Tchau, querido

Publicado em coluna Brasília-DF

Passadas as declarações de solidariedade ao ex-presidente Lula, começa a se formar a primeira onda pós-condenação, arrastando para longe do PT os peemedebistas que se preparavam para caminhar com o ex-presidente. Renan Calheiros, em Alagoas; Eunício Oliveira, no Ceará, recolheram os movimentos de aproximação. A ordem agora é esperar até o fim de março para ver como as forças da política se acomodarão.
Aí virá a segunda onda, a de formação de alianças. A tendência é de crescimento das forças de centro, um movimento que já preocupa inclusive os partidos de esquerda. Tanto é que muitos deflagraram conversas sem Lula e sem o PT para tentar construir pontes em busca de futuros acordos capazes de fornecer alguma musculatura eleitoral.

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Embora ainda haja muita água para passar debaixo da ponte antes de o período eleitoral começar de fato, já tem muita gente preocupada com a pulverização em curso, capaz de tirar todos os candidatos com um viés à esquerda de uma batalha final pelo comando do país. A preocupação vem no sentido de não deixar que tudo se concentre no centro e na extrema-direita, hoje representada por Jair Bolsonaro. É o cenário que ronda a cabeça de muitos representantes de partidos que um dia se aliaram ao PT e vai nortear as conversas daqui para frente. Os peemedebistas, habituados a perceber os movimentos e as ondas, antes que provoquem grandes estragos, estão cuidando da própria vida, longe de conversas presidenciais no momento. Como têm força em seus respectivos estados e tempo de tevê, vão se preparar para serem cortejados. Hoje, entretanto, têm uma certeza: PT, sem Lula e pregando desobediência civil, não dá.

Se liga, Geraldo

Em conversas reservadas, peemedebistas têm dito que, se o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tivesse jogado firme para ajudar Michel Temer a se livrar das denúncias do então procurador-geral da República Rodrigo Janot, seria desde já o candidato do partido. Agora, ou põe a bancada para votar a favor da reforma da Previdência, ou o PMDB buscará outro caminho.

Geraldo tá ligado

O governador paulista sabe que são remotas as chances de o PMDB apoiá-lo. Por isso, corre para fechar um acordo com o PSB, na linha de melhor um PSB na mão do que um PMDB, um DEM e um PSD voando.

Por falar em PMDB, DEM e PSD…

Entre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o PMDB fica com Maia. Entre Maia e o presidente Michel Temer, prefere Michel.

E o Bolsonaro, hein?

O deputado comentou com amigos que vai se preparar para receber ataques de todos os demais candidatos. Foi assim com Marina Silva, quando ela apareceu bem nas pesquisas em 2014. Ele considera que, a partir de agora, com Lula condenado, terá de rever o discurso contra o PT e bolar uma estratégia para enfrentar os partidos de centro.

Histórias de Marun // O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, revela-se a cada dia um grande contador de “causos”. Dia desses, houve quem ficasse admirado com a história que ele contou de outro gaúcho, Olívio Dutra: “Certa vez, estava com meu filho no estádio de futebol e disse para o guri: “Cumprimenta esse aqui que é um homem honrado”. Era o ex-governador petista.

Divisão // Uma viagem de ônibus da Viação São José, na sexta-feira pela manhã, quase acaba com uma briga entre os passageiros. Bastou um sujeito comemorar a condenação de Lula para que uma mulher gritasse a plenos pulmões em defesa do petista. O homem se alterou. Ela também. Foram contidos pela turma do “deixa disso”. Menos mau.

E os drones? // Sugestão de uma leitora: Em vez de o governo usar essas engenhocas para multar os motoristas, o governo do Distrito Federal poderia usá-los para ampliar a segurança pública, prevenir assaltos e identificar bandidos em locais movimentados. Faz sentido.

De volta // Joaquim Barbosa (foto) aproveitou a noite de sexta-feira num badalado bar do Lago Sul. Não estava com a menor cara de quem deseja concorrer a presidente da República.