Prefeitos reclamam do imbróglio das emendas

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 13 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Embora o Encontro de Prefeitos e Prefeitas tenha sido organizado pelo governo federal, os representantes dos municípios visitaram muito mais o Poder Legislativo do que o Executivo, numa demonstração clara do deslocamento do eixo de poder. O motivo do périplo ao Congresso foi cobrar dos parlamentares a apresentação de emendas e a votação rápida do Orçamento deste ano. O atraso na deliberação tem prejudicado, principalmente, municípios menores, onde cada centavo das emendas parlamentares vale muito. Os prefeitos esperam que a “briga” entre Judiciário e Legislativo termine logo para haver a liberação da verba. Mesmo que seja para fazer do jeito que o Judiciário deseja, melhor resolver logo.

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Um prefeito desabafou à coluna, lembrando que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi governador e sabe da importância que as emendas têm para os municípios. O consenso é que a disputa precisa terminar para que os recursos, principalmente de infraestrutura, saúde e educação, sejam utilizados. Os municípios brasileiros até 50 mil habitantes representam 88% (4.895) do total. Ou seja, tem muita cidade precisando da verba.

Fica, Geraldo

As associações que integram a Coalizão Indústria se reuniram num jantar em Brasília em homenagem ao secretário da Indústria e Comércio, Uallace Moreira Lima. Ali, foi repassado o sentimento do setor produtivo do desejo de manutenção do vice-presidente Geraldo Alckmin no cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, bem como de toda a sua equipe.

O peso dele

O grupo Coalizão Indústria representa 42% do PIB brasileiro e reúne os setores de maquinário industrial, brinquedos, calçados, alimentos, plástico, aço e uma infinidade de empreendedores. A avaliação deles é de que, por melhor que seja um novo ministro, não terá o peso de um vice-presidente da República.

Um deputado silenciado

Para que o deputado Glauber Braga (PSol-RJ) consiga preservar o mandato, os membros do Conselho de Ética da Câmara pretendem aprovar a exigência de três meses de silêncio. Para um deputado, o fato de não poder usar a tribuna é um castigo. Glauber agrediu fisicamente o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro, em abril de 2024, e, agora, responde por isso no Conselho de Ética.

Governadores contra os vetos

Em visita à Câmara, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), conversou com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre a dificuldade de seu estado em aderir ao programa de financiamento da dívida dos estados (Propag). É que mesmo com a isenção concedida pelo governo devido à calamidade de 2024, o Rio Grande do Sul teria que pagar mais de R$ 3 bilhões por ano. Leite e outros governadores reunidos no Rio de Janeiro, na semana passada, planejam uma ofensiva pela derrubada dos vetos no Parlamento.

CURTIDAS

Crédito: Reprodução/Rede Globo

“Padre” Kelmon, o retorno/ Lembra daquele candidato a presidente do PTB, o “Padre” Kelmon (foto)? Pois é. Ele hoje está filiado ao PL, de brochinho do partido no peito, coordenando nacionalmente o “Foro do Brasil”, “uma instituição que se contrapõe ao Foro de São Paulo” em todos os estados.

Nacional e estaduais/ Kelmon está convocando um deputado de cada unidade da federação para comandar as coordenadorias estaduais. Em Pernambuco, por exemplo, quem estará à frente do “Foro do Brasil” é o deputado Coronel Meira (PL-PE).

Lira, o discreto/ O deputado Arthur Lira (PP-AL) chegou ao Congresso, ontem, sozinho. Apesar de falar ao telefone, cumprimentou quem quis falar com ele.

Ministros presentes/ Orientados pelo Planalto, os ministros foram, em peso, ao Encontro de Prefeitos e prefeitas. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, por exemplo, passou a manhã de ontem por lá. À coluna, disse que espera a votação do Orçamento para dar continuidade aos trabalhos em conjunto com outros ministérios para impulsionar políticas públicas transversais. “Acho que o maior legado da nossa gestão é quando falamos com outras pastas sobre transversalizar e juntar”, disse. Colaborou Israel Medeiros

 

Mau humor contra o governo está instalado

Publicado em Congresso

Blog da Denise publicado em 2 de janeiro de 2024, por Denise Rothenburg

A maior parte da bancada do Ceará entrou 2025 pintada para guerra contra o governo federal. É que nos escaninhos do Palácio do Planalto, enquanto as famílias se preparavam para a ceia da virada do ano, uma parcela dos recursos da saúde — liberada de última hora pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal — foi destinada ao governo do estado (R$ 40 milhões) e outra para a Prefeitura de Fortaleza (R$ 15 milhões), assumida pelo PT. A bancada chiou e já fez chegar ao Planalto que não era isso que estava nas atas das reuniões que definiram a destinação do dinheiro.

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Com o recesso parlamentar e as dificuldades de mobilização nesses primeiros dias de janeiro, ninguém tomará nenhuma atitude drástica. Mas o mau humor contra o governo está instalado. A hora em que vierem as votações de interesse do Poder Executivo, será difícil contar com essa turma.

A ampulheta virou

Em política, os anos ímpares são aqueles momentos de se preparar a disputa eleitoral do ano seguinte. No caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ideia da reforma ministerial será tentar amarrar o primeiro escalão do governo a uma candidatura pela reeleição no ano que vem.

Ainda é cedo

Por mais que Lula queira fechar logo um leque de apoios para a próxima eleição, ninguém vai se mover agora. O presidente da República terá que mexer no seu ministério sem saber com quem poderá contar, de fato, em 2026.

O primeiro desafio de Galípolo

Após 10 de janeiro, quando sai a inflação oficial de 2024, medida pelo IBGE, o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá que escrever a carta para explicar as razões do descumprimento da meta de inflação com muito cuidado. É que se largar já criticando o ajuste fiscal insuficiente, ficará mal com quem o indicou para o cargo.

Olho neles

Pelo menos três prefeitos assumiram seus respectivos mandatos planejando voos mais altos para daqui a um ano e meio, quando quem for candidato deve deixar o cargo. Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo; Eduardo Paes (PSD), no Rio de Janeiro; e João Campos (PSB), em Recife.

CURTIDAS

Ecumênico/ O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, começou seu quarto mandato na gestão da cidade maravilhosa com a presença de um bispo católico, um evangélico, um rabino e um balaborixá. Não será por falta de orações que Paes deixará de cumprir suas promessas e alavancar candidaturas futuras.

Enquanto isso, em São Paulo… / O prefeito Ricardo Nunes bem que pediu pacificação e fim da polarização em seu discurso de posse na capital paulista. Mas a largada dos vereadores empossados indica que vai ser difícil. A vereadora Zoe Martínez (PL) fez o juramento com vivas a Jair Bolsonaro, a São Paulo. Quando citou o ex-presidente foi vaiada.

… nada de paz/ As vaias geraram uma balbúrdia, com os bolsonaristas gritando “Lula ladrão” e os petistas “sem anistia”, referindo-se à turma enroscada no 8 de janeiro de 2023. São os velhos problemas de 2024 dando as caras logo na chegada de 2025.

FHC 30 anos/ A Fundação Fernando Henrique Cardoso registrou os 30 anos da posse de Fernando Henrique e de seu vice, Marco Maciel (foto). Tempos em que a política era feita com respeito aos adversários, sem ataques às instituições, cadeiradas, brigas, ameaças de aniquilamento e por aí vai. Maciel tinha como lema “não vamos fulanizar” — ou seja, olhava o problema, não o personagem.

Por falar em fulanizar…/ A coluna manifesta total solidariedade à jornalista Natuza Nery, ameaçada dentro de um supermercado por um policial, na capital paulista. Todos podem discordar de opiniões, mas dizer que pessoas que pensam como ela devem ser “aniquiladas”, é abuso.