Via de mão dupla

Publicado em coluna Brasília-DF

 

 

Mal o senador Aécio Neves reassumiu seu mandato, os peemedebistas colocaram na roda a atitude do presidente do Conselho de Ética, João Alberto, que arquivou o pedido de abertura de processo contra o tucano. Citavam esse movimento como um gesto amistoso do PMDB para com o PSDB. Agora, com Aécio de volta e o presidente Michel Temer ainda no trabalho de pular fogueira, os peemedebistas fazem chegar aos tucanos que é hora de o PSDB ter um gesto semelhante para com o presidente Michel Temer na Câmara.

Mercado futuro

Entre advogados e integrantes do Ministério Público, a concessão de liberdade a Rodrigo Rocha Loures foi vista como uma questão de estratégia. Agora, em casa, há quem diga que a descompressão levará o ex-deputado a cometer algum erro que termine por criar o tal “fato novo” capaz de levar a uma mudança dos ventos no plenário da Câmara.
Mercado atual

Estratégias à parte, há quem diga que o ministro Edson Fachin decidiu soltar o ex-deputado porque se viu isolado, depois que o ministro Marco Aurélio soltou todos os demais citados nas delações de Joesley Batista. Rocha Loures inclusive devolveu o dinheiro, entregou o passaporte e não tem antecedentes criminais.
Até aqui, tudo bem

Ninguém ligado a Rocha Loures menciona que ele partirá para a delação premiada. Porém, alguns procuradores esperam que a convivência com a família, especialmente, a mulher, no final da gravidez, podem levar o ex-deputado a rever essa decisão.

Trabalhista passa

Depois da vitória na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a aposta dos líderes aliados ao presidente Michel Temer é a de que a reforma trabalhista será aprovada por um placar bem acima dos 50 votos. Os mais otimistas sugerem algo entre 58 e 61 votos.

Já a Previdência…

Embora o placar previsto pelos mais otimistas seja suficiente para aprovar a reforma previdenciária, não dá para fazer qualquer aposta. Hoje, o assunto está na Câmara como paciente terminal, desenganado pelos médicos.

PT versus ex-PT/ Quando petistas e ex-petistas resolvem debater, invariavelmente, pega fogo. Ontem, não foi diferente. Cristovam Buarque compareceu ao plenário, atendendo a um pedido de Paulo Paim (PT-RS), para debater a reforma trabalhista e viveu um embate flagrado apenas pela repórter Natália Lambert, do Correio.

PT versus ex-PT 2/ A rusga começou quando Cristovam tentou defender a intrajornada de trabalho — a redução do intervalo de almoço para meia hora prevista no projeto. “A sua linha de raciocínio me lembra o tempo dos escravocratas”, rebateu Paim. A comparação irritou Cristovam. “Não me confunda com esse tipo de gente. O senhor sabe pelo que eu luto. E eu luto para completar a abolição da escravatura que ainda não foi completada.”

PT versus ex-PT 3/ Cristovam foi além: “Quando falo que tem que ter dinheiro para escola, e não para estádio, o senhor defende o contrário. Como o seu governo fez neste país”. Paim estrilou: “Governo que vossa excelência fez parte”, lembrou.

PT versus ex-PT 4/ A partir daí os ataques foram para o lado pessoal: “Fiz parte sim e saí”, disse Cristovam. “Saiu porque foi posto na rua”, respondeu Paim ao lembrar que Cristovam foi demitido por Lula. “Fui posto para rua com muito orgulho, senador. Agradeço a Deus”, falou Cristovam. “E depois traiu sua presidenta”, acusou Paim. “Vou embora porque não dá para debater com vossa excelência. Achei que o nível seria outro (…) O senhor está muito agressivo”, falou Cristovam. A TV Senado perdeu essa. Como a sessão não foi oficialmente aberta, não houve transmissão. Naquele momento passava na tevê um discurso antigo da senadora Fátima Bezerra (PT-RN).