Bolsonaro procura aliado para substituir Rodrigo Maia

Bolsonaro observando do Planalto
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Ao receber os presidentes de partido ao longo dos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro não só tratou da formação de uma base mínima, conforme o leitor da coluna já sabe, como deixou entrever que deseja influir na escolha do novo presidente da Câmara, em janeiro do ano que vem.

Com a pandemia, esse tema ficou na geladeira por um tempo, mas Bolsonaro resolveu tirá-lo do freezer e deixar que descongele naturalmente, para, quando a pandemia passar, estar em condições de tentar interferir. Bolsonaro não quer nomes ligados a Rodrigo Maia. Daí, o fato de receber os integrantes do antigo Centrão — PP, PR, PSD e MDB — e não o DEM.

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Bolsonaro, entretanto, corre, nessa operação, um risco tão grande quanto a defesa do fim do isolamento social. Todos que tentaram influir em eleição do Legislativo, desprezando a correlação de forças internas no Congresso e num clima de popularidade em baixa, perderam.

Teich sob vigilância

Quando a missão do almirante Flávio Rocha na transição da Saúde terminar, quem ficará de olho no novo ministro da Saúde, Nelson Teich, será o coronel Robson Santos da Silva, atual secretário Especial de Saúde Indígena. Há, no governo, quem aposte um bom vinho de que o coronel será guindado à Secretaria Executiva, para assegurar o “alinhamento total” com os desejos do presidente Jair Bolsonaro.

Adeus Bolsonaro versus PT

A leitura dos políticos de um modo geral é a de que o PT está sendo substituído como principal opositor ao presidente Bolsonaro, espaço que vem sendo ocupado por João Dória, Rodrigo Maia e representantes de outros partidos, como o Cidadania e o Podemos. A eleição municipal é vista como a prova dos nove dessa mudança de eixo da oposição ao presidente.

Amigos, pero no mucho

Mesmo esses partidos que hoje conversam com o presidente Bolsonaro não confiam no governo e sabem que podem ser chutados ao menor estrilar de apoiadores do governo nas redes sociais. Mas ninguém está de inocente. O Planalto sabe que, geralmente, essas legendas costumam abandonar presidentes quando a coisa aperta. Ou seja, não será dali que o presidente buscará uma estabilidade política.

É o tudo ou nada

Bolsonaro aproveitou a manifestação de ontem para, mais uma vez, jogar a população contra os governadores, que, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, decretaram isolamento social. É a aposta no confronto, para que tudo volte à normalidade na marra e não quando for possível, dentro das recomendações das autoridades sanitárias.

» CURTIDAS

Não é primeiro de abril/
Tem gente dizendo sinceramente que o presidente Jair Bolsonaro deveria ouvir a ex-presidente Dilma Rousseff. Ela sabe perfeitamente como funcionam os partidos que agora se aproximam do Planalto.

Alcolumbre, o novo alvo/
Bastou o Senado apresentar dificuldades em aprovar já a carteira de trabalho verde e amarela para que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, viesse a se juntar a Rodrigo Maia nos ataques dos bolsonaristas nas redes sociais. Dados da Bites indicam que, de quinta-feira até ontem, Maia era alvo de dois milhões de posts negativos. Só na manhã de sábado, foram 264 mil posts ancorados na hashtag Fora Alcolumbre.

A magia do 3 de maio/
A intenção dos lojistas que pressionam para reabertura do comércio do Distrito Federal nessa data é aproveitar o Dia das Mães e tentar recuperar parte do que foi perdido na segunda quinzena de março e abril. Resta saber se a população irá às compras. Em tempo de desemprego, redução de salários na iniciativa privada e muita incerteza quanto ao setor público, as apostas estão mais modestas.

Por falar em comércio…/
A carreata de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e pela reabertura do comércio em Porto Alegre encontrou, em seu caminho, pessoas favoráveis ao isolamento social que, das janelas dos apartamentos, atiraram ovos no carro de som e demais veículos.

Centrão está incomodado com atitudes de Maia

Rodrigo Maia
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De olho numa relação mais próxima com o governo e, se possível, os cargos de primeiro e segundo escalão, o Centrão se prepara para dar mais suporte ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e, por tabela, ao presidente Jair Bolsonaro. Em conversas reservadas, integrantes desse grupo avaliam que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou do tom ao dizer, em entrevista, que Guedes “não é sério”. Há quem diga que Maia está levando essa crise para um lado pessoal. Por isso, será nos expoentes de partidos, como o PR (de Valdemar Costa Neto, hoje Partido Liberal), o PP (de Ciro Nogueira, hoje Progressistas) e o PSD de Gilberto Kassab, que o ministro poderá buscar apoio. Além de um pedaço do MDB.

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Esses partidos não gostaram da aproximação de Maia com os partidos de esquerda e, por isso, têm atendido aos convites de Bolsonaro. Por enquanto, é só uma “paquera”. Para um namoro mais firme ou mesmo casamento, é preciso mais gestos. As expectativas de participação no governo por parte dessas agremiações estão fortes. Resta saber se o presidente entrará nesse jogo de toma lá dá cá de que tanto reclamou ao longo de sua trajetória para o poder. O PT, no passado, trilhou esse caminho. Deu no que deu.

Outras batalhas

Com a medida provisória da carteira de trabalho verde e amarela fadada a caducar, por causa do confronto entre Bolsonaro e o Congresso, Paulo Guedes trabalha para tentar reduzir a ajuda aos estados e municípios no Senado.

Mesmo enredo

Até na equipe econômica já se sabe: todas as vezes em que o presidente se vê enroscado em alguma notícia negativa, cria uma nova confusão para tentar se descolar do fato. Na quinta-feira, foi a demissão de Mandetta. Essa estratégia ataque-conflito funciona bem nas redes sociais, mas desgasta ainda mais o governo no mundo real. O país precisa de paz para combater o vírus.

CURTIDAS

De JB para JB/ Patrono do Exército, Duque de Caxias é lembrado pelo senador Jader Barbalho (MDB-PA) como um exemplo a ser seguido por Bolsonaro. “Não sei se o presidente Jair Bolsonaro é dado à leitura, tenho dúvidas, mas os generais que o cercam certamente conhecem a história de Duque de Caxias”, afirma.

De JB para os generais/ O senador, assim como tantos outros parlamentares, considerou absurdo os ataques ao Congresso, em especial a Rodrigo Maia, neste tempo de pandemia, no qual o Parlamento fez quase tudo o que governo queria. “É fundamental que os generais se reúnam com o presidente Jair Bolsonaro e digam a ele que Duque de Caxias era o pacificador. E devemos estar à altura do pacificador”.

O caso do ex-deputado que cresceu/ Mandetta é visto como um dos poucos casos de um político que fecha um ciclo no governo sem mandato e, apesar disso, muito maior do que entrou. Sai como vencedor. Quanto a Bolsonaro, a avaliação dependerá do desempenho do novo ministro da Saúde e da resultante pós-pandemia. Até aqui, o cenário não lhe é favorável.

Portal do Voluntariado/ Neste sábado, às 21h, artistas e também moradores da 302 Sul deslancham o projeto Serenata na Quadra. De quebra, a turma do Portal do Voluntariado pedirá doações de alimentos para as instituições cadastradas. Diante das dificuldades, não dá para ficar parado

DEM (quase) na oposição

Dem
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Além do #ForaMandetta nas redes sociais, os bolsonaristas agora voltam suas baterias contra todos os ministros do Democratas dentro do governo. O monitoramento do partido indica que vem sendo tratado de forma hostil desde a semana passada, quando o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, rompeu com o presidente Jair Bolsonaro. Agora, praticamente todos, numa ação coordenada, têm recebido tratamento semelhante ao dispensado aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Estão na mira dos radicais a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. O incômodo é grande, mas, assim como Mandetta, ninguém sairá no meio da guerra ao novo coronavírus.

Déjà vu

O grupo palaciano que não suporta o protagonismo do presidente da Câara, Rodrigo Maia, acredita que, a partir de agosto, o deputado perderá o poder, porque a campanha para sucedê-lo entrará em cena. A ordem entre os bolsonaristas é buscar um candidato para enfrentar o grupo do DEM. Em 2015, Dilma Rousseff tentou fazer o mesmo em relação ao MDB, contra Eduardo Cunha, hoje presidiário. A presidente ganhou um inimigo que lhe custou o mandato.

Cálculos equivocados

Os bolsonaristas acreditam que será possível encontrar um candidato para derrotar o DEM ou mesmo Arthur Lyra, do PP. Essa conta não leva em consideração a realidade do governo no Congresso. Hoje, não tem maioria nem para aprovar um simples projeto de lei, quem dirá eleger um presidente da Câmara.

Resistências à PEC da guerra

O grupo Muda Senado tem dúvidas sobre a Proposta de Emenda Constitucional que estabeleceu o Orçamento de Guerra. “Não precisaria de emenda constitucional para fazer gasto. É um precedente grave. Se abro a porta para mudar a Constituição por votação remota nesse caso, outros temas podem gerar novas emendas constitucionais, seja contra ou a favor do governo”, alerta o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que pretende conversar com Davi Alcolumbre a respeito.

A corrida nos municípios/ O sábado foi agitado para os parlamentares, por causa da data-limite para filiação de candidatos às eleições de outubro. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Congresso não decidem o que fazer com a eleição, o jeito é cumprir os prazos.

Muita calma nessa hora/ A resistência em mudar a data da eleição é grande, porque, afinal, as campanhas começam em agosto. E ainda que não se tenha muitos recursos financeiros para esse corpo a corpo com o eleitor, é importante seguir o calendário. Essa história de prorrogar mandatos é considerada perigosa e nada recomendável.

Para congressistas não é hora de impeachment, é hora de trabalho

congressistas hora de trabalho
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Esse é o espírito dos congressistas, mas sem cenas de “amor” para com o presidente da República. A avaliação dos líderes partidários que, inclusive, levou Rodrigo Maia a recusar a participação na reunião com Jair Bolsonaro é de que não dá para “passar a mão na cabeça presidencial”, depois de o Planalto levar quase 15 dias se esquivando de uma crise de saúde pública grave. Agora, é trabalhar nas soluções a serem enviadas pelo governo, sem dar palco para o capitão aparecer bem na foto. Porém, nenhum líder vai tocar pedidos de impedimento de Bolsonaro ou tentar surfar neste momento gravíssimo definido pelo próprio ministro da Defesa, Fernando Azevedo, como uma situação de guerra.

Eles já calculavam a explosão…

Em 7 de março, o fim de semana depois do carnaval, as informações na área da Saúde, conforme publicou esta coluna, eram de que o número de casos aumentaria exponencialmente, dada a quantidade de voos da Europa para o Brasil no período pré-carnaval. No Planalto, entretanto, a ação demorou a ocorrer, uma vez que a gestão se mostrava mais focada em outros temas.

… mas a ação demorou

Agora, depois de perder um tempo precioso em manifestações, e em não querer alarmar a população para segurar a economia, o presidente Jair Bolsonaro entra atrasado e vai tentar recuperar o tempo perdido. Segue o ditado “antes tarde do que nunca” e torce para fazer valer o “tardo, mas não falho”. Terá de combinar com o povo, que, agora, percebeu a gravidade do que está por vir.

Onyx anuncia medidas

Ausente na coletiva do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, anunciará, hoje, um conjunto de medidas para os idosos e os mais vulneráveis, além do que já foi dito ontem por Paulo Guedes na coletiva. “Vamos atender idosos do BPC (Benefício de Prestação Continuada), Bolsa Família e informais. Atenção e proteção total”, disse o ministro à coluna.

Termômetro I

Em outubro de 2018, moradores de condomínios de luxo de Brasília vibraram e comemoraram a eleição do presidente Jair Bolsonaro com fogos de artifício e muitos “fora, ladrões”. Ontem, nesses mesmos condomínios, o panelaço foi o do “fora, Bolsonaro”. Houve também panelaço a favor, segundo moradores isentos, mais sonoro que o primeiro.

Termômetro II

Na SQS 108, assim como nos bairros nobres do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde Bolsonaro ganhou de lavada em 2018, o “fora” predominou. A ira da população registrada nos panelaços foi detectada também por quem faz medições de redes sociais. Sinal de que a coletiva do presidente não foi suficiente para reverter a situação. Se Bolsonaro vai se recuperar, só o futuro dirá.

CURTIDAS

Segure os seus pit bulls/ A forma como o senador Flávio Bolsonaro (foto) se referiu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pesou na recusa do deputado em posar para foto numa reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Flávio foi às redes dizer que o deputado queria ser presidente do Brasil e ameaçava a democracia com ataques contra o Executivo. Quem atacou o Congresso foram os manifestantes de 15 de março.

Mandetta, o novo queridinho do Brasil/ Depois da live de quinta-feira, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, foi o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quem puxou as reuniões e pontes com outros Poderes, Congresso, Supremo Tribunal Federal, Procuradoria-Geral da República e Tribunal de Contas da União (TCU).

e da política/ O ministro ganhou nos meios políticos e empresariais a tarja “se sair, piora”, que hoje acompanham o cartão de visitas de Paulo Guedes e Sérgio Moro.

Por falar em Guedes/ O mercado em pleno ataque de nervos com a economia derretendo começou a entoar o “chama o Meirelles”. Do Planalto, entretanto, vem a sensação de que Bolsonaro jamais pedirá alguém que trabalhou com Michel Temer no comando da economia e hoje é secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, comandado por João Doria.

Prepare-se/ A confirmar-se as notícias de que o aumento de casos continuará exponencial, o período de permanência em casa será prolongado. Pode esperar.

Aliados de Bolsonaro querem Eduardo na presidência da Câmara

Eduardo Bolsonaro
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Nas rodas políticas ao longo do carnaval no Rio de Janeiro, aliados do presidente Jair Bolsonaro falaram em lançar o deputado Eduardo Bolsonaro para o comando da Câmara, de forma a evitar que os mais fiéis terminem ajudando a eleição de um candidato apoiado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia. Nas esferas congressuais, entretanto, há quem diga que, se o presidente da República optar por esse caminho, estreitará ainda mais suas pontes com o Legislativo. Dilma Rousseff, por exemplo, seguiu nessa trilha e deu no que deu.

Em tempo: Eduardo, o 03, passa esta semana nos Estados Unidos, na CPAC (Conservative Political Action Conference), maior evento do pensamento conservador no mundo. E não pensa, no momento, em concorrer à Presidência da Câmara. Ele, aliás, falou, na sexta-feira, no CPAC, sobre os prejuízos do socialismo para a América Latina.

A briga velada

Os militares já perceberam que, com o Orçamento impositivo, dificilmente conseguirão aumentar suas verbas. Daí, a discordância com essa fórmula que conta com o apoio da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Guedes sempre defendeu que o Congresso tem que ser responsável na hora de lidar com a peça orçamentária.

Cobrem dele…

Parlamentares da Comissão mista de Orçamento olham com descrédito para as redes bolsonaristas que tentam transformar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em vilão do Orçamento. Rezam as normas internas da Casa que as sessões do Congresso são presididas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

… e deles

Quem negociou a votação do texto que terminou vetado pelo presidente Jair Bolsonaro foram o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e os líderes no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho. Ou seja, foi um ato com o apoio do governo.

Como se não bastasse o coronavírus…

A imagem de insegurança jurídica para negócios no Brasil tem crescido na região de Washington, nos Estados Unidos. A JVL International, transportadora marítima com sede em Baltimore, tem apresentado reclamações em seu país e no Brasil sobre a falta de efetividade de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Nem mesmo a corte superior conseguiu que a Easylog, uma ex-sócia brasileira da JVL, pagasse uma dívida que, no fim do processo de 13 anos, foi fixada em mais de R$ 3 milhões pela ministra Nancy Andrighi. A execução, que ainda não ocorreu, está a cargo da juíza Ana Sganzerla Truccolo, em Itajaí.

Apoios de peso

Os americanos anexaram ao processo um parecer favorável a eles escrito pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa. Do outro lado, a Easylog também tem apoio importante, porque representa no Brasil a suíça Ceva Logistics, líder mundial do transporte oceânico. Em 2019, com a parceria, a Easylog exportou 11 mil contêineres.

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Dele, não/ O pedido de impeachment que o deputado Alexandre Frota (PSL-SP) pretende apresentar contra o presidente Jair Bolsonaro ainda não é um dos hits da temporada. “Não tem o meu apoio. Isso é dor de cotovelo”, diz o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Por falar em impeachment…/ Os atos de 15 de março servirão para o presidente Jair Bolsonaro mostrar ao Parlamento e ao Judiciário que é melhor não dar vazão a essas propostas de apeá-lo do cargo. Afinal, ele tem apoio popular.

… o vento é pró-Bolsonaro/ Nem a oposição hoje deseja o afastamento do presidente. Ninguém se sente seguro de optar por esse caminho, em especial o PT. Afinal, depois de dizer que o impeachment de Dilma foi um golpe, um contra Bolsonaro não seria diferente.

Mobilização brasileira contra coronavírus contrasta com o combate à dengue

Dengue coronavírus
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A mobilização dos poderes federais contra a ameaça do coronavírus ao Brasil mostra que as instituições – leia-se, os seus representantes – são capazes de tomar providências para situações consideradas emergenciais. Com uma celeridade poucas vezes vista em Brasília, o Executivo e o Legislativo definiram os termos da lei da quarentena; o governo preparou uma operação para repatriar da China 34 brasileiros assintomáticos do coronavírus; o Ministério da Saúde atualiza diariamente os números de casos suspeitos; a pasta liberou R$ 140 milhões para compra de insumos contra a doença; orientou as secretarias estaduais na prevenção contra o coronavírus; capacitou equipes médicas de países vizinhos.

Chama a atenção o trabalho para combater uma doença que, até sexta-feira, contabilizava oito casos suspeitos no país. É uma mobilização que contrasta com os males causados por outro agente transmissor, velho conhecido dos brasileiros: o vírus da dengue. Segundo dados do Ministério da Saúde, a dengue já matou 14 brasileiros em 2020. É três vezes mais do que o número de óbitos registrado no mesmo período em 2019. O país já soma 94 mil casos este ano.

É de se perguntar quando – e se – as autoridades mostrarão a mesma presteza para combater esse mal tão brasileiro.

Manhãs agitadas

Desde que o Legislativo voltou aos trabalhos, as manhãs na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, têm sido bastante movimentadas. Os acordos e definições sobre pautas e prioridades junto aos líderes estão ocorrendo lá em vez de ocorrer no Congresso. Um dos visitantes foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele bateu à porta de Maia nesta semana em busca de apoio para acelerar a votação do projeto que trata da independência do Banco Central.

Novas instalações

Com o fim do recesso, jornalistas foram surpreendidos com novos banheiros masculino e feminino no comitê de imprensa ao lado do Plenário da Câmara. Estão maiores e mais arrumados, e um deles tem acesso para deficientes. Contudo, no primeiro dia, o banheiro novo deu defeito e precisou ser interditado. No dia seguinte, o problema de entupimento e vazamento havia sido sanado.

A outra reforma

Procurada, a assessoria da Câmara informou que a reforma “teve a finalidade de adaptar o espaço para acessibilidade e de substituir as instalações hidráulicas e sanitárias, de aço galvanizado, com elevado grau de desgaste, que provocavam frequentes vazamentos”. Ainda informou que as obras duraram cerca de 75 dias e os recursos utilizados na obra “fazem parte de um contrato geral de prestação de serviços de manutenção de edificações civis com fornecimento de material por demanda”.

No fundo

Na próxima terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado centra as atenções na PEC da Desvinculação dos Fundos. Serão ouvidos especialistas para debater medidas que permitam destravar os recursos bloqueados em fundos infraconstitucionais. Os integrantes da CCJ devem votar a PEC dos Fundos na quarta-feira.

“Ultra far right”

Em Londres, onde a maioria dos britânicos é mais liberal e votou contra o Brexit, os brasileiros agora são vistos como cidadãos de um país governado por um presidente muito mais conservador do que o atual primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Lá, o presidente Jair Bolsonaro é visto como um representante da “Ultra far right” ou “ultra- extrema-direita”.

Esse foi o termo usado por um agente da imigração para qualificar o presidente brasileiro a uma turista brasileira assim que ela pisou na capital da Inglaterra, poucos dias depois do episódio que repercutiu internacionalmente de o ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, fazer apologia ao nazismo.

Amizade com Bolsonaro mantém Onyx no governo

onyx-e-bolsonaro
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Confirmada a ida de Onyx Lorenzoni ao Congresso como ministro da Casa Civil e portador da mensagem presidencial, Jair Bolsonaro pretende dar uma demonstração de prestígio ao seu aliado de primeira hora. Amigos do presidente são unânimes em afirmar que a relação entre os dois não pode ser comparada àquela entre o presidente e o ex-ministro Gustavo Bebianno.

Onyx é parlamentar, amigo de Bolsonaro há anos, e foi fundamental para a eleição de Davi Alcolumbre como presidente do Senado — considerado um dos principais aliados do ministro e a quem o Planalto recorre quando a coisa aperta.

Essa ponte Bolsonaro não quer dinamitar. Ainda mais em se tratando de Onyx, um amigo leal, que trabalha pela eleição do presidente desde 2017, quando a maioria acreditava ser uma missão impossível. Por isso, embora tenha deixado Onyx enfraquecido, não vai esquartejá-lo em praça pública.

Regra

O presidente informou a alguns aliados que não pretende chamar deputados e senadores para seu governo, de forma a evitar abrir o apetite dos congressistas por cargos, algo que até ele conseguiu driblar.

Exceção

O único que pode quebrar essa determinação presidencial é o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Nada a ver com um amor repentino do presidente pelos tucanos. Conforme adiantou a coluna ontem, o charme de Izalci está no suplente, Luís Felipe Belmonte, o terceiro homem na linha de comando do Aliança pelo Brasil.

Por falar no Aliança…

Alguns dos responsáveis pelo partido praticamente jogaram a toalha em relação à possibilidade de a legenda conseguir concorrer às eleições deste ano. O lema agora é recolher as assinaturas, sem estresse. A meta é ser grande em 2022.

Os sinais de Rodrigo Maia

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai aproveitar a abertura dos trabalhos da Casa para reforçar o que já havia dito no almoço do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) em São Paulo: os deputados estão comprometidos com a recuperação econômica do país.

Sindifisco no combate ao coronavírus/ O Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal deflagrou a distribuição de kits de proteção com máscaras e álcool gel para os profissionais que atuam nos aeroportos. “Todos os locais que pudermos levar, vamos nos empenhar para que não falte nada aos colegas”, afirma George Lima, da direção do sindicato, que levou os kits para os profissionais que trabalham no aeroporto de Brasília.

Ela virou grau de comparação/ Alguns amigos de Bolsonaro que eram perguntados sobre o futuro de Onyx respondiam na hora: “Ele não é nenhuma Joyce (Hasselmann), não traiu o presidente em nenhum momento”.

Mourão e Moro/ Enquanto Onyx levará a mensagem presidencial ao Congresso, o vice-presidente Hamilton Mourão é considerado presença certa na abertura do ano do Judiciário, nesta segunda-feira, 10h. O ministro da Justiça, Sergio Moro, idem.

Não tem querer/ Na hipótese de o presidente optar por unir a Casa Civil e a Secretaria Geral da Presidência, Jorge Oliveira vai ficar — e pronto. Algumas pessoas, dizem aliados do presidente, não têm escolha. Mas, ao mesmo tempo, esses amigos afirmam que todas as letras que esse cenário de junção das pastas não está posto.

Lula não quer PT apoiando Rodrigo Maia

Lula e Rodrigo Maia
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Coluna Brasília-DF

Ainda enroscado em uma penca de processos, o ex-presidente Lula é visto, dentro do próprio PT, como um rosto fora das opções da urna eletrônica de 2022, mas isso não significa que seja carta fora do baralho. Ao participar de um evento em São Paulo, ontem, ele praticamente distribuiu as cartas com que pretende jogar, concluído o primeiro ano de governo. Lula considera que o partido precisa ajustar seu foco à política econômica do ministro Paulo Guedes e aos movimentos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

No caso de Guedes, Lula acredita que é por aí que será possível bombardear o bolsonarismo rumo à reeleição, uma vez que a resposta do emprego às ações governamentais ainda é tímida. No caso de Rodrigo Maia, Lula acha que é por ali que se construirá a opção de centro para concorrer com o bolsonarismo, seja o presidente da Câmara candidato ao Planalto ou não.

Vale registrar: em conversas reservadas, já existem deputados do PT dizendo que Lula não quer saber de apoio a qualquer iniciativa que permita a Maia mais um mandato para presidir a Câmara. Não é hora de colocar recheio no acarajé alheio.

Campanha

A Advocacia-Geral da União entrou no circuito para tentar fazer com que o líder do Novo na Câmara, Marcel Van Hatten (RS), desista do projeto que revoga a legislação sobre o pagamento de honorários de sucumbência a advogados públicos de todo o país. Em 2018, foram distribuídos mais de R$ 600 milhões aos advogados públicos a título de honorários. O assunto promete ferver
em 2020.

Descompasso

O encontro de Lula com economistas vai na linha defendida por setores do PT, de que é preciso nacionalizar a pauta das eleições do ano que vem. Só tem um probleminha. O eleitor, quando o assunto é a sua cidade, quer saber da segurança, do posto de saúde, de correção das estruturas para evitar alagamentos em tempo de chuva fortes e por aí vai.

Olho no Aliança

A aposta dos presidentes de partido é a de que ninguém segura a legenda de Jair Bolsonaro e que muitos vão perder filiados tão logo a legenda se consolide. Por isso, dizem alguns, é melhor abrir logo uma janela para troca de sigla em março de 2020 e fechar para nunca mais.

Missão impossível/ O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, bem que tentou, mas o Brasil não teve a sua COP mais feliz em Madri. As críticas ao desmatamento e o fato de o presidente Jair Bolsonaro chamar Greta Thunberg de pirralha sobrepuseram o discurso
do ministro.

Menos, presidente, menos/ Ministro envolvido em caso de corrupção deve ser demitido, processado e, se culpado, ir para a cadeia. “Pau de arara” é instrumento da tortura.

Por falar em Bolsonaro…/ Ele fará o que puder para manter a polarização com Lula, em que tem a certeza de levar a melhor, diante dos processos a que o petista responde na Justiça. Por isso, Bolsonaro imitou a voz do petista na live de quinta-feira, falando sobre jovens que roubam celular. O assunto, entretanto, nada tinha a ver com menores infratores e, sim, com o veto ao projeto da deputada Gleisi Hoffmann, que autorizava o Ministério Público a representar menores de 18 anos vítimas de violência doméstica e familiar.

No blog/ Quem viu a deputada Bruna Furlan na noite de quarta-feira em volta da Mesa Diretora da Câmara nem imaginava que se tratava de uma reclamação da eleição para líder do PSDB. A assinatura dela foi fraudada na lista que dava a vitória ao deputado Beto Pereira (MS) para líder da legenda. A lista foi retirada.

A pizza da reconciliação de Maia e Bolsonaro

Pizzaria Maia Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

O presidente Jair Bolsonaro e o da Câmara, Rodrigo Maia, começam a se entender. No último fim de semana, Bolsonaro ligou para o deputado e os dois ficaram de marcar uma “pizza” para os próximos dias. O presidente sabe que precisa de uma boa relação com o comandante da Câmara para empreender uma agenda positiva ao país. E Maia, homem de diálogo, sabe que a conversa ajuda na estabilidade política e, consequentemente, dá mais confiança aos investidores. A data da pizza ainda não foi marcada. Os agentes políticos que fizeram essa ponte entre os dois esperam que seja em breve, antes que novas declarações de um ou de outro azede a massa.

Promessas & compensações

Senadores que desejam votar a favor de Eduardo Bolsonaro para embaixador em Washington têm procurado o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para saber o que vão ganhar para compensar o desgaste junto à opinião pública. Por enquanto, a resposta tem sido: algo virá.

Por falar em Eduardo…

O senador Cid Gomes (PDT-CE) já avisou que não votará a favor da indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador. E não é pelo fato de Eduardo ser filho do presidente da República. É que o senador não considera o deputado preparado para a função, que, na avaliação do pedetista, exige conhecimentos que vão muito além da relação direta com o presidente Donald Trump.

Governar é solitário I/ O presidente Jair Bolsonaro tem reclamado a alguns amigos da “solidão do poder”. Quando está no Rio, não consegue caminhar na orla. E, em Brasília, também não consegue um espaço reservado para conversar com os amigos.

Governar é solitário II/ Nos últimos tempos, Bolsonaro tem recebido alguns numa sala reservada em seu closet no Alvorada. É a maneira de conversar sem ser interrompido e ou ter alguém em volta ouvindo a conversa.

Na área I/ Quem esteve ontem no Parlamento foi o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, que continua preso na Papuda. Mais magro e sem perder a fleuma. Foi visitar os amigos.

Na área II/ Outro que passou pelo Congresso foi o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), cada dia mais consultado sobre os temas que interessam ao país e ao governo. O senador Fernando Bezerra Coelho, aliás, foi seu vice-líder no passado.
E continua ouvindo os conselhos de quem sabe de cor e salteado como a banda toca no Senado.

CB. Debate/ Hoje tem seminário sobre alimentação saudável no auditório do Correio Braziliense. A saúde é o maior tesouro a ser preservado.

Clima no STF esquenta após revelações de que Dallagnol teria incentivado investigação contra Toffoli

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Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Calvacanti

» O clima esquentou no Supremo Tribunal Federal após as revelações de que o procurador Deltan Dallagnol teria estimulado integrantes do Ministério Público a investigar o ministro Dias Toffoli. Até a reportagem do Intercept de ontem — que revelou a ação do chefe da Lava-Jato ainda em 2016 contra o magistrado —, parte da Corte esperava que a própria Procuradoria-Geral da República ou o conselho nacional da categoria resolvesse a situação, estabelecessem limites e até mesmo uma eventual sanção para Dallagnol.

» Os diálogos revelados ontem — que envolvem inclusive familiares de outros ministros, como a mulher de Gilmar Mendes — levaram integrantes do Supremo a defender uma reação mais firme da Corte. A avaliação interna é de que o Supremo não pode ficar inerte diante dos movimentos de Dallagnol. Pelo menos dois ministros pediram que o assunto seja incluído no inquérito aberto para apurar ataques contra os ministros e demais membros do Supremo. De qualquer forma, a pressão agora recai sobre a procuradora-geral Raquel Dodge.

» Pelo menos duas ações de ontem dos ministros do Supremo podem ser interpretadas como freios e contrapesos na visão deles em relação à força-tarefa da Lava-Jato. A primeira foi a determinação de Alexandre de Moraes de suspender a investigação na Receita sobre 133 contribuintes, entre eles Mendes, e de mandar afastar dois servidores do órgão federal.
» A segunda foi a liminar concedida pelo ministro Luiz Fux, determinando que os registros de diálogos hackeados a partir de celulares sejam preservados. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, havia avisado a políticos que as mensagens seriam inutilizadas. Os próprios magistrados da Corte reagiram na semana passada a tal ideia, ato confirmado por Fux a partir de um pedido do PDT para que os diálogos, incluindo do próprio Moro, fossem conservados. O movimento de Fux tem caráter provisório e precisa ser conformado pelo plenário do STF.

» Em tempo: a imagem de Moro entre os integrantes da Corte se desgasta a cada dia.

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A volta da polarização/ Os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao PT na cerimônia do lançamento do programa Médicos pelo Brasil não surpreenderam auxiliares governistas. Depois de focalizar as últimas polêmicas no presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, o diagnóstico feito por assessores é de que seria preciso uma nova estratégia para mudar o disco e calibrar o discurso no que, efetivamente, levou o atual governo ao poder: a polarização. O balanço feito por governistas é de que o presidente acertou nas palavras, algo raro nos últimos dias.

Otimismo comedido/ Conselheiros dizem que é cedo para comemorar, mas celebram que Bolsonaro esteja evitando algumas polêmicas. Ontem, por exemplo, absteve-se de comentar as críticas proferidas pelo deputado do PSL de São Paulo Alexandre Frota (foto) e de associar — ao menos abertamente — as informações sobre crescimento do desmatamento divulgadas pelo Inpe a uma ligação entre o diretor da instituição, Ricardo Galvão, e partidos da oposição.

Na bronca/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está insatisfeito com a letargia do governo em apresentar, de vez, a reforma tributária. Bolsonaro diz a todos que apresentará uma reforma que unifique impostos federais sobre consumo, mas, até agora, o discurso está só no papel. A pessoas próximas, Maia avalia que falta engajamento. Reclama que, para discutir uma reforma impopular, como a da Previdência, o governo foi rápido. E que, para discutir uma reforma com apelo popular, sente falta de engajamento.

Descontração/ O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, e o secretário de Desenvolvimento do Distrito Federal, Ruy Coutinho, conseguiram se entender durante o Fórum Latino Americano de Infraestrutura. No evento, foram discutidos projetos estruturantes para Brasília, como o Gasoduto Brasil Central, hub de carga do Aeroporto JK e a privatização de empesas estatais.