Assinar carta da democracia não é apoiar Lula, alertam empresários

Publicado em coluna Brasília-DF

Com a profusão de cartas em defesa da democracia, como a da USP e a da Fiesp, empresários simpatizantes do governo têm dito em conversas reservadas que é bom o PT ficar atento, porque a chancela aos documentos não representa um voto em favor do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Representantes do MDB de Simone Tebet, por exemplo, e do PDT, de Ciro Gomes, vão se colocar como signatários do texto, até para evitar que haja uma leitura de apoio ao petista.

O PL de Valdemar da Costa Neto, para diluir o peso do documento como um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro, vai colocar suas falas em favor das urnas, tal como a do líder do governo, Capitão Augusto, em defesa do sistema eletrônico de votação. Ele tem reforçado em todas as entrevistas que a urna é segura.

A ordem entre os bolsonaristas é sair desse tema e seguir para a economia — redução do preço da gasolina, por exemplo, onde eles consideram que Bolsonaro pode surfar.

Combustível
O governo respirou aliviado com os dividendos da Petrobras — R$ 87 bilhões, dos quais R$ 32 bilhões ficarão com a União. A avaliação entre os bolsonaristas é de que o presidente ganhou pontos com a redução no preço dos combustíveis e, agora, terá recursos para pagamento dos auxílios previstos na PEC das bondades, cujos benefícios ainda não surtiram efeito eleitoral.

Sigam o Lira!

No PL e no QG de Jair Bolsonaro, a ordem é seguir a linha que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), expôs em seu twitter: “Má notícia para os pessimistas de plantão! Estamos na contramão do mundo, mas isso é bom! Inflação em baixa, PIB em alta. Desemprego com a menor taxa dos últimos anos. Estamos trabalhando com o Brasil real, que vai prosperando, melhorando, avançando”, publicou.

Cada um no seu quadrado
A campanha de Lula montou um grupo especial para conversar com segmentos do eleitorado religioso de uma forma geral. Geraldo Alckmin cuidará mais dos católicos, enquanto Benedita da Silva focará nos evangélicos. A avaliação é que o petista ainda tem muito terreno a percorrer nessa faixa do eleitorado.

Deu ruim
O vazamento do atestado médico que a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) apresentou para justificar sua ausência à reunião da federação PSDB/Cidadania, inviabilizou qualquer reaproximação entre ela e o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Paula é considerada por quem a conhece “uma leoa ferida”.

Nas rodas de Brasília/ Os cientistas políticos, que sempre se reúnem para discutir o processo eleitoral, concluíram que o cenário está assim: quando Lula fala, Bolsonaro ganha. E quando Bolsonaro fala, Lula ganha. Está explicado o motivo de ambos serem avessos a um debate com os demais candidatos.

Por falar em Brasília…/ Lula foi ovacionado pelos estudantes ao caminhar pelo “Ceubinho”, apelido da entrada norte do Minhocão da UnB. Contava-se nos dedos os que passaram “batidos” — ou seja, sem levantar a mão com os dedos formando um “L”, marca da campanha, ou gritar um “Lula lá”.

Separados I/ O QG da campanha de Bolsonaro está preparando uma agenda solo para a primeira-dama, Michelle. Ela já se dispôs a participar de encontro de mulheres e com o eleitorado evangélico, de forma a tentar reforçar a posição eleitoral do marido.

Separados II/ O candidato a vice, Walter Braga Netto, também terá agenda própria daqui para frente. Até porque, Bolsonaro terá dificuldades em agendas eleitorais durante a semana por causa do horário de expediente. No sábado, porém, estarão todos juntos em Montes Claros (MG).

Aliados de Lula não vão desistir de sabotar a candidatura de Simone Tebet

Publicado em coluna Brasília-DF

A decisão do ministro Edson Fachin de manter a convenção do MDB garantirá a candidatura de Simone Tebet, mas não significa que os aliados de Lula desistiram de sufocar as perspectivas de apoio à senadora, não só no MDB como também entre os aliados de Tebet. O telefonema de Lula ao senador Tasso Jeiressati, por exemplo, faz parte desse pacote. Mas, a abordagem foi suave, no sentido de montar um palanque entre PT e PSDB no Ceará, depois do rompimento entre o PDT de Ciro Gomes e os petistas. Lá, o MDB já apoia Lula e, agora, a ideia é atrair os tucanos, tirando Tasso da chapa de Tebet.

Em outros estados, o PT fará o mesmo. A ideia é, onde não for possível fisgar o MDB, buscar o PSDB. No caso do Ceará, esta eleição comprova as voltas que o mundo dá. Em 2010, PDT e PT se juntaram para derrotar Tasso Jereissati no Senado. Um dos objetivos de Lula era derrotar o senador. Agora, PT e PDT, separados, buscam o senador para fortalecer suas bases no estado. Em política, o adversário de ontem é o aliado de amanhã. Por isso, muitos deles sempre deixam uma pontezinha para o futuro.

Faz parte do serviço

Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) ouvidos pela coluna classificaram como perfeitamente normal e dentro dos padrões o pedido da área técnica para que o governo explique de onde vai tirar o dinheiro para o pagamento dos benefícios decorrentes da PEC Emergencial. Concedidos por emenda constitucional, não há nada de ilegal nos auxílios.

O problema é o futuro
A avaliação é de que, se faltar orçamento de dividendos de estatais, privatização da Eletrobras e outras fontes que o governo possa usar, a saída será a emissão de dívida. Logo, essa conta não será quitada agora.

Por falar em futuro…
As promessas dos candidatos a presidente, tanto Lula quanto Bolsonaro, de manter os auxílios no próximo ano também serão alvo de questionamento do TCU quanto a recursos para a manutenção desse gasto. Mas essa é uma história que só estará em pauta a partir de novembro, quando os parlamentares voltam da eleição para tratar do Orçamento de 2023.

Ação & reação
A contar pelos xingamentos do advogado Luís Felipe Belmonte ao senador Izalci Lucas, de quem é primeiro suplente, a derrota da deputada Paula Belmonte na reunião da Federação do PSDB/Cidadania, que garantiu a candidatura do senador tucano ao GDF, terá desdobramentos. Ao ver a esposa chorar e dizer que não aceitaria essa “violência contra a mulher”, o suplente de Izalci, aos gritos, dizia que o senador tem mandato “até enquanto não for cassado”. No DF, a federação está por um fio.

Adeus, gravatas/ A reunião da presidente da Caixa, Daniella Marques, com todos os servidores da instituição e o lançamento do programa #temCaixaparaMais, terminou com a abolição das gravatas obrigatórias. Os vice-presidentes prontamente tiraram as suas no palco mesmo. Por isso, se alguém for à Caixa Econômica e reparar que seus funcionários não usam gravata, não pensem que é desleixo. Aliás, Daniela tem razão: num país tropical, o acessório é perfeitamente dispensável.

Cidadão do mundo/ A exemplo do encontro que manteve com a vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez, Lula terá outros atores internacionais, de forma a ampliar a visão de globalplayer, capaz de exercer uma diplomacia presidencial efetiva.

Frustrante/ O cancelamento do debate da CNN, inicialmente marcado 6 de agosto e anunciado aos quatro ventos como o primeiro encontro dos presidenciáveis, é mais um passo à polarização. Muito triste um país em que, quando os líderes das pesquisas, no caso, Lula e Jair Bolsonaro, não confirmam, os demais perdem a chance de debater.

Fica a dica/ A Lei Eleitoral poderia ter um dispositivo que obrigasse os candidatos a presidente a participarem de, pelo menos, alguns debates. Afinal, quem deseja ser presidente da República deveria estar preparado para este tipo de ocasião.

Para caciques do PL, Bolsonaro não irá para a ruptura institucional

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Os presidentes do PL, Valdemar da Costa Neto, e do PP, Ciro Nogueira, já sabiam que o presidente Jair Bolsonaro criticaria as urnas eletrônicas em encontro com embaixadores. Agora, vão se preparar para as representações judiciais que a oposição levará ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal. E é por aí que vão agir. Até aqui, ambos têm dito, em conversas reservadas, que a missão deles está relacionada a questões partidárias. Aliados de Ciro vão além: dizem que ele já cumpriu o seu papel ao aprovar a emenda constitucional que ampliou o Auxílio Brasil e criou o Auxílio Caminhoneiro.

Isso não significa que irão apoiar qualquer medida que tente comprometer o processo eleitoral. Porém, inicialmente, acreditam que Bolsonaro não irá para a ruptura institucional. Se a aposta deles está correta, o tempo dirá.

Corrida pelo primeiro turno

A reunião de Lula com representantes de diretórios do MDB em 11 estados a poucos dias da temporada de convenções faz parte do jogo do PT para ver se consegue ampliar a distância para Jair Bolsonaro e, assim, tentar vencer no primeiro turno. O PT considera que uma vitória na primeira rodada daria mais estofo para lidar com o presidente Bolsonaro e as ameaças sobre as urnas eletrônicas.

Ela vai assim mesmo
Simone Tebet não vai desistir. Ela continuará viajando pelo país e será candidata, mesmo sem o lastro de todos os diretórios regionais. Alguns desses dirigentes regionais já admitem votar na candidatura dela, embora estejam inclinados a apoiar Lula.

Dois imbróglios
Só Rio de Janeiro e o Distrito Federal são considerados problemas hoje dentro da Federação do PSDB com o Cidadania, a ponto de serem tratados na reunião desta semana. No DF, como já se sabe, é a queda de braço entre a deputada Paula Belmonte e o senador Izalci Lucas, que têm projetos diferentes.

O que vem por aí
A unidade do União Brasil em torno de Reguffe deu uma balançada. No partido, há quem esteja pregando que ele só tenha recursos financeiros para a campanha se concorrer à reeleição para o Senado.

CURTIDAS

Leite leva MDB/ A maioria dos prefeitos do MDB gaúcho selou o apoio à candidatura de Eduardo Leite para o governo do Rio Grande do Sul. Foram 52 votos a dez.

A paróquia é o que interessa/ Enquanto Rodrigo Pacheco falava em suas redes sociais sobre o discurso de Bolsonaro aos embaixadores, o presidente da Câmara, Arthur Lira, postava que o prefeito de Arapiraca (AL) irá apoiar o Rodrigo Cunha (PSDB) e Davi Davino Filho (PP) ao governo estadual.

Um google resolveria/ O power point que o presidente Jair Bolsonaro apresentou em seu discurso contra as urnas eletrônicas trouxe a inscrição “brienfing”, quando a palavra correta é briefing. A contar pelos parcos aplausos, a fala presidencial também não agradou.

Temer cortejado/ O ex-presidente Lula não desistiu de ter um diálogo com o ex-presidente Michel Temer. Hoje tem mais uma tentativa do PT de se aproximar dele.