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Um orçamento com tudo para dar errado

Publicado em Política

Por Carlos Alexandre de Souza

Um orçamento com tudo para dar errado

A aprovação do Orçamento de 2022 ficou do jeito que os congressistas gostam. A proposta que segue para a sanção presidencial assegura um recurso escandaloso para as campanhas eleitorais — uma fábula de praticamente R$ 5 bilhões; prevê um reajuste para setores específicos do eleitorado, em detrimento de cidadãos “comuns”; pouco esclarece o questionamento do Supremo Tribunal Federal em relação à falta de transparência com as emendas parlamentares. E o mais grave: em nada contribui para enfrentar o gravíssimo problema fiscal guardado para os próximos 12 meses.
Outro ponto a chamar a atenção sobre o Orçamento de 2022 é o empenho do Palácio do Planalto e do ministério da Economia — em tese, os primeiros interessados em ver uma proposta orçamentária responsável. O presidente Jair Bolsonaro acompanhou as negociações do Guarujá (SP), entre passeios de lancha e músicas de funk. Apenas interrompeu a folga para assegurar o reajuste aos policiais federais, em uma articulação capitaneada há semanas pelo ministro da Justiça, Anderson Torres. Paulo Guedes, aquele que comenta o “barulho da política”, saiu de férias.
Esse pode ser orçamento do último ano do governo Bolsonaro. Não é bom o que se desenha para 2023.
Um e outro
As evasivas do ministro Marcelo Queiroga em relação à imunização de crianças repetem o comportamento do seu antecessor, Eduardo Pazuello. Em 16 de dezembro de 2020, ao anunciar o Programa Nacional de Imunização, o general saiu-se com uma de suas famosas frases. “Para que essa ansiedade? Para que essa angústia?”

Assim, sem pressa
A imunização contra a covid-19 no Brasil começou um mês depois, em 17 de janeiro de 2021. Coube à enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, receber a primeira dose de Coronavac para enfrentar o novo coronavírus. A julgar pelo comportamento de Queiroga, o governo ainda não se vacinou contra o vírus da morosidade.

Corrida pela vaga 
A eleição do senador Antônio Anastasia para a vaga da Casa no Tribunal de Contas da União (TCU) acelerou a discussão interna na Câmara dos Deputados para a escolha de um nome a ser indicado no ano que vem para substituir a ministra Ana Arraes.

Partido, mulheres e feijoada
Na disputa pelos votos dos seus pares, o deputado Johnathan de Jesus (Republicanos-RR) já foi oficializado como candidato de seu partido. A deputada fluminense Soraya dos Santos (PL) busca consolidar seu nome na bancada feminina, e o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) promove jantares regados a feijoadas noturnas.

Por fora
Correm por fora da lista de favoritos o relator do Orçamento da União de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

Mais um do PSD?
A eleição do senador pessedista Antônio Anastasia pode atrapalhar os planos de Hugo Leal, já que os dois são do mesmo partido. Dificilmente as demais legendas, especialmente as pertencentes ao Centrão, darão as duas vagas do Congresso Nacional a uma única sigla.

Fora do mapa
A situação política e o futuro do PT e do PSB estão fora da roda das conversas entre os dois partidos para consolidar a aliança das duas legendas na montagem do palanque presidencial da chapa Lula-Alckmin. Sem candidatos fortes em Brasília com Rafael Parente (PSB) e Professora Rosilene (PT), as direções nacionais tendem a impor os nomes para a disputa ao Buriti e Senado, que pode até ser uma terceira alternativa.
Concurso sob suspeita
O concurso para a professor da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), da Universidade Federal de Goiás (UFG), corre risco de ser impugnado. Motivo: suspeita de favorecimento de um dos candidatos aprovados. Concorrentes que se sentiram prejudicados ingressaram com recursos administrativos ao Departamento de Comunicação e à reitoria, e preparam ações judiciais denunciando as supostas irregularidades.

Relação próxima
Isso porque dois professores que fizeram parte da banca de seleção mantêm relação próxima com um dos aprovados. Não apenas orientaram o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do candidato, como atuaram em conjunto em diversos projetos de extensão e até prêmios receberam. Pesa, ainda, o fato de o aprovado e os professores terem, também, publicado um capítulo de livro em parceria. Todas essas informações podem ser comprovadas no currículo acadêmico do candidato aprovado, disponível na plataforma Lattes.