Artigo | A sampdorização da Itália na Eurocopa

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Permita-me invadir a sua vida profissional. Você deve ter trabalhado em algum time dos sonhos no mundo corporativo. Aquela equipe que valeria a pena ser reconstruída a fim de viver tudo outra vez, ou escrever uma nova história, seja no papel de líder ou colaborador. Para mim, parte do sucesso da Itália na Eurocopa tem a ver com a montagem da comissão técnica.

Há 30 anos, a Sampdoria, clube da cidade de Gênova fundado em 1946, conquistava seu único título no Campeonato Italiano. Foram 51 pontos contra 46 do badalado Milan — bicampeão da Copa dos Campeões da Europa à época, rebatizada de Champions League.

Era mais um capítulo da era dourada da Sampdoria. O mais lindo. Em 10 anos, o time conquistou quatro edições da Copa Itália (1985, 1988, 1989 e 1994), uma Supercopa da Itália (1991), uma Recopa (1990) e perdeu a finalíssima da Liga dos Campeões para o Barcelona. O holandês Ronald Koeman, hoje técnico azul-grená, fez o gol do título catalão.

Mas o que a Sampdoria tem a ver com essa Itália favorita contra a Áustria, hoje, no início das oitavas de final da Eurocopa? O técnico Roberto Mancini; os auxiliares Alberico Evani, Attilio Lombardo e Giulio Nuciari; e o chefe da delegação Gianluca Vialli. Todos eles eram jogadores, fizeram parte daquela geração dourada da Sampdoria e estão juntos novamente, agora com a missão de tirar a Squadra Azzurra da fila de 52 anos sem título continental.

Mancini, Nuciari, Lombardo e Vialli jogaram com os brasileiros Toninho Cerezo e Silas sob a batuta do técnico sérvio Vujadin Boskov. Amargaram o vice da Champions League contra o Barcelona, de Koeman, Guardiola, Laudrup e Stoichkov, liderado pelo técnico Johan Cruyff.

Naquela época, o líder da Sampdoria em campo tinha gestão de técnico. Mais do que camisa 10, Mancini usava braçadeira de capitão. Colecionou sete troféus e três prêmios individuais.

Cercado de um grupo corporativo com mentalidade vencedora e espírito de equipe como a dele, Mancini “sampdorizou” a Itália nesta Eurocopa. Aos 56 anos, comanda uma seleção invicta há 30 jogos. Acumula 10 vitórias consecutivas. Não sofre gol há 11 partidas (1.055 minutos). Se não perder hoje, quebrará o recorde do técnico Vittorio Pozzo, maestro da Itália no bi da Copa do Mundo em 1934 e 1938. Pozzo ostentou 30 sem perder de 1935 a 1939.

Wembley é o palco perfeito da “sampdorização” da Itália. Ali, o time de Gênova atingiu o ápice na final da Champions League. No mesmo endereço, Mancini e seu velho grupo de trabalho podem ajudar a Itália a dar mais um passo para voltar ao templo do futebol inglês, em 11 de julho, na decisão da Eurocopa. Nada como um velho grupo para escrever uma nova história.

*Artigo publicado na edição impressa deste sábado do Correio Braziliense.

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Marcos Paulo Lima

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