O suspense vai durar, pelo menos, mais alguns horas. Por enquanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello manteve o sigilo sobre vídeo que a Polícia Federal apresentou hoje de manhã aos investigadores, ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e seus advogados. Porém, a parte relativa à investigação, ou seja, se houve uma tentativa de interferência na Polícia Federal, deve ser liberada, depois da análise do ministro-relator. Especialmente, as cobranças do presidente da República ao seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, naquela reunião de 22 de abril. A dúvida que levou o ministro a refletir, antes de liberar o vídeo, são os comentários sobre outros assuntos, como, por exemplo, a relação com a China. Quem viu o vídeo teme por um incidente diplomático, algo que não tem nada a ver com a investigação em curso no STF. Daí, a tendência de liberar apenas o trechos com referências a Moro e à troca de comando na PF.
Desde o início da tarde, quando terminou a exibição do filme na sede da Polícia Federal em Brasília e as primeiras informações começaram a ser divulgadas, o mundo da politica se viu sob forte tensão, porque as informações são as de que as falas do presidente são estarrecedoras, ao ponto de dizer que, se não pudesse trocar o superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o ministro. Chegou ao ponto de o próprio presidente vir a público para desmentir as informações obtidas nos bastidores, por integrantes da PF: “Não existe eu falando superintendência da Polícia Federal, nada disso. Esse vídeo, espero que as questões sensíveis sejam mantidas sobre sigilo. Agora, da parte tocante ao inquérito está liberado, até os palavrões que falei, sem problema nenhum”, disse Bolsonaro agora, no início da noite.
O presidente tenta minimizar suas declarações durante a reunião para ver se consegue acalmar, não só o mercado, que levou o dólar a R$ 5,88. A preocupação dentro do governo cresce a cada dia com a economia, diante de um quadro de saúde que se mostra a cada dia mais grave, haja visto o registro de 881 mortes nas últimas 24 horas, o que levou o Brasil a ultrapassar os 12 mil mortos. Ou seja, a tempestade perfeita continua e parece distante de perder força.