A modernidade e a vulnerabilidade do Galo na vitória contra o Peñarol

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O Atlético-MG encanta, arranca suspiros, porém a diversão ainda não dura muito tempo por uma razão simples: a rotação exigida pelo técnico Gabriel Milito é altíssima. A intensidade do jogo suga energia e o gás costuma baixar na etapa final. Sobretudo quando o resultado é favorável e até mesmo confortável. O Galo ostentava 3 x 0 contra o Peñarol aos 12 minutos do segundo tempo e baixou a guarda. Relaxou, cochilou e despertou assustado com dois gols do time uruguaio e uma bola na trave. Por pouco Diego Aguirre não voltou a Montevidéu com 3 x 3.

Meu encantamento com o Galo tem a ver com a modernidade do sistema de jogo. O conceito não deixa a desejar na comparação com as ideias avançadas dos times mais dominantes da Europa . Vejo, por exemplo, um Atlético emulando peripécias de Pep Guardiola em trechos das partidas no sistema 3-2-2-1. A linha de três à frente do goleiro não necessariamente tem  zagueiros de ofício. Só havia um..

Sarabia, Battaglia e Jemerson formaram a trinca. Na proteção, Otávio na direita e  Alan Franco na esquerda nos papéis de cães de guarda. Mais dois homens no meio de campo com Paulinho na meia direita e Zaracho na meia esquerda. Na frente, Gustavo Scarpa partindo da direita como um ponta-direita, Guilherme Arana praticamente como ponta-esquerda e Hulk centralizado com um arsenal de opções atrás dele.

A configuração é mutante com a posse de bola. É possível enxergar um 3-2-2-3 ou 3-2-5 na fase ofensiva se preferir, e 4-4-2 defensivamente. Sarabia, Battaglia, Jemerson e Arana formam a primeira linha; Scarpa,Otávio, Alan Franco e Zaracho a segunda; e Paulinho e Hulk iniciando a marcação na frente. Peñarol não viu a cor da bola no primeiro tempo. Foi sufocado. Saiu para o intervalo perdendo parcialmente por 2 x 0. Os lances fluíram nos gols de Scarpa e de Paulinho.

Scarpa amplia o placar no início da etapa final e ironicamente o panorama do jogo muda. Aguirre havia feito três substituições antes de sofrer o terceiro, porém as intervenções funcionaram. Principalmente a aposta em Gaston Ramírez. O camisa 10 mudou a dinâmica do Peñarol. Fez o time jogar, entrincheirar o Galo no campo de defesa. Estudioso, o técnico uruguaio passou a explorar um dos pontos fracos do Atlético de Milito: a vulnerabilidade nas bolas pelo alto. O primeiro gol do adversário é de cabeça com origem na esquerda do sistema defensivo. O segundo é construído pela direita em cima de Sarabia. A trave salvou o goleiro Everson de sofrer o terceiro e o Galo venceu o terceiro jogo consecutivo na fase de grupos. Encerra o turno com 100% de aproveitamento. A tendência é o Atlético avançar com a melhor campanha geral.

Tudo é perfeito? Não! Oitava partida sob a batuta de Gabriel Milito e quatro gols sofridos de cabeça. Há um atalho para agredir o sistema defensivo atleticano: o setor dos laterais Arana e do zagueiro Jemerson. Cinco gols tiveram origem naquela fatia da defesa, de onde Leonardo Fernandez ergue a bola na área para a cabeçada de Maximiliano Olivera. O início de trabalho também deixa o Galo vulnerável quando o adversário decifra o sistema de Milito. Aguirre equilibrou o jogo no segundo tempo. O Peñarol encurrala o dono da casa até o apito final.

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Marcos Paulo Lima

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