A candidatura de Ronaldo à presidência da CBF e o colégio eleitoral misógino

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A candidatura de Ronaldo à presidência da CBF está oficializada e começou a ser articulada em Brasília como revelou o Drible de Corpo em post publicado no dia 21 de novembro. O Fenômeno também confirmou as negociações para a venda do Valladolid, como informou o blog no mesmo texto.

A partir de agora, Ronaldo precisa do apoio de quatro das 27 federações e de quatro dos 40 clubes das Séries A ou B de 2025 para inscrever a chapa e entrar para valer na disputa contra Ednaldo Rodrigues. O atual presidente contabiliza apoio de 25 federações.

Eleito em março de 2022, o dirigente é sustentado há 11 meses por uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal. O julgamento está parado devido a um pedido de vistas do ministro Flávio Dino na sessão realizada em 9 de outubro.

Ronaldo falou em uma entrevista depois da despedida de Adriano no último domingo, no Maracanã, que espera ter “chance de concorrer em uma eleição justa”. A maior prova de que o pleito é no mínimo desajustado e sem isonomia vai muito além da diferença de peso entre os votos das federações, dos clubes da Série A e dos times da Série B Os votos das federações têm peso 3 (81 pontos). Os 20 times da Série A masculina, peso 2 (40 pontos). Os da B masculina, peso 1 (20 pontos).

Vamos a um detalhe: em pleno século 21, os clubes do futebol feminino não têm direito a se manifestar na escolha do presidente. Estamos falando do Brasil, país sede da Copa do Mundo Feminina de 2027. As equipes das Séries A1 e A2 simplesmente não têm voz. A regra eleitoral vigente desconsidera os times do futebol feminino.

8 times femininos das Séries A1 ou A2 que não estão na Série A nem na B masculina não fazem parte do colégio eleitoral: 3B, Real Brasília, Ação, JC, Minas Brasília, Mixto, São José e Taubaté

Sim, há 23 clubes em comum no futebol masculino e no feminino, dirão os defensores do atual formato de disputa eleitoral, mas ainda que este seja um argumento válido, e os outros oito que só constam no feminino?

Exemplo: o Real Brasília e o 3B de Manaus disputam a Série A1 e não votam. Outros seis times da Série A2, incluindo o Minas Brasília do Distrito Federal, não têm direito a opinar. Houve revisão recente no Estatuto da CBF. O assunto sequer entrou na pauta da entidade.

Das 27 federações, 20 clubes da Série A e 20 da Série B masculinas no ano da eleição, apenas duas são representadas por mulheres: a Federação Paraibana de Futebol comandada por Michelle Ramalho e a Sociedade Esportiva Palmeiras liderada pela reeleita Leila Pereira.

O estatuto da CBF simplesmente ignora a existência das Séries A1 e A2 do futebol feminino no colégio eleitoral. Uma gravíssima contradição no discurso de uma entidade que tem se engajado em fazer uma campanha maciça de demonstração de apoio ao futebol feminino.

Os clubes das Séries A1 e A2 do Brasileirão Feminino sem direito a voto deveriam se unir e pedir isonomia política nas próximas eleições da CBF. Isso pode demandar a convocação de uma assembleia para atualizar o misógino estatuto, pois que seja assim em nome da justiça nesta ou na próxima eleição.

Colégio eleitoral da CBF: Quem vota?

26 federações estaduais + Distrito Federal

Peso: 3 (81 pontos)

20 clubes da Série A masculina em 2025

Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Bragantino, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Mirassol, Palmeiras, Santos, São Paulo, Sport, Vasco e Vitória.

Peso: 2 (40 pontos)

20 clubes da Série B masculina em 2025

Athletico-PR, América-MG, Amazonas, Atlético-GO, Athletic-MG, Avaí, Botafogo-SP, Chapecoense, CRB, Criciúma, Coritiba, Cuiabá, Ferroviária, Goiás, Novorizontino, Operário-PR, Paysandu, Remo, Volta Redonda e Vila Nova.

Peso: 1 (20 pontos)

E os times de futebol feminino?

16 times da Série A1 Feminina em 2025

Peso do voto: 0 (não votam)

Só votam os que por coincidência constam nas Séries A ou B do Brasileiro masculino

3B Amazonas*, América-MG, Bahia, Corinthians, Cruzeiro, Ferroviária, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Juventude, Palmeiras, Bragantino, Real Brasília*, São Paulo e Sport.

*Não vota no masculino nem no feminino

16 times da Série A2 Feminina

Peso do voto: 0 (não votam)

Só votam os que por coincidência constam nas Séries A ou B do Brasileiro masculino

Ação-MT*, Athletico-PR, Atlético-MG, Botafogo, Fortaleza, JC-AM*, Avaí/Kindermann, Minas Brasília*, Mixto*, Paysandu, Remo, Santos, São José*, Tabauté*, Vasco e Vitória.

*Não vota no masculino nem no feminino

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Marcos Paulo Lima

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Marcos Paulo Lima
Tags: CBF colégio eleitoral eleição Futebol Feminino presidente da CBF Ronaldo

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