Depois de analisar parte dos documentos que instruíram o processo contra o ex-controlador do Banco Master Daniel Vorcaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli determinou à Polícia Federal que tome os depoimentos dos investigados e também do pessoal do Banco Central, num prazo de 30 dias, seja por videoconferência, seja presencialmente, numa sala do STF. Abre ainda a possibilidade de quebra de sigilos fiscal, de telefonemas e mensagens trocadas pelos investigados, e pede que a fundamentação desses pedidos seja feita caso a caso. Num trecho da decisão, Toffoli menciona necessidade de “diligências urgentes”. Isso significa que o fim de ano será de muito movimento e pouco sossego para quem tiver explicações a dar sobre as fraudes praticadas no Master. Na prática, é a retomada das investigações com os documentos sob custódia do gabinete do ministro.
Vorcaro havia sido preso em 17 de novembro, quando se preparava para viajar a Dubai, nos Emirados Árabes. A avaliação naquele momento foi a de que ele estava numa rota de fuga. A defesa, entretanto, apresentou a reserva do hotel para o período em que ele iria proceder a venda do Banco a investidores estrangeiros. Com a prisão, o negócio foi desfeito. Vorcaro deixou a prisão há 15 dias, usando tornozeleira eletrônica e não pode se afastar do país. O Banco Central liquidou o Master no mês passado. Seus diretores também serão chamados a prestar depoimento a fim de esclarecer a parte técnica da alavancagem e o risco ao Sistema Financeiro Nacional.
Na semana passada, Toffoli havia determinado, por liminar, que os documentos de quebra de sigilo encaminhados à CPMI do INSS ficassem guardados na Presidência do Senado até que o ministro avaliar o mérito do pedido de anulação dessa quebra. A tendência, entretanto, depois de determinar que a PF apresente os pedidos de quebra dos mesmos sigilos, é a de que pelo parte desse material seja liberado.
Toffoli está sob o comando do processo do caso Master, desde a soltura de Vorcaro. Em 3 de dezembro, em decisão monocrática, o ministrou puxou o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF) tudo o que estiver relacionado ao episódio envolvendo o banco de Daniel Vorcaro e o BRB, que se preparou para comprar o Master, numa operação que terminou desfeita, recheada de suspeitas. A fraude do Master chega a R$ 17 bilhões. A mudança de foro se deu por causa de um imóvel de luxo em Trancoso (BA), onde há a suspeita de uma empresa ligada ao deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), que tem prerrogativa de foro.

