Um líder, um senhor

Publicado em coluna Brasília-DF

No papel de líder do governo, a primeira preocupação de André Moura (PSC-SE) foi tentar acabar com a tarja “centrão” versus “oposição tradicional” na base que terá a missão de controlar a partir de hoje. Nesse sentido, ele foi muito claro ao líder do PSDB, Antônio Imbassahy, quando perguntado sobre como agirá no caso de a cassação de Eduardo Cunha chegar ao plenário da Casa, algo que o tucano avisou logo de saída torcer e trabalhar para que ocorra: “Sou líder do governo e não do Eduardo Cunha, embora ele seja meu amigo. Farei o que o governo mandar”. Essa será a hora da verdade.
Tem tempo: Moura foi aconselhado a não fazer bloco para evitar o racha da base de Temer, ensaiado ontem: “Não vamos nos submeter ao Centrão”, dizia o deputado Danilo Forte (PSB-CE), irritado com a nomeação de um deputado que considera ter sido nomeado para o cargo por causa da ligação com Eduardo Cunha.

O alvo
Além de Furnas, o PMDB de Minas Gerais mira a Companhia Desenvolvimento Vale do Jequitinhonha (Codevale). Vai brigar com o PSB, que tem indicações por lá, e com o PMDB do Pará, que conquistou a Integração e não vê a hora de dominar as empresas do setor.

Por falar em PSB…
O mais jovem dos ministros de Michel Temer, o de Minas e Energia, Fernando Filho, atraiu os olhos do Planalto: não criou problema, se antecipou ao caso da Eletrobras e, para completar, nomeou para secretário-executivo um técnico sem filiação partidária.

Por etapas
O governo Michel Temer vai separar as reformas previdenciária e trabalhista. Primeiro, a Previdência, considerada crucial para o pagamento das aposentadorias e pensões. Quanto à trabalhista… Bem, do jeito que andam as acusações sobre o ex-presidente Lula, muita gente aposta que ele não estará para criticar qualquer proposta governamental em praça pública.

Frase
Não tem centrão, tem as forças que votaram a favor do impeachment. E o adversário dessas forças é o PT. Se o governo deixar crescer essa divisão, vai errar”
Roberto Freire, presidente do PPS

Manobra radical I
O advogado do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), denunciado por corrupção e lavagem na Operação Acrônimo, quer anular todo o caso. Em petição de mais de 30 páginas ao Superior Tribunal de Justiça, Eugênio Pacceli diz que o flagrante do avião de Benedito Rodrigues, o Bené, amigo do petista, foi ilegal porque está baseado em denúncia anônima sem apuração preliminar e sem autorização judicial.

CURTIDAS

Renan pendular/ Os palacianos notaram: um dia depois de prometer ajudar o governo Temer, Renan Calheiros teceu críticas à inclusão da Cultura no guarda-chuva do Ministério da Educação.

Quase uma fila/ Não faltou servidor da Receita Federal disposto a participar das ações de busca e condução coercitiva da última fase da Zelotes, que deu “baculejo” no ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Todo mundo querendo pegar o antigo chefe.

Na área/O deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi ontem falar com o ministro Geddel Vieira Lima no Planalto. Jura que era apenas uma visita de cortesia.

Revezamento/ Ex-ministros e amigos de Dilma Rousseff têm feito questão de visitar a presidente afastada no Alvorada. Na terça-feira, foi a vez da ex-ministra da Agricultura senadora Kátia Abreu, que ontem fez seu discurso de retorno ao mandato.