Acordo de Bolsonaro com o PL já está de olho em 2023

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao fechar o ingresso no PL, o presidente Jair Bolsonaro deflagrou acordos para os cargos importantes que estão na roda para… 2023. Sim, eles negociam no mercado futuro. O PP, que já tem a Presidência da Câmara com Arthur Lira, terá o apoio para permanecer no comando da Casa. O Republicanos, que não tem, permanecerá no comando do Ministério da Cidadania, onde há os programas sociais do governo. Falta combinar com o eleitor, que, para que esse acerto funcione, terá de reeleger Bolsonaro. O eleitor, porém, só vai tratar do pleito em 2022. Até lá, é um aceno que, lá na frente, corre o risco de ser atropelado pela conjuntura.

Em tempo: esse tipo de negociação não é novidade. Quando Dilma Rousseff foi reeleita, em 2014, o MDB tinha Michel Temer na vice-presidência e tentou combinar algo semelhante com o PT para fazer de Eduardo Cunha presidente da Câmara. O PT não topou e deu no que deu. Bolsonaro, pelo visto, não pretende cometer os mesmos erros de Dilma.

Família, família!

Nova Russas (CE) tem algo em torno de 30 mil habitantes e é a quinta cidade mais agraciada com recursos de emendas, conforme aponta levantamento de O Globo. A prefeita é esposa do deputado Júnior Mano, do PL, que “carimbou” a verba. Em Tauá, a prefeita é a mãe do deputado Domingos Neto (PSD-CE), que mandou um caminhão de recursos para a cidade.

O destino de Flávia
Até aqui, os planos do presidente incluem a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, como candidata ao Senado. E, assim, apoiar um candidato ao governo que aceite essa composição com a ministra. Para o presidente, virou questão de honra ter uma bancada de senadores aliados.

Otimismo relativo
No Planalto, a aposta nas últimas horas era de que a emenda constitucional dos Precatórios será aprovada em segundo turno. O que deixa assessores e ministros apreensivos são os 11 destaques que faltam para encerrar o primeiro turno.

Slogan de candidato
A filiação do ex-juiz Sergio Moro ao Podemos, nesta quarta-feira, chega com o banner da campanha eleitoral pronto. “Por um Brasil justo para todos” estará espalhado pelos quatro cantos do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Curtidas

Se deu bem/ O deputado Fausto Pinato (PP-SP), que já vislumbrava a perspectiva de ter que mudar de partido por causa da filiação de Bolsonaro ao Progressistas, respira aliviado. Não terá mais de mudar de “casa”.

Ele tem tempo…/ O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, do PL-AM, que torcia para que Bolsonaro escolhesse o PP, vai refletir um pouco mais antes de definir sua estratégia eleitoral para 2022. Afinal, a janela para mudança de partido só abre em março do ano que vem.

…e projeto/ Ramos acaba de apresentar um projeto de resolução para dar transparência às emendas de relator, com divulgação do objeto, do deputado que indicou e a localidade beneficiada. Só tem um probleminha: vai ser uma grita geral dos parlamentares que não tiveram acesso a esses recursos.

É hoje!/ Brasília vive, hoje, uma “super-terça” de eventos. Começa com o seminário no Dúnia Hall, em que empresários e o presidente da Câmara, Arthur Lira, debatem a crise econômica e saídas. O dia emenda com casa cheia na Câmara dos Deputados para votar a PEC dos Precatórios. À noite, Jack Corrêa, um dos ícones das relações governamentais, lança seu livro Lobby stories, na Trattoria da Rosário.

Lobby versus advocacy/ Diferenças e semelhanças entre o lobby e o advocacy e o papel de cada um deles para o fortalecimento da democracia são alguns dos aspectos discutidos, nesta quinta-feira, no webinar do ITCN — “O Papel das Associações em Relações Governamentais”, que terá como convidada a professora da FGV Andrea Gozetto.

Oposição que votou pela PEC dos Precatórios quer programa social em troca

Publicado em coluna Brasília-DF

A parte da oposição que votou a favor da PEC dos Precatórios só o fez diante a promessa do presidente da Câmara, Arthur Lira, de colocar em votação ainda este ano a Proposta de Emenda Constitucional que criará um programa permanente de renda mínima e, de quebra, priorizar o pagamento dos precatórios dos professores. “O acordo foi bom, e vamos manter o voto no segundo turno. PT e companhia sempre defenderam não ter teto para despesas de saúde e educação. Agora, como isso pode ajudar a criar um programa ligado ao atual governo, estão contra. Essa hipocrisia tem que acabar”, diz o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que participou ativamente dessa articulação e não mudará o voto.

Ele considera que a eleição atropelou a discussão. “Não vou tratar de 2022 em 2021. A emenda aglutinativa é boa, atende os objetivos sociais. Até o mercado já entendeu. Quem votou contra é justamente a turma que defende o acordo com o PT e quer a polarização Lula/Bolsonaro. Eu quero a terceira via, e não vou atrapalhar os projetos sociais por causa da eleição do ano que vem”, completa o deputado, dando o tom da discussão que irá tomar conta dos partidos de esquerda até a próxima segunda-feira, quando estará em pauta o segundo turno da PEC dos Precatórios. É nesse nicho que está a chave do resultado.

Olho neles

O foco do governo e de seus aliados para o segundo turno da PEC dos Precatórios é compensar os votos da oposição que podem ser perdidos. A ideia é buscar alguns da base que não votaram na primeira rodada e, agora, estão à espera de mais alguma emenda ao Orçamento liberada este ano. Vale acompanhar tudo o que for liberado e empenhado nos próximos dias. Já tem gente falando em R$ 200 milhões a serem distribuídos.

O que Dallagnol e Moro querem
A chegada do procurador Deltan Dallagnol ao campo político e em parceria como ex-ministro Sergio Moro terá como um dos objetivos resgatar a bandeira anticorrupção, que hoje está solta. Jair Bolsonaro perdeu a condição de propagandear esse tema, diante dos negócios mal explicados de seus filhos.

Por falar em bandeira anticorrupção…
Os aliados do ex-ministro Sergio Moro acreditam que, numa campanha, o ex-ministro terá meios tanto de confrontar Bolsonaro, em relação à interferência na Polícia Federal, quanto Lula e o PT, no caso do Petrolão.

Veja bem
O placar da PEC dos Precatórios indica que o presidente da Câmara, Arthur Lira, tem a força na Casa. E é capaz de dialogar com parte da oposição. E tem mais: se colocar para votação a renda mínima permanente, anula o discurso principal da oposição de que o governo acabou com o Bolsa Família e não faz nada pelos mais pobres.

O que incomodou
O placar apertado da PEC dos Precatórios, apenas quatro acima dos 308 votos, foi o que assustou o mercado financeiro. Hoje, há um consenso de que, se está ruim com a PEC, será pior sem ela.

O que preocupa
Alguns pontos da PEC, porém, deixam economistas bastante preocupados, especialmente itens que podem passar a ideia de que as âncoras fiscais foram para o espaço. Ali, estão embutidas a volta das antecipações de receitas orçamentárias e a possibilidade de autorizar o governo a quebrar a chamada regra de ouro já na elaboração do Orçamento. Hoje, a cada quebra da regra de ouro, o governo precisa pedir autorização ao Congresso.

Contra, mas nem tanto/ Tem muita gente na oposição que votou contra torcendo profundamente para que a PEC seja aprovada e ajude a garantir os recursos do fundo eleitoral. Afinal, se a PEC for derrotada, o governo terá que buscar os R$ 400, e este é um dos gastos na mira dos cortes.

Presença de Pacheco/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sairá da Cop26, em Glascow, com imagens preciosas para mostrar seu interesse na pauta ambiental ao longo da campanha de 2022. Algo que Jair Bolsonaro não terá.

Fórum Nacional de Controle/ Termina hoje, no instituto Serzedello Corrêa, do Tribunal de Contas a União (TCU) o V Fórum Nacional de Controle, que este ano está direcionado ao desafio da educação no pós-pandemia, desafios e oportunidades. O ministro Augusto Nardes, que coordena o Fórum desde 2017, companha as discussões de hoje, sobre formação de capital humano. Quem não assistiu às discussões do seminário pode buscar nos canais do TCU, no YouTube.

Dito e feito/ Conforme a coluna publicou, a votação da PEC dos Precatórios terminou na Justiça. E todos os interessados neste assunto vão passar a sexta-feira de olho no STF. Ou seja, não tem “sextou” para a política.

O toma lá dá cá dos precatórios

Publicado em coluna Brasília-DF

Parlamentares ligados ao presidente da Câmara, Arthur Lira, já fizeram chegar aos aliados do governo que, se a proposta de emenda à Constituição (PEC), que parcela a dívida dos precatórios, não for aprovada, faltarão recursos para as RP9, aquelas emendas ao Orçamento que atendem diretamente a base governista. Aliás, o reforço na liberação das emendas é justamente o que os aliados do Executivo esperam para votar a PEC. Se houver garantia de que isso será possível, será mais fácil atingir os 308 votos.

Caso esse argumento não seja suficiente, outros já estão no discurso do governo, por exemplo, “quem estiver contra a PEC está contra atender os mais pobres”, conforme tem repetido o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. A alta do dólar e a queda das bolsas, que agitaram o mercado na quinta-feira, por causa da incerteza sobre a aprovação da PEC, também farão parte da narrativa. O tema, conforme o leitor da coluna já sabe, virou questão de honra para Arthur Lira.

Cachimbo da paz nas alturas

O presidente Jair Bolsonaro aproveita a viagem à Itália com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Cidadania, João Roma, para fechar todas as contas em relação aos programas sociais do governo e acabar com as intrigas entre as áreas social e econômica.

Primeiros acordes…
Observatório da Pandemia, aprovado pelo Senado Federal para acompanhar os desdobramentos das ações judiciais pedidas no relatório final da CPI, é a fórmula para que o assunto continue vivo. O colegiado continuará nas mãos do presidente Omar Aziz, e a relatoria, com Renan Calheiros.

… de um discurso
Para o futuro candidato do PSD ao Planalto, Rodrigo Pacheco, que não hesitou em colocar o tema em pauta, é a montagem de um discurso de que o Senado cumpre o seu papel de agir e fiscalizar as ações.

Cobrem de Bolsonaro e Paulo Guedes
Aliados de Pacheco estão convencidos de que é preciso aprovar projetos importantes na seara econômica para deixar claro que o descontrole nas contas públicas, que gera inflação e incertezas, é de responsabilidade do governo, e não do Senado.

Por falar em Pacheco…
O presidente do Senado não será empecilho para a aprovação da PEC dos Precatórios. Se passar na Câmara — e tudo indica que a blitz que o governo pretende fazer na semana que vem deverá ajudar na aprovação —, o Senado debaterá e votará logo.

O xerife das eleições/ É assim que muitos deputados estão se referindo ao ministro Alexandre de Moraes, que vai presidir o processo eleitoral no TSE em 2022. Depois de relatar o inquérito relacionado às fake news no Supremo Tribunal Federal, essa missão no TSE vem sob encomenda para garantir a lisura e a segurança do pleito de 2022.

O kit antifake news/ É assim que os políticos chamaram a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) e os avisos transmitidos na votação da ação contra a chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, de que disparos em massa de notícias falsas nas redes sociais, durante o período eleitoral, vão dar cadeia.

Estilo Kassabiano/ Perguntado nos bastidores do CB.Poder, se vai chamar a empresária Luiza Trajano para vice na chapa encabeçada por Rodrigo Pacheco, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, com a sua mineirice, respondeu: “Só quando tiver a certeza de que ela vai aceitar”.

Cartão para a COP26/ Está sobre a mesa do governador Ibaneis Rocha (MDB) o Projeto de Lei 121/2019 aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), do deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos). O PL institui a política pública Brasília Lixo Zero. Um marco no tratamento do lixo no Brasil, a proposição elenca um conjunto de ações e termos de cooperação para parcerias público-privadas de reaproveitamento dos rejeitos e sua destinação para reduzir o aquecimento global.

“Sextou” na quinta/ O movimento na Câmara dos Deputados, ontem, estava já com cara de feriadão. A quinta mais calma, porém, foi proposital. A ordem é aliviar agora para apertar e exigir presença na quarta-feira, dia 3, data de votação da PEC dos Precatórios. O certo, no entanto, em tempo de volta de sessões presenciais, seria casa cheia todos os dias úteis.

“Não tem prorrogação do auxílio emergencial. O país tem, agora, o programa permanente, o Auxílio Brasil, para aqueles que mais necessitam”
João Roma, ministro da Cidadania, ao informar à coluna que a folha de novembro, com o valor de R$ 220, já está fechada

 

Teto, auxílio e precatórios passam a prioridades do governo

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo lavou as mãos em relação à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que trata das mudanças na indicação dos membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), tema em pauta, hoje, na Câmara. No Planalto, as prioridades são o teto de gastos, o Auxílio Brasil e a PEC dos Precatórios. Sem os instrumentos econômicos, avaliam alguns, não haverá 2022 para Jair Bolsonaro.

Em relação à CPI da Covid, a briga interna do G-7 deu mais um fator a ser explorado pelos governistas nos próximos dias. Eles não vão deixar passar em branco as rusgas expostas entre Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Renan Calheiros (MDB-AL). As brigas internas enfraqueceram o grupo. Aliás, conforme o leitor da coluna já sabe, a ideia de Omar Aziz (PSD-AM) era, inclusive, acabar com a CPI antes que as brigas aflorassem. Não deu tempo.

Aí tá limpo

O governo considera que está resolvido um dos pontos do relatório: o da compra da Covaxin. Como não houve a negociação, os pedidos de indiciamentos nessa seara dificilmente terão desdobramentos.

Coleção de imagens
Os relatos de parentes das vítimas da covid-19 já estão devidamente arquivados para uso em sites e no horário eleitoral gratuito, na campanha do ano que vem. O governo sentiu o tranco. Da sua parte, porém, os estrategistas de Bolsonaro, conforme a coluna já publicou, se ausentaram da CPI para tentar passar a ideia de que a sessão foi sob encomenda para uso futuro político.

Enquanto isso, na Câmara…
O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), já fez circular que, apesar da preocupação dos líderes, é preciso retomar as sessões presenciais. A minuta do ato da mesa está pronta.

E o Paulo Guedes, hein?
Quem vai marcar a ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao plenário da Câmara é Arthur Lira.

Quieto e trabalhando/ Convidado para o jantar da Esfera, que reuniu empresários e financistas de São Paulo para ouvir Eduardo Leite, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin não foi. E respondeu assim a alguns amigos que quiseram saber por que faltou: “Não fui para não atrapalhar”, diz ele, que está ajudando nos bastidores.

Presente, mas…/ Quem acabou aceitando o convite para o jantar foi o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Mas ele fez questão de dar apenas “aquela passadinha”, ou seja, cumprimentar as pessoas e sair. Não ficou até o final, de forma a não deixar a impressão de engajamento, e não recusou totalmente o convite, o que poderia parecer desprezo. “O evento é suprapartidário, por isso, fui”, disse ele à coluna.

…o projeto é outro/ Perguntado sobre como estava o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a principal aposta do PSD, hoje, para o Planalto, Kassab respondeu: “Está bem maduro”.

E o Doria, hein?/ O governador de São Paulo, João Doria, será o convidado do jantar da Esfera, em 10 de novembro. Assim, a associação de empresários e financistas terá ouvido todos os pré-candidatos do PSDB a presidente da República.

Depois de Dubai…/ A postagem de Heloísa Bolsonaro nas redes sociais, em resposta às críticas que recebeu por causa da viagem a Dubai, foi apenas uma amostra do que vem por aí. A família não pretende deixar que essas críticas passem em branco.

Lula sai de encontros em Brasília sem o MDB

Publicado em coluna Brasília-DF

Em sua passagem esta semana por Brasília, o ex-presidente Lula praticamente selou o apoio do PSB, deixou o PSD amarrado para um eventual segundo turno contra Jair Bolsonaro e reaproximou-se de representantes do funcionalismo público. Mas o velho e bom MDB preferiu ficar na encolha.

O clã Sarney, conforme o leitor do Blog da Denise pôde conferir ontem, negocia a vaga de candidata ao Senado para Roseana Sarney na chapa do senador Weverton Rocha ao governo do Maranhão. Rocha é do PDT de Ciro Gomes. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi outro que não quis muita conversa com Lula, porque sabe que o PT jamais o apoiará à reeleição. E, para completar, o MDB ainda tem Simone Tebet como pré-candidata a presidente da República. Do Centro-Oeste para baixo, não tem conversa entre os dois partidos. E, antes de seus caciques resolverem a sobrevivência em seus estados e no Distrito Federal, o MDB não dá um passo para definição do projeto nacional.

Separe as estações

A marcação da votação da PEC dos Precatórios para 19 de outubro vem sob encomenda para esperar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, preste seu depoimento a respeito da offshore nas Ilhas Virgens Britânicas com US$ 9,5 milhões.

O teste de Guedes
O ministro da Economia será perguntado ainda, com muita ênfase, por que mandou retirar o artigo 6º da reforma tributária —, justamente o que previa a taxação de recursos de pessoas físicas brasileiras alocados em paraísos fiscais. Os deputados querem saber por que o ministro não quis taxar o seu dinheiro lá fora. Só de variação cambial, o cofre de Guedes rendeu, de 2019 para cá, R$ 14 milhões, como mostra a reportagem de Fernanda Fernandes, no Correio.

Pior sem ele
Os cálculos do presidente da Câmara, Arthur Lira, um enxadrista de primeira grandeza da política, indicam que, a partir da criação do União Brasil com 82 deputados, a ida de Jair Bolsonaro para o PP é um passaporte para ampliar o número de deputados do Progressistas. Até onde a vista alcança, os pepistas têm sensação de que esse é o caminho mais seguro para tentar se manter no comando do Parlamento.

Abril, a hora da verdade
A aposta é a de que esses 82 deputados não se mantêm, porque os bolsonaristas devem sair; e outros só vão entrar se os acordos regionais para a sobrevivência forem atrativos; e o candidato a presidente, seja quem for, passar “firmeza” de que tem “pegada” para disputar uma das vagas ao segundo turno.

O desafio de Fausto
Se Jair Bolsonaro se filiar mesmo ao PP, conforme já disse, inclusive, a deputados do partido, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, Fausto Pinato (PP-SP), e o deputado Eduardo Bolsonaro ficarão no mesmo partido. O trabalho será pacificar e explicar aos estrangeiros que é possível a legenda abrigar Pinato, amigo dos chineses, e Eduardo, que, no passado, provocou muita polêmica entre os dois países.

Em campos opostos
O governador do DF, Ibaneis Rocha, considera que quem tenta citá-lo como um nome potencial para vice de Lula quer é tirá-lo de uma campanha reeleitoral viável e promissora a preços de hoje. A chance de o PT apoiar Ibaneis é zero, seja para o governo estadual, seja para vice de Lula.

CPI no horário eleitoral
O forte depoimento do paciente que escapou da morte porque a família recusou a proposta da Prevent Sênior não muda sequer um voto na CPI da pandemia. Mas já está devidamente arquivado para 2022.

E o Ciro, Lula?/ Entre um gole e outro de vinho, Lula comentou com os emedebistas que não acredita na terceira via nem tem a menor esperança de receber o apoio de Ciro Gomes, do PDT, num segundo turno contra Jair Bolsonaro. “Na hora h, Ciro vai para Londres e não apoia ninguém”, comentou.

Tá nesse pé/ Lula justificou assim sua impressão sobre Ciro Gomes: “Ele (Ciro) tem sido muito agressivo comigo, e isso cria um caminho sem volta”.

A culpa é dela/ Pelo menos um dos emedebistas presentes ao jantar que o ex-senador Eunício Oliveira ofereceu a Lula teve vontade de perguntar com todas as letras por que o PT não expulsou Dilma Rousseff do partido, uma vez que ela impediu que Lula fosse candidato em 2014.

Muita calma nessa hora/ A pergunta só não foi feita porque a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil de Dilma, poderia não resistir e dar uma resposta atravessada, capaz de estragar o sabor do cordeiro e do vinho.

E o leilão do petróleo, hein?/ A oferta de 92 e só cinco campos arrematados indica que os combustíveis fósseis começaram a perder terreno.

Arthur Lira tem pressa para levar reforma administrativa ao plenário

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cogitou esta semana levar a reforma administrativa diretamente para o plenário da Casa. Não o fez porque não tem fechados os 308 votos para aprovar a proposta. A intenção de Lira era aproveitar este mês em que os deputados ainda estão em sessões remotas e os debates restritos. Agora, se demorar muito para votar tudo na comissão especial, as apostas indicam que será muito difícil levar o projeto adiante. Isso porque, embora este Congresso seja mais reformista que o anterior, muitos deputados preferem não arriscar um desgaste junto às mais diversas categorias do setor público, e, mais à frente, o Senado travar essa discussão. Ou seja, terá sido muito trabalho em vão.
Quanto ao relator da reforma tributária, Arthur Maia (DEM-BA), a avaliação dos líderes é a de que, até aqui, ele fez tudo o que estava ao seu alcance para tentar facilitar a aprovação da reforma. Porém, assim que a quarta versão do relatório foi apresentada, a expectativa ainda era uma difícil aprovação.

Enquanto houver bambu…

Com Marcelo Queiroga em isolamento num hotel em Nova York, a CPI da Covid vai continuar até o prazo final, ou seja, início de novembro. A ideia é aprofundar o caso Prevent Senior e as relações da Dlog, a Diretoria de Logística do Ministério da Saúde.

… há flecha
A Dlog, aliás, será o foco principal nas próximas semanas, junto com a Precisa Medicamentos. Ou seja, a dor de cabeça de muitos por ali não vai terminar tão cedo.

Reserva de mercado
Arthur Lira tem escolhido a dedo os relatores dos projetos importantes. Daí, a indicação do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para relatar a PEC dos Precatórios. O ritmo será o que o presidente da Câmara quiser. A PEC é, hoje, a prioridade um do governo federal.

Não vem que não tem
O presidente do PDT, Carlos Lupi, avisa aos petistas interessados em tirar Ciro Gomes do páreo que eles vão perder tempo. “A candidatura do Ciro é irreversível. Em 41 anos de vida pública, jamais tive um ato de traição ou deslealdade. Eu que chamei o Ciro para vir para o PDT, ele é nosso candidato e ninguém do PT terá coragem sequer de insinuar uma retirada da candidatura comigo. Não tem”, disse Lupi à Coluna. Neste fim de semana, Ciro estará no Rio de Janeiro, ao lado do presidente do partido.

Enquanto isso, no PSB…
O líder da oposição, Alessandro Molon, é o nome que o partido lançará ao Senado, no Rio, em parceria com Marcelo Freixo, candidato a governador. Falta encaixar o PT. A expectativa, porém, é a de que se o partido apoiar a candidatura de Lula à Presidência da República, ficará mais fácil.

Curtidas

“Desceu o morro de tamanco”/ O deputado Vinícius Poit (Novo-SP) bateu boca com um grupo de servidores que faziam quase que um corredor polonês contra a reforma administrativa. Foi xingado como “defensor da corrupção”, por causa do risco da liberação de cargos de servidores efetivos para apadrinhamento político.

Nem vem/ Poit, que é favorável à reforma para acabar com os supersalários, rebateu dizendo que a turma estava ali para defender Lula e o PT. O clima só melhorou quando o presidente do Sindilegis, Allison Souza, entrou na roda e, com muita calma, explicou que a posição dos servidores contra a proposta se deve à falta de estudos e cálculos atuariais. O deputado, porém, não muda sua posição: é a favor da reforma e ponto.

Enquanto isso, na fila…/ Ao tomar a vacina com uma camiseta Fora Bolsonaro, o deputado Alessandro Molon acabou, sem querer, provocando uma discussão entre duas senhoras na fila. A que estava logo à sua frente disse que usaria uma camiseta escrito “Bolsonaro é o melhor presidente que o país já teve”. Uma outra, que não ouviu direito o que a primeira havia dito, respondeu: “Pois é, eu quero uma camiseta dessa daí. Não sei como alguém ainda apoia Bolsonaro”.

… a discussão rolou solta/ A confusão estava armada. Molon, então, apenas defendeu a democracia e deixou que as duas mantivessem a discussão, torcendo pelo consenso, pelas maravilhas da democracia e pelo respeito à opinião alheia.

PEC dos Precatórios virou ”meu pirão primeiro”

Publicado em coluna Brasília-DF

Deputados e senadores estão, hoje, muito mais interessados na Proposta de Emenda Constitucional que permitirá o parcelamento de precatórios do que qualquer outra PEC que tramita no Congresso. É que, antes mesmo do envio do Orçamento de 2022 ao Congresso, os parlamentares calcularam que só será possível garantir as famosas emendas de relator se houver uma folga no teto de gastos. E se os precatórios de R$ 87 bilhões tiverem pagamento obrigatório no ano que vem, será impossível garantir recursos para essas emendas.

» » »

Por isso, ninguém tem dúvidas de que, embora o Congresso esteja debruçado sobre tentativa de formar maioria para aprovar a reforma tributária, o que vai tramitar rápido, segundo apostam vários líderes, é a PEC dos precatórios. A tributária é vista como algo sem muitas chances de prosperar.

Quase lá

Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que enviará ao Congresso os pedidos de impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso, a avaliação de ministros do governo é a de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o comandante da Casa Civil, Ciro Nogueira, conseguiram esfriar o ambiente.

O problema é a pressão

Ao mesmo tempo em que Ciro promove o hasteamento da bandeira branca e posa ao lado de Luiz Fux com um exemplar da Constituição, os bolsonaristas raiz reclamam nas redes que estão sendo ameaçados em suas liberdades. E é esse público que todos os dias fala ao presidente pedindo as investidas contra o STF.

Se não ampliar, não vai

A avaliação de aliados dos políticos, porém, é a de que Bolsonaro já tem o apoio desse pessoal que agora pressiona contra o STF. O que precisa é conquistar aqueles que começam a se afastar dele, por causa dos acenos aos grupos mais radicais.

Desgasta, mas não mata

Senadores que votam a favor da recondução de Augusto Aras não pretendem mudar de ideia por causa da notícia-crime encaminhada ao Supremo pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Fabiano Contarato (Rede-ES). Porém, até que a recondução chegue ao plenário, a ação no STF vai deixar o procurador exposto.

Curtidas

Só faltaram eles/ Só dois senadores não foram ao jantar que reuniu a bancada do PSD e Rodrigo Pacheco: Omar Aziz (AM) e Otto Alencar (BA), ambos integrantes da CPI da Covid. Aziz está sempre em reuniões com os integrantes da comissão. E Alencar, aliado do PT na Bahia, tem evitado aglomerações.

Para bons entendedores…/ Ao longo do jantar, Pacheco não falou em data de filiação ou candidatura ao Planalto. Nem lhe foi perguntado.

… meia palavra basta/ Pacheco aproveitou as rodas de conversa para falar do que o Brasil precisa em vários setores. Para o curto e médio prazo, pregou serenidade.

Olho nele/ Conforme a coluna já abordou há alguns dias, Bolsonaro, ao promover a briga com o Supremo e falar em impeachment dos ministros Moraes e Barroso, acendeu o cenário para que Pacheco desfilasse como o senhor do diálogo. O encontro com Fux foi apenas o começo. Outros gestos semelhantes virão.

Marinha mantém desfile de blindados, mas sem relação com votação no Congresso

Publicado em coluna Brasília-DF

A decisão da Marinha, de manter o desfile de blindados, é justamente para mostrar que se trata de um exercício que já estava programado, sem qualquer relação com a votação desta terça-feira, que selará o destino da PEC do voto impresso. “Bolsonaro pode até sonhar com isso, mas ninguém vai acompanhá-lo numa maluquice dessas”, diz o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo à coluna, quando perguntado sobre a hipótese de ações fora das linhas da Constituição.

Aldo lembra, inclusive, que já participou desse exercício em Formosa e que a ideia, desta vez, ao expor os equipamentos, é apenas permitir que os tanques estejam disponíveis para visitação, em frente ao Ministério da Marinha. “A coincidência foi Arthur Lira marcar a votação para este dia, com o evento programado”, afirma Aldo.

» » »

Em tempo: várias autoridades convidadas para o evento da Marinha preferiram agradecer o convite, mas guardar distância. Por mais que não haja relação entre a exibição dos blindados e a votação do voto impresso, a ordem é não se misturar.

Onde está o nó

O leitor da coluna sabia, desde a semana passada, que o Auxílio Brasil, novo nome do Bolsa Família, ia desembarcar no Congresso sem valores definidos. E foi assim porque não houve um consenso entre a área política e a social do governo. Agora, a PEC dos Precatórios vem justamente para que haja uma folga capaz de atender o projeto de transferência de renda.

Só tem um probleminha
O mercado, até aqui, entendeu que a questão fiscal não está equacionada, uma vez que não houve corte de despesa para atender o acréscimo de gastos.

Fechados
O ex-presidente Lula tem encontrado dificuldades para se aproximar das Forças Armadas. Alguns interlocutores deles têm ouvido frases do tipo: não é possível misturar as Forças com política.

“Distritão” faz a alegria dos pequenos
Parlamentares de estados pequenos, com apenas oito deputados, estão confiantes na aprovação do “Distritão”, sistema que permite apenas a eleição dos mais votados. É que, assim, os deputados atuais não vão precisar correr atrás de candidatos para compor chapas e dependerão apenas dos próprios votos para conquistar uma vaga na Câmara em chapas bem menores, ou seja, com menos concorrência.

Curtidas

Aula de governança/ O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes é o convidado especial do almoço do grupo Lide Brasília desta quinta-feira. Falará sobre os mecanismos de governança na retomada do crescimento econômico brasileiro.

Por falar em governança…/ O país não vê a hora de sair dessa discussão do voto impresso e entrar nas formas de retomada do emprego e renda.

“Ver recado em exibição militar é coisa de gente que sai de casa ao meio-dia, com aquele sol maravilhoso e vê assombração no meio da rua”
Deputado Evair de Mello (PP-ES)