10 razões para o Barcelona ter escolhido Ernesto Valverde como seu novo técnico

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Aos 53 anos, Ernesto Valverde é oficialmente o novo treinador do Barcelona. Atacante nos tempos de jogador, o treinador tem história no clube sob a batuta de um dos ex-jogadores e ex-treinadores mais vitoriosos da histórica do clube — o ídolo Johan Cruyff. Na temporada de 1989/1990, ganhou a Copa do Rei da Espanha em cima do arquirrival Real Madrid em um timaço que tinha Zubizarreta, Ronald Koeman e Michael Laudrup. Era reserva. Em 1988/1989, faturou a Recopa da Europa ao derrotar a Sampdoria, da Itália. O time já tinha Gary Lineker. Portanto, foi difícil para ele ser titular.

Como treinador, Ernesto Valverde causou problemas ao Barcelona. Em 2015, derrotou o time de Luis Enrique — seu antecessor — por 5 x 1 no placar agregado da final da Supercopa da Espanha. Esse é um dos poucos títulos que o comandante tem no currículo. Os outros são um tricampeonato grego pelo Olympiacos, em 2009, 2011 e 2012. E um vice da Copa da Uefa em 2006/2007 à frente do Espanyol.

A seguir, apresento 10 razões para o Barcelona ter escolhido Ernesto Valverde como seu novo técnico.

  1. DNA

Sob o comando de Enersto Valverde, o Athletic Bilbao sempre tentou ser protagonista, tentou assumir o controle das partidas. Assim como o Barcelona, é um treinador que gosta de ter a posse de bola justamente para manter o DNA ofensivo. Em 2015, conseguiu a proeza de superar o Barcelona na final da Supercopa da Espanha, torneio que abre a temporada espanhola colocando frente a frente o campeão nacional contra o vencedor da Copa do Rei. Na primeira partida, goleou o timaço azul-grená de Luis Enrique por 4 x 0, com direito a Messi em campo. Na partida de volta, segurou o 1 x 1 e comemorou o título dentro do Camp Nou — onde conquistou dois títulos como jogador do Barcelona: a Copa do Rei, em 1989/1990 diante do Real Madrid, e a Recopa, em 1988/1989, contra a Sampdoria, da Itália. Na época, jogou no Barcelona, sob o comando de Johan Cruyff, com o zagueiro brasileiro Aloísio, ex-Internacional.

A formação de Ernesto Valverde que goleou o Barcelona por 4 x 0 na final da Supercopa da Espanha de 2015
  1. Sistema tático

O pensamento de Ernesto Valverde combina em parte com a filosofia de jogo do Barcelona. Durante o período em que comandou o Athletic Bilbao, foi fiel a pelo menos dois sistemas táticos: o 4-2-3-1 (seu preferido ao longo da carreira) e o 4-3-3, este último bem mais familiar ao clube catalão. Nesta temporada, por exemplo, San José e Beñat eram os homens responsáveis por blindar a zaga. A dupla ficava atrás na linha de três meias formada por Iñaki Williams, Raúl Garcia e Susaeta. No ataque, Aduriz como homem de referência, exatamente como o Barcelona vem jogando nos últimos anos, com o trio MSN: Messi, Luis Suárez e Neymar.  Quando necessário, Valverde usa até dois centroavantes. Ernesto Valverde é muito refém do 4-2-3-1. Desapergar-se do sistema tático usado também no Valencia e no Olympiacos será um dos desafios no novo emprego. Tito Vilanova, Gerardo Martino e Luis Enrique usavam o 4-3-3. O 4-2-3-1 poderia fazer de Messi um meia centralizado, com Neymar aberto pela esquerda e, quem sabe, Philippe Coutinho na outra ponta, e Luis Suárez como referência na frente. Atrás da trinca de meias, Busquets e outro sonho de consumo, Ander Herrera. Óbvio, é apenas um exercício de futurologia. Iniesta e Rakitic aceitariam o banco? A ver…

4-2-3-1 no sétimo lugar no Espanhol. Sistema tático predileto de Ernesto Valverde

  1. Pressão alta e linhas avançadas

Uma das características de Ernesto Valverde é fazer o seu time pressionar o adversário no campo de defesa inimigo. O Athletic Bilbao fazia isso em jogos dentro e fora de casa. Foi assim, principalmente, nos duelos com o Barcelona, sobretudo na tentativa de evitar que Lionel Messi tocasse na bola. Um dos trunfos muito ensaiados pelo treinador é adiantar a linha de defesa a fim de deixar o ataque inimigo em impedimento — a chamada linha burra. Ou inteligente para quem sabe realizá-la com moderação.

Projeção de um novo Barcelona no sistema tático predileto de Valverde: o 4-2-3-1

  1. Preparador físico

Um dos segredos dos bons trabalhos de Ernesto Valverde é o preparador físico José Antonio Pozanco. O homem de confiança do novo treinador do Barcelona jogou nas divisões de base do clube catalão. Um problema cardíaco o fez pendurar as chuteiras precocemente.  Em entrevista recente à revista do Athletic Bilbao, Pozanco comentou. “Muitas vezes, o importante em um técnico não é como treina ou desenvolve o deu trabalho no dia a dia, mas como gerencia o vestiário, o que acontece a portas fechadas, o que não se vê. Nisso, Ernesto Valverde é excelente”, elogiou.

  1. Método de trabalho

Com Ernesto Valverde, o Athletic Bilbao treinava às 10h30. A atividade costumava durar no máximo uma hora e meia. Depois disso, apenas trabalhos internos usando a estrutura do clube. Na maioria das vezes, tarde livre. O Athletic Bilbao não tem por hábito ir para a concentração na véspera das partidas disputadas em casa. Ernesto Valverde também tem por costume viajar no dia da partida e voltar após o jogo — um estilo que agrada os medalhões do Barcelona. Nos primeiros dias da semana, treina com as portas abertas. Perto do jogo, realiza as chamadas atividades secretas.

  1. Temperamento

O relacionamento com o vestiário foi um dos grandes problemas de Luis Enrique com o elenco do Barcelona nas primeiras temporadas. Essa foi uma qualidade observada pelo Barcelona no de Ernesto Valverde. O treinador do Athletic Bilbao tem fama de gerenciar muito bem o vestiário, com muita capacidade de diálogo com o grupo. No Athletic Bilbao, era elogiado pela interação com os jogadores e por suas decisões claras, evitando confrontos internos.

  1. Respeito

Em quatro anos de trabalho à frente do Athletic Bilbao, não há relatos de guerrinhas de vaidade no elenco. Ernesto Valverde é elogiado por saber tratar seus jogadores com carinho. Além disso, mostrou habilidade ao gerenciar momentos de crise nas quatro temporadas no ex-clube.

  1. Homens de confiança

Ernesto Valverde tem um braço direito e um esquerdo. Gosta de ouvi-los antes de tomar as suas decisões, mas, no fim, é quem bate o martelo. Jon Aspiazu e José António Pozanco, o preparador físico que mencionei anteriormente. Ernesto Valverde jogou com Aspiazu no Sestao, em 1985/1986, e depois começou a trabalhar como ele como seu auxiliar na primeira passagem como técnico do Athletic Bilbao, em 2003/2004.

  1. Resiliência

Na temporada de 2011/2012, o Athletic Bilbao disputou a final da Liga Europa sob o comando de Marcelo Bielsa. Perdeu o título para o Atlético de Madri. Do time-base que Ernesto Valverde encontrou ao assumir o clube, apenas quatro jogadores continuam até hoje no elenco. Em quatro anos, ele perdeu nomes como Ander Herrera, Fernando Llorente, Iraola, Gurpegui e Amorebieta. As perdas obrigaram o treinador a fazer reposições. Beñat, Balenziaga, Mikel Rico e Raúl Garcia foram boas aquisições no constante trabalho de remontagem do time.

  1. Poucas manias

Superstição não é com Ernesto Valverde. Longe dele ser um Cuca da vida. Mas o novo treinador do Barcelona tem suas manias. Uma delas, viajar com sua inseparável câmera fotográfica. Inclusive já expôs suas imagens no Centro de Fotografia Contemporânea de Bilbao. Tem até um livro chamado Medio Tempo, com fotos em preto e branco captadas de 2004 a 2012. Nas viagens e nas concentrações, gosta de ler. Adora andar de moto e de bicicleta.

Marcos Paulo Lima

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