR conquistarão a Sul-Americana. O Furacão tem chance, ainda, na Copa do Brasil. Se der Palmeiras na final da Libertadores, o que não é absurdo, óbvio, o elenco de R$ 200 milhões do Renato Gaúcho encerrará o ano com um mísero troféu: o Carioca!
O mantra rubro-negro “deixou chegar” está às avessas. A concorrência chegou.
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