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As armas de cada um: expectativa é de ataques na propaganda eleitoral
Com 10 minutos para cada finalista desfilar propostas no horário eleitoral deste segundo turno, dá para fazer uma novela. E nesse sentido, vem por aí uma série de ataques ao adversário. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que saiu na frente no primeiro turno, dividirá o horário em três partes: uma tratará do futuro do país, vendendo a ideia de que democracia representa comida à mesa, emprego, casa, educação e renda; a segunda, combate às fake news contra o candidato; e, por fim, dizem os petistas, mostrar quem é o adversário.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, apresentará os ganhos de seu governo, a recuperação da economia, a redução da taxa de desemprego, o agro e, por fim, os casos de corrupção nos antigos governos petistas. Advogados eleitorais não duvidam que, diante das apresentações de cada um, o horário eleitoral vire um festival de direitos de resposta.
Damares na Bahia
A senadora eleita do Distrito Federal, Damares Alves (Republicanos), começa hoje um périplo pelo Nordeste, por Vitória da Conquista (BA). Ela irá acompanhada do ex-ministro da Cidadania João Roma, que já anunciou o apoio ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto ao governo estadual. “Nosso adversário na Bahia e no Brasil é o PT”, diz Roma.
São Paulo e Minas
Lula vai dedicar mais tempo a tentar tirar a diferença que teve para Bolsonaro em São Paulo e, ao mesmo tempo, ampliar em Minas Gerais. Só tem um probleminha: embora a região do Vale do Jequitinhonha tenha votado em peso no petista, há o receio de que o governador Romeu Zema vire o jogo. Daí, a necessidade de segurar os eleitores em Minas.
Bastidores em ebulição
Enquanto o país se distrai com os apoios declarados a Lula e a Bolsonaro, deputados e senadores avaliam a correlação de forças para o futuro. A conclusão, tanto à esquerda quanto à direita, é de que se não definir logo seus apoios, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não terá um grupo capaz de reelegê-lo presidente do Senado.
E os apoios, hein?
Se Bolsonaro fez um gol de placa com o governador Romeu Zema, Lula empatou o jogo ao conseguir o apoio da ex-candidata Simone Tebet. A senadora do MDB, diferentemente de Ciro Gomes (PDT), promete ir às ruas pedir votos para o petista.
Tucanos de ontem e de hoje
Lula ficou com o PSDB dos tempos das Diretas Já. E Bolsonaro com aqueles que ingressaram no ninho depois que o PSDB foi empurrado para a direita, em 1994. Naquele período, o PT recusou apoio ao Plano Real e os tucanos foram obrigados a fechar um acordo com o então PFL, que virou Democratas e, hoje, é União Brasil. De lá para cá, a turma que entrou no PSDB virou o partido mais à direita.
Novo alvo I/ No governo, a turma que desconfiava das urnas eletrônicas agora critica as pesquisas eleitorais. Neste segundo turno, a ordem é colocar em dúvida a divulgação dos resultados coletados pelas empresas que fazem esse trabalho.
Novo alvo II/ No governo — e também nas campanhas —, a ideia é ainda tirar de cena a imagem dos “institutos” e passar a chamar essas instituições que medem o humor do eleitorado de “empresas de pesquisa”.
Aliás…/ Os institutos estão numa guerra de bastidores que há tempos não se via. E assim permanecerão, uma vez que há várias empresas no mercado e nenhuma favorita na visão do eleitor, cada vez mais desconfiado.
Quem acredita?/ No primeiro turno, a pesquisa do Ipec, na véspera da eleição, deu Lula com 50% das intenções de voto e Bolsonaro com 37%. O petista obteve 48,43% e o presidente, 43,20% dos votos. Acertou a posição de cada um, mas errou feio a distância entre eles. Agora, o Ipec abre o segundo turno dando 51% para Lula e 43% para Bolsonaro. Os bolsonaristas ficaram para lá de irritados. Acreditam que, se mantido o percentual de erro entre a última pesquisa e a urna, o presidente está na frente do petista.
Nada preocupa mais o PT hoje do que dois movimentos feitos em direção a Jair Bolsonaro: O primeiro foi o do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que planeja fazer campanha em favor de Jair Bolsonaro e virar o jogo para a reeleição do presidente da República. O outro é o do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que declarou apoio a Bolsonaro. Garcia, porém, não tinha saída. Era aderir a Bolsonaro ou correr o risco de ficar sozinho, vendo seus prefeitos irem para o palanque do antipetismo. Bolsonaro já havia recebido o apoio de Cláudio Castro (PL) e, agora, tem os três governadores do Sudeste.
Esses apoios têm tudo para ampliar o percentual de votos de Jair Bolsonaro. Resta saber, porém, se serão suficientes para dar ao presidente Jair Bolsonaro o caminhão de votos necessários para superar Lula. Os petistas acreditam que não ultrapassará, mas, em Minas, há quem esteja com receio de que o apoio de Zema termine por tirar votos obtidos pelo ex-presidente no primeiro turno. Quanto a São Paulo, os petistas avaliam que será difícil a ampliação dos votos. É que, até agora, aqueles que declararam apoio a Lula não prometem arregaçar as mangas neste segundo turno. Haja visto o vídeo de Ciro Gomes, que cita apenas seguir a “decisão do PDT”, sem anunciar qual foi e muito menos o nome do candidato. Não por acaso, nos últimos dias, já tem muita gente fazendo piada, referindo-se ao vídeo de Ciro como apenas um sorriso enigmático para Lula. Tal e qual o da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, muito bem instalada no Louvre, em Paris.
Sobrou para a turma de Haddad
Na reunião do PT em que os celulares tiveram que ficar de fora houve críticas à campanha de Fernando Haddad, por ter deixado o adversário Tarcísio de Freitas correr praticamente solto em São Paulo ao longo do primeiro turno. Ele andou tanto que, agora, muita gente considera que será difícil tirar a diferença.
O Cidadania apoia, mas…
O partido de Roberto Freire e Cristovam Buarque anunciou o apoio a Lula, mas esse suporte não é unânime. “Todos os parlamentares eleitos foram contra esse apoio. Bolsonaro não é o que me representa, mas (entre ele e Lula), prefiro alguém que defende a família”, diz a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF), eleita para a Câmara Legislativa do DF, ao anunciar que não votará no ex-presidente.
Se for compensação…
Dos candidatos que se apresentaram para a vaga da Câmara dos Deputados ao Tribunal de Contas da União (TCU) o único que não se reelegeu foi o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG). A aposta é a de que ele tem condições de obter os votos do colegas. A escolha deverá ser feita ainda este ano.
Só tem um probleminha
O presidente da Câmara, Arthur Lira, prometeu o cargo para várias pessoas. Vai esperar a volta dos parlamentares ao Congresso, o que ainda não ocorreu, para marcar a votação. A bancada feminina vai pleitear a vaga para Soraya Santos (PL-RJ). Os evangélicos preferem Jhonatas de Jesus (Republicanos-RR). Os dois foram reeleitos.
Antes de Damares/ Na fila para Presidência da Câmara, a bancada do agro planeja apostar na senadora eleita Tereza Cristina (PP-MS) e não Damares Alves (Republicanos-DF) Falta combinar com o União Brasil, que tem Davi Alcolumbre louco para voltar ao comando da Casa. E Renan Calheiros, que é citado para o cargo, caso Lula seja eleito presidente.
Veja bem/ A candidatura de Tereza, porém, corre o risco de não emplacar, porque o PP quer priorizar a reeleição de Arthur Lira na Câmara. O mesmo partido nas duas Casas, com o PL sendo a maior bancada, não dá.
A força de Michelle/ Estudiosa dos movimentos eleitorais desde 1989, a diretora de pesquisas qualitativas do instituto Opinião, Patrícia Reis, alerta para a frase de Jair Bolsonaro, “manda quem pode e obedece quem tem esposa”, como o fator principal que resume o papel da primeira-dama Michelle Bolsonaro neste segundo turno: “Ela é muito benquista. Nesta terra tupiniquim, conseguimos o impensável, que é ter uma Michelle Obama casada com um Trump. Ou, no dizer das entrevistadas nos grupos de pesquisa, o enredo da Bela e a Fera. A frase dele é a ressonância perfeita para o arquétipo em formação, o desejo latente que, depois de tanto esforço, a Bela consiga transformar a Fera em príncipe. Mas, mesmo que não consiga, o recado mais importante foi dado: A Fera tem quem mande nela”.
Xô, Satanás!/ As campanhas de Jair Bolsonaro e de Lula apelaram na busca de votos do eleitorado religioso. Numa das peças, a senadora eleita Damares Alves é citada como alguém que fez um pacto com o coisa ruim para reeleger o presidente. Noutra, que rendeu uma ação do PT no Tribunal Superior Eleitoral, são citados posts que se referem a um satanista fazendo campanha para Lula. Santo Deus, nos livrai desse tipo de campanha baixa, vulgar e sem propostas construtivas para o país. Amém!
O Cidadania e o PDT vão apoiar Lula, mas o MDB de Simone Tebet e o PSDB têm dificuldades em seguir nesse caminho sem rusgas. Os tucanos precisam de Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados para alavancar Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, e Eduardo Riedel, no Mato Grosso do Sul. Mas querem os bolsonaristas para enfrentar os aliados de Lula na Paraíba e em Pernambuco, estado do presidente do PSDB, Bruno Araújo.
Nesse sentido, o PSDB não deve seguir em bloco no apoio ao PT e já vê seus filiados divididos. Em São Paulo, onde os tucanos perderam o governo do estado, os prefeitos do interior já seguiram para a candidatura de Jair Bolsonaro (PL). O senador Tasso Jereissati (CE) apoiou Lula. Com tantos problemas e divisões internas, os tucanos — que abriram a disputa eleitoral com uma prévia para escolher o candidato ao Planalto — terminam divididos, sem cara e sem personalidade, rumo à liberação de seus integrantes no segundo turno.
Seguro morreu de velho
Juntos, os partidos do Centrão terão poder para dar e vender a partir de 2023, com mais de 250 votos na Câmara. Só tem um probleminha: até acertar os espaços, ninguém confia em ninguém. Para fazer frente ao crescimento do PL, por exemplo, o PP pretende se unir ao União Brasil para garantir a presidência da Câmara para Arthur Lira (AL) e tentar emplacar Davi Alcolumbre (AP) no Senado.
Sobrou
Nesse acordo, quem deve “sobrar” é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Seu partido apoiou Lula em Minas e, ao que tudo indica, não há muito espaço para recandidatura. Isso porque, se o petista vencer, o MDB vai novamente tentar retomar o poder de comando no Senado.
As montanhas de Minas I
As primeiras declarações do governador reeleito Romeu Zema deixaram os políticos de Minas Gerais com a sensação de que Bolsonaro tem condições de virar o jogo no estado. Em 2014, Dilma Rousseff chegou na frente no primeiro turno e ampliou a vantagem sobre Aécio Neves depois de o PT eleger Fernando Pimentel governador no primeiro turno.
As montanhas de Minas II
Dessa vez, os petistas não terão por lá um governador para chamar de seu, capaz de alavancar a candidatura presidencial. E para completar, ainda tiveram Zema dizendo que sua missão neste segundo turno será combater o PT. Ele mobilizará os prefeitos, de forma a garantir o apoio dos deputados estaduais e federais eleitos pelo PL.
“Por ora, descanso”/ Antes de vir a Brasília fazer um reconhecimento de área do Senado e da Câmara, o senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) e a deputada eleita Rosângela Moro (UB-SP) vão tirar uns dias de férias. Mas Moro já falou por telefone com Bolsonaro e ensaiam uma aproximação. Até ontem, não havia sido acionado para fazer campanha por ACM Neto (UB), na Bahia, ou Tarcísio de Freitas, seu antigo colega de ministério.
Agro paulista apoia Bolsonaro/ O Sistema de Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo e o Serviço de Aprendizagem Rural (Faesp/SEnar-SP) anunciou o apoio à reeleição de Bolsonaro, com alfinetadas em Lula. “O presidente sempre demonstrou entender nosso papel da garantia da segurança alimentar e a geração de emprego e renda, por meio de uma produção reconhecidamente sustentável. E o mais importante, diferentemente de seu concorrente, ele faz na prática o que diz em seu discurso, honrando seu comprometimento com o agro”, afirma a Faesp, em nota.
E vai mais além/ “Como produtores e trabalhadores rurais, não queremos viver no sobressalto da insegurança jurídica. Só o diálogo e o respeito mútuo colocarão a nação no rumo certo”, diz o texto assinado por Fábio Meirelles, presidente do Sistema Faesp/Senar-SP.
Patrícia Pillar apoia Lula/ Com Ciro Gomes fora do segundo turno, a atriz anunciou que votará em Lula no segundo turno.
E o Doria, hein?/ O ex-governador João Doria avisa que votará nulo para presidente da República neste segundo turno: “Minha posição é de neutralidade. Não voto nem no PT do Lula, nem no PL de Jair Bolsonaro”, afirmou à coluna.