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Coluna Brasília-DF/Por Carlos Alexandre de Souza
Brasília tornou-se o epicentro da politização do coronavírus. É da capital federal que parte o movimento contrário ao isolamento horizontal, única medida eficaz para conter o avanço assustador da Covid-19 pelo país — ao ritmo de cem mortes por dia. O presidente Jair Bolsonaro não apenas insiste em ignorar todos os alertas e estimula abertamente a população a sair pelas ruas — ontem, foi a uma padaria na Asa Norte, como despacha com uma espécie de ministério paralelo, chefiado por Osmar Terra, para desmoralizar o trabalho do ministro Mandetta.
O resultado está nas ruas, com o evidente aumento das aglomerações nas grandes cidades brasileiras antes mesmo de a pandemia do coronavírus atingir os níveis mais altos. A politização também contaminou o uso da hidroxicloroquina como medicamento contra a doença. A intromissão de políticos em um debate que deveria ser conduzido por médicos e cientistas apenas confunde a opinião pública, pois está claro que ainda faltam evidências científicas para autorizar o uso disseminado do remédio. Nesse momento crítico da Covid-19, a politização é o maior inimigo a espreitar a saúde dos brasileiros.
Apelo empresarial
A Associação Comercial e Empresarial de Minas enviou uma carta ao presidente Bolsonaro na qual apela por medidas urgentes para socorrer empresas em “funcionamento precaríssimo”. O documento alerta para a urgência de se lançar um plano mais contundente para as empresas formais — “as que sustentam o Estado” — sob o risco setores inteiros caírem em bancarrota.
Sacrifícios iguais
Assinada por Aguinaldo Diniz Filho, presidente da associação fundada em 1901, a carta propõe ainda um corte horizontal de 25% de toda a folha de pagamento dos servidores do Executivo, Legislativo e Judiciário. A alegação é de que o setor privado já contribui com uma sacrificada redução salarial.
Não às taxas
A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) sugeriu ao presidente Bolsonaro uma Medida Provisória que suspenda a cobrança de serviços bancários para os beneficiários da ação emergencial de renda mínima. Trata-se de uma fatura de mais de R$ 100 milhões, que poderia ser revertida em recursos para combater o coronavírus. “Os bancos precisam ter responsabilidade social nesse momento”, defende a parlamentar.
Reforço
A publicitária Sophie Wajngarten, mulher do Secretário Especial de Comunicação, Fábio Wajngarten, é a mais nova integrante do Conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado. Cofundadora do Instituto Liberta, Sophie se tornou-se próxima da primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente do conselho gestor do programa Pátria Voluntária.
Baixa
Janio Macedo, secretário de Educação Básica, pediu demissão. Ele deverá ser substituído por Ilana Becskeházy. Ela acredita que é possível reproduzir o modelo de alfabetização desenvolvido em Sobral (CE), referência no país. A saída de Macedo, anunciada ontem, ocorre exatamente um ano depois de Abraham Weintraub assumir o MEC.
Toga suspeita
O ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, determinou o afastamento por 180 dias do desembargador Siro Darlan, do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Darlan é investigado pela Polícia Federal na Operação Platão, que apura denúncias de venda de sentenças no estado fluminense. O ministro Salomão também autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do magistrado, além do bloqueio de bens.
Bolsonaro busca de respaldo técnico para suas teses e aumenta tensão com a Saúde
O fato de o presidente Jair Bolsonaro ter recebido o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra e médicos para ouvi-los sobre cloroquina fez crescer as apostas sobre uma possível troca de comando no Ministério da Saúde. Entre os políticos, não resta dúvidas de que o presidente, dia após dia, desautoriza o ministro Luiz Henrique Mandetta. A visão de aliados mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, porém, é a de que o ministro é quem tem desautorizado o presidente, que pensa diferente do ministro. Bolsonaro, embora não pense como o ministro, não o substitui porque teme que isso termine por lhe corroer ainda mais a popularidade, em caso de agravamento da crise. Agora, entretanto, está na fase de usar argumentos técnicos para tentar respaldar suas posições e levar à tradicional lie das quintas-feiras no Alvorada.
Ainda que tenha receio de trocar o ministro, Bolsonaro tem dobrado sua aposta no fim do isolamento social e sempre que pode faz questão de deixar claro que não compartilha da visão de Mandetta. É o que lhe resta, uma vez que uma demissão do ministro arrisca dinamitar a ponte que o ministro tem feito entre o governo federal e os estados. Há uma avaliação dentro do governo que alguém com um perfil automaticamente alinhado com o que pensa o presidente teria dificuldades em manter esse trabalho que já está em curso com os governos estaduais, que optaram pelo isolamento horizontal.
Bolsonaro não vai parar de colocar a sua posição. Terra foi chamado ao Palácio porque o presidente queria ouvir a posição dele sobre epidemias, que é idêntica à do presidente, e já foi detalhada em entrevista ao CB.Poder na semana passada. Segundo relatos, o deputado repetiu ao presidente sua posição contrária ao isolamento horizontal, citou sua experiência com a epidemia de H1N1, no Rio Grande do Sul, quando era secretário de Saúde. A comparação entre as duas epidemias não é considerada válida por muitos estudiosos e não tem sido seguida por países da Europa, porque a velocidade de propagação dos vírus é diferente. Numa de suas coletivas, Mandetta inclusive mencionou que quem seguisse a receita de combate ao H1N1 para o coronavírus iria errar.
Mandetta é no momento o ministro mais popular do presidente Jair Bolsonaro. Sua capacidade de diálogo, de ação, de coordenação de equipe e seu semblante de cansaço por noites mal-dormidas são, segundo pesquisas, a percepção do trabalho do governo federal em prol da combate ao coronavírus. Perder esse ativo pode ser um erro e levar outros a rufar panelas em caso da agravamento da crise. Resta saber se Bolsonaro vai pagar para ver ou deixar passar essas rodada.
Bolsonaro não abrirá mão de posições sobre o combate ao coronavírus
Coluna Brasília-DF
Assessores de Jair Bolsonaro são praticamente unânimes em afirmar que o capitão está convencido de suas posições sobre o combate ao coronavírus e não abrirá mão delas até o final da crise, ainda que danos eleitorais ocorram no futuro. A aposta do presidente continua sendo a de que, quando a crise passar, os eleitores voltarão a apoiá-lo. Nesse sentido, o máximo que a equipe pode fazer por ele, até aqui, é colocar todos os dados técnicos como obra e graça do Planalto.
O problema é que muitos ministros começam a ficar constrangidos com a postura do chefe. Porém, ninguém vai sair enquanto perdurar a crise da saúde e, no caso de Paulo Guedes, vem ainda a crise econômica, depois da pandemia, acompanhada da terceira onda, a política. O futuro do Brasil nunca foi tão incerto.
Atrasados
A demora de Bolsonaro em sancionar a ajuda de R$ 600 aos trabalhadores informais começou a ser explorada pela oposição, e ficará assim por mais tempo. Afinal, completou um mês da chegada do vírus no Brasil e, até o momento, a parte econômica, tão citada pelo presidente, ainda não resultou em recursos nas mãos dos mais necessitados.
Constrangimento
Os diplomatas brasileiros pelo mundo afora estão tontos, sem saber como explicar a posição do governo e a edição da fala de Tedros Adhanom feita pelo presidente, em rede nacional. Afinal, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendou a volta ao trabalho, e sim a proteção das pessoas mais necessitadas.
Sentiu o tranco
Os cuidados de Bolsonaro ao dizer, em seu pronunciamento, que está preocupado com a saúde das pessoas, foram vistos como um sinal de que percebeu a perda de popularidade. Porém, o fato de dizer que quer retomar seu projeto de desenvolvimento indica que ainda não se deu conta do tamanho da crise e de que terá que ter um plano B.
Terra, o conselheiro
O ex-ministro Osmar Terra sustenta, há 15 dias, que a curva de casos no Brasil não será a mesma de países como a Itália, e que isso não se deve ao isolamento. É na posição dele que Bolsonaro tem se pautado.
“Bolsonaro chora porque viu que errou e errou feio”
Do deputado Fábio Trad (PSD-MS), irmão do senador Nelsinho Trad, que não tem comorbidades e teve 10% dos pulmões comprometidos pela Covid-19
Deputado na UTI/ Vice-líder do PSC, o deputado Aluisio Mendes (MA) está internado no Sírio Libanês, em Brasília, por causa da Covid-19. À coluna, ele contou que há seis dias passou mal, foi ao hospital e os testes deram positivos. Ainda não saiu da UTI, mas apresenta melhoras.
As fake news reinam…/ Como se não bastasse a gravidade da pandemia, as pessoas ainda têm que conviver com montagens de fotos que proliferam pelo WhatsApp sem o menor controle. Uma das últimas, repassadas nos grupos bolsonaristas, mostra a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, junto com o vice-governador Antenor Roberto e o prefeito de Natal, Álvaro Dias.
… e as ironias também/ Nos grupos petistas, alguns posts perguntam “Cadê o Queiroz?”, numa referência ao ex-assessor de Flávio Bolsonaro, que recebia depósitos dos funcionários do gabinete de Flávio nos tempos de deputado estadual. Os posts vêm acompanhados de frases do tipo: “reza a lenda que a família Bolsonaro recomendou a ele distanciamento social, isolamento e quarentena, a fim de evitar contaminação”.
Termômetro/ O Park Sul, no setor industrial do Guará, onde, em 2018, os moradores comemoraram de forma efusiva a vitória de Bolsonaro, aderiram ao panelaço na hora do pronunciamento do presidente, ontem à noite.
CB.PODER/ O senador Major Olímpio (PSL-SP) é o entrevistado de hoje do programa, logo depois do jornal local, na TV Brasília e nas redes sociais do Correio Braziliense.
Posição de Osmar Terra, alinhada com a de Bolsonaro, provoca mais um mal-estar no governo
Ex-ministro da Cidadania que quase virou líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso ao sair do governo, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) foi o assunto da manhã de hoje nas reuniões virtuais da política, acusado de “irresponsável” e de trabalhar em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro para desestabilizar a posição do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O presidente está irritado com o ministro desde a última entrevista, quando Mandetta calculou que o sistema e saúde entraria em colapso. O presidente não gostou da palavra usada pelo ministro.
Osmar Terra, assim como Bolsonaro questiona a posição dos governadores de decretar quarentena. “Não quero ser ministro, Mandetta está fazendo um excelente trabalho, mas não vou deixar minha opinião. Esse isolamento não terá efeito. A epidemia só passará quando 50% das pessoas estiverem contaminadas. O que está acontecendo hoje é um exagero de medidas com cunho político. Um competindo como outro para ver quem é mais radical”, disse ele ao blog. “O presidente não pegou carona no medo”, completou.
A posição de Osmar Terra contrasta com o que vem sendo feito no mundo todo. Em relação à Itália, que passa por uma tragédia e um colapso em seu serviço de saúde atribuído justamente à demora em fazer a quarentena, o deputado afirma que o Sul do país não ha quase casos e no Norte a propagação foi mais rápida devido ao frio. Ele considera que “a epidemia é irreversível, é uma força da natureza”. E alerta que, na sua opinião, deveriam ficar resguardados os grupos de risco, ou seja, idosos e pessoas com baixa imunidade e histórico de problemas respiratórios.
Quanto à preocupação com as favelas e áreas de risco, como as palafitas, onde as pessoas vivem amontoadas, Terra diz “conhecer bem a questão social e que não tem famílias sem água e sabão, que é melhor que álcool gel”. Ele calcula que o numero de casos de Covid-19 no Brasil será da ordem de 35 a 40 mil casos e dezenas de milhões de pessoas contaminadas. Porém, ele acredita que, a partir da sexta semana começa a cair. “Começa a regredir em final de abril e a mortalidade é inferior a 2%”, prevê. “Claro que toda a vida importa, mas numa epidemia, isso acontece. No Rio Grande do Sul, todo o inverno cerca de 950 morrem de influenza”, diz.
Muitas dessas declarações de Osmar Terra ao blog estão em áudios que começaram a circular entre os parlamentares, e, nos grupos, há quem diga que o ex-ministro ou enlouqueceu ou quer tomar o lugar de Mandetta. Deputados saíram em defesa do ministro: “Mandetta está sendo um grande ministro, responsável. Precisa ter tranquilidade para trabalhar. Deus gosta tanto do Brasil, que colocou pessoas boas à frente do país. Agora, querer caminhar na contramão do mundo não dá. Já busquei especialista de todos os lados e não há medida mais eficaz do que o distanciamento social. O Reino Unido hoje ampliou suas medidas, escolas estão fechadas. O Paraguai está seguindo os padrões internacionais. E nós vamos ficar à mercê da sorte?!! A chegada da epidemia aqui era previsível e daria para ter tomado medidas bem antes. Vai ser que é por isso que temos mais casos na América do Sul”, diz o presidente da Comissão de Agricultura, deputado Fausto Pinato (PP-SP), aliado do presidente Jair Bolsonaro.
Caso Onyx vá para o lugar de Osmar Terra, MDB se sentirá rebaixado
Coluna Brasília-DF
Seis por meia dúzia. É assim que os congressistas se referem às mudanças que o presidente Jair Bolsonaro pretende fazer na sua equipe, substituindo Onyx Lorenzoni pelo general Braga Netto na Casa Civil. É o reforço dos militares no governo, que haviam perdido terreno num determinado momento e agora retomam com força. E sem aproveitar a troca para estreitar relações com o Congresso, sinal de que nada muda por ali e que o presidente está satisfeito com a performance de Eduardo Ramos.
Entre os maiores aliados do presidente no Congresso, há a certeza de que, enquanto as pesquisas estiverem indicando que Bolsonaro permanece em alta perante os eleitores, não haverá mudança de eixo de poder, ou seja, a escolha dele continuará voltada para o meio militar, considerado o mais organizado e estratégico do país.
Cobre um santo…
… descobre outro. Bolsonaro está numa sinuca de bico. Se tira Osmar Terra (MDB-RS) do Ministério da Cidadania para abrigar Onyx Lorenzoni (DEM), o MDB é que se sentirá rebaixado. E o presidente precisará de todos os partidos de centro para aprovar uma reforma do gosto do governo federal, e não dos estados.
Nem vem, talkey?
Não são poucos os pré-candidatos a prefeito de capital que procuram o Planalto em busca de uma foto ou um apoio mais explícito do presidente Jair Bolsonaro. Ele, porém, vai evitar influir nesses pleitos para não ser responsabilizado se algo der errado. Afinal, quando há vitória, o sujeito acha que ganhou por conta própria. Quando perde, sempre dá um jeito de buscar outro culpado.
E a administrativa, hein?
Se o governo não enviar uma proposta, os parlamentares é que não vão se mexer para tratar desse tema indigesto em ano eleitoral. Ainda mais depois da conversa do ministro chamando servidores de parasitas. Ok, ele pediu desculpas, mas a mágoa dos funcionários não esfriou.
A salvação da reforma
Os servidores públicos estão prontos para apresentar propostas para a reforma administrativa: “Se houver diálogo, o próprio setor público pode apontar caminhos que permitam a boa gestão das carreiras de Estado”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, Kleber Cabral.
O conselheiro/ Cotado para a Casa Civil, o general Braga Netto (foto) virou interventor no Rio de Janeiro por indicação do general Sérgio Echegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo do presidente Michel Temer. Agora, o ex-ministro continua no mesmo papel de ajudar os presidentes.
Ele, não/ Braga Netto esteve cotado recentemente para assumir um cargo no governo Witzel, no Rio de Janeiro. Entre levar o general para o Planalto e deixá-lo disponível para Witzel, Bolsonaro prefere ter Braga Netto ao seu lado.
Faça como ele/ O governador do DF, Ibaneis Rocha, manda hoje para a Câmara Legislativa do Distrito Federal a indicação do engenheiro Vinicius Benevides para a diretoria da Adasa. Um nome técnico para um órgão técnico. Vinicius é engenheiro especialista em recursos hídricos, tratamento de água e saneamento urbano. Foi um dos responsáveis pela Lei das Águas aprovada no Congresso Nacional. Há quem esteja disposto a sugerir a Bolsonaro que siga esse exemplo na hora de indicar os diretores das agências reguladoras.
Não façam como ele/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não consegue ficar uma semana sem uma declaração polêmica. Depois de chamar os servidores de parasitas, agora foi a vez de destilar preconceito contra os mais pobres, mais especificamente, os empregados domésticos, ao mencionar o dólar caro, que, segundo o ministro, é bom, porque “estava uma festa danada”. Sinal de que o governo não tem muita preocupação em acabar com a desigualdade e quer o mercado da Disney apenas para o andar de cima.