Bolsonaro já não encanta mais os militares

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Jair Bolsonaro abriu o ano com o pé esquerdo no meio militar. Nestes primeiros dias de 2022, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, e o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, que é da Marinha, mandaram, cada qual à sua maneira, um duro recado ao presidente Jair Bolsonaro. Paulo Sérgio mandou os militares tomarem vacina e parar de espalhar notícias falsas sobre imunizantes. A carta do diretor da Anvisa, amplamente divulgada no fim de semana, foi a mais dura manifestação de um funcionário de Estado ao presidente da República: agora, ou Bolsonaro manda investigar Barra Torres e a Anvisa, ou se retrata por ter levantado suspeitas sobre o que estaria por trás da insistência por vacinas contra a covid. O presidente, entretanto, não fará nem uma coisa nem outra. A sua resposta ficará naquela que foi dada em entrevista à Jovem Pan: “Não precisava daquilo”.

Em conversas reservadas, alguns militares reconhecem que há insatisfação no alto escalão e que a carta de Barra Torres ajuda a equilibrar a imagem dos militares depois da subserviência com que agia Eduardo Pazuello no cargo de ministro da Saúde.

A insatisfação dos militares com o governo, porém, não chega ao ponto de migrar para o outro extremo do espectro político. Num segundo turno entre Lula e Bolsonaro, muitos hoje insatisfeitos com o atual presidente da República, ficam com Bolsonaro.

Apressa aí…

O convite oficial da direção do Solidariedade, capitaneado por Paulinho da Força, para que Geraldo Alckmin ingresse na legenda vem exatamente no sentido de tentar consolidar a aproximação do ex-tucano com o grupo mais simpático à aliança do ex-governador de São Paulo com o ex-presidente Lula.

…antes que naufrague
A aliança não é pacífica, e o grupo de petistas contrário à aliança saiu da toca. Desde 30 de dezembro, circula na internet um manifesto contra a chapa Lula-Alckmin. Já são mais de 500 assinaturas, entre elas, as de dois ex-presidentes do PT: Rui Falcão e José Genoino.

O dilema de Lula
Ao pregar o “revogaço” das reformas, o PT atrai o PSol, ampliando os votos de primeiro turno à esquerda, mas afasta os da direita. Como a coluna antecipou no fim de semana, Geraldo Alckmin está praticamente isolado e sem discurso para levar seu pessoal para o lado de Lula.

Gilmar na cobrança/ O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, recorreu às suas redes sociais para cobrar o restabelecimento dos sistemas de atualização dos boletins epidemiológicos. “Deve ser tratado como prioridade. Há semanas, estados e municípios enfrentam dificuldades em informar os casos de contaminação e de internação. O #ApagãoNaSaúde inviabiliza o enfrentamento da pandemia”, escreveu.

Por falar em STF…/ O aumento no número de casos de covid e o surto de influenza levaram o Supremo Tribunal Federal a retomar o home office para seus servidores. Não dá para brincar.

E vai ampliar/ A Câmara vai aguardar um pouco mais antes de voltar ao sistema remoto para as sessões da Casa. A ideia é esperar para ver como estará a situação daqui a 22 dias, quando o Congresso retoma seus trabalhos.

Em ano eleitoral, a palavra conta/ O fato de o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ter dito que a tragédia de Capitólio não tinha como ser evitada foi lida por políticos do estado como o primeiro grande erro político. O descolamento da rocha, talvez, não pudesse ter sido evitado, mas a morte das pessoas, sim.

O recado dos militares no Dia do Soldado

Publicado em coluna Brasília-DF

Diante da tensão interminável, as forças políticas ampliam o leque de conversas e de planejamento para todos os cenários. Generais da ativa, por exemplo, já fizeram chegar a vários interlocutores partidários que não apoiam qualquer atitude fora das linhas da Constituição, e esta semana aproveitaram o Dia do Soldado para reforçar essa visão. Políticos receberam grifados trechos do discurso em que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, mencionou a Força “dotada do espírito patriótico, pacificador e conciliador do Duque de Caxias”. Ele falou também de “paz, união, liberdade democracia e Justiça” e, ainda, de “compromisso com os valores mais nobres da pátria e com a sociedade brasileira em seus anseios de tranquilidade, estabilidade e desenvolvimento”.

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Nos bastidores, porém, foi dito que há um mal-estar em relação às prisões por opinião. Não existe golpe, nem existirá, mas é preciso que haja equilíbrio em todos os Poderes. Cada um terá que fazer a sua parte para que as coisas cheguem a um bom termo. O presidente Jair Bolsonaro fez a dele, ao mandar dizer que não encaminhará o pedido de impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O Senado, por sua vez, rejeitou o processo contra o ministro Alexandre de Moraes. A hora é de acalmar os ânimos.

E o Mourão, hein?

Políticos que estiveram com o vice-presidente Hamilton Mourão consideram que ele está se preparando para qualquer cenário. Se a situação se deteriorar, está a postos. Mas sempre deixa claro que o plano A é a pacificação do país sob o comando de Bolsonaro.

Te vira com R$ 28 bi, tá?
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) apresentou, esta semana, seu parecer autorizando o governo a emitir títulos para pagamento de despesas com pessoal. Só tem um probleminha: o governo havia pedido R$ 164 bilhões e Hildo autorizou apenas R$ 28 bilhões — e apenas para pagamento de pessoal.

O resto já está no caixa
Hildo Rocha disse à coluna que o excesso de arrecadação do mês passado, de R$ 170 bilhões, já cobre o que o governo pediu para “outras despesas correntes” — ou seja, diárias, passagens, vale-refeição e por aí vai. “Não tem sentido pedir para aumentar o endividamento do país com um excesso de arrecadação de R$ 170 bilhões num mês”, diz o deputado.

Dito e feito
Conforme o leitor da coluna já sabia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), rejeitou o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. E além de tirar de cena qualquer movimento para indicá-lo ao STF, Pacheco também pretende preservar o próprio Senado. É que, se esse pedido ainda estivesse indefinido, o ato do Sete de Setembro poderia se transformar em pressão para que fosse aceito.

Curtidas

Líderes sob pressão I/ Presentes ao lançamento do projeto Todos por um só Brasil, na sede do MDB, os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e no Congresso, senador Eduardo Gomes (TO), se remexeram na cadeira com o discurso do ex-presidente Michel Temer. Ele mencionou Fernando Bezerra e, em seguida, começou a falar sobre a hora do “chega e do basta” diante da divisão do país.

Líderes sob pressão II/ O partido não vai pedir que os líderes deixem os cargos, porque não são de indicação partidária. Mas a linha do discurso do MDB não será pró-Bolsonaro. Logo, o mal-estar tende a ser cada vez maior.

Pré-campanha/ Durante almoço para Michel Temer na casa do governador Ibaneis Rocha, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), anunciou que concorrerá ao governo do Amazonas no ano que vem.

Estamos Juntos/ Ibaneis, que é pré-candidato a mais um mandato, disse que estava feliz com aquela convergência do MDB em sua casa e que “estaria junto com o que o MDB decidisse”.

Os intocáveis: Flávia Arruda é orientada a manter equipe de ex-ministro na Secretaria de Governo

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Há dois dias oficialmente no cargo, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, encontra dificuldades em montar o seu time. É que muitos DAS altos, de R$ 16 mil, continuam com ex-auxiliares de Luiz Eduardo Ramos, o novo ministro da Casa Civil.
Esse pessoal, uma parte de militares da reserva, não pediu para sair. Assim, “vão ficando”, porque, segundo chegou aos ouvidos dos congressistas que estão de olho nos cargos, o próprio Luiz Eduardo Ramos pediu à nova ministra que mantenha a equipe. Ou seja, Ramos saiu, mas ficou. Flávia tomou posse, mas não assumiu de vez.
Ficamos assim: até aqui, quem tem todas as informações da pasta é o grupo do general, uma espécie de primeiro-ministro. Resta saber quanto tempo essa situação perdurará. Flávia Arruda, que não é de briga, não vai bater de frente.

Blindagem diante da tensão…

As apostas dos políticos são de que o presidente Jair Bolsonaro vai continuar pressionando para fazer valer a sua vontade de retomada de todas as atividades e eventos sem restrições, aumentando a tensão com os governadores. É nesse pano de fundo que o Congresso vai discutir a nova lei de defesa do Estado democrático de direito, citada, ontem, pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.

…e da pandemia

Em conversas reservadas, a preocupação com o cenário político, econômico e sanitário é geral. Afinal, abril começa com a suspensão da produção da CoronaVac, atrasos no cronograma de vacinação por causa da falta de insumos, elevado número diário de mortes, problemas para sancionar o Orçamento e autoridades ainda batendo cabeça, sem uma saída para toda essa situação.

Os novos limites de Lira…

Com o governo interessado em esticar a corda até a data final para a sanção do Orçamento, 22 de abril, o presidente da Câmara, Arthur Lira, promete mandar um novo recado à área econômica. Ele quer levar a votos o projeto que altera o índice de correção dos aluguéis de IGPM para IPCA como forma de mostrar à Economia que pode muito mais. Por isso, melhor buscar um bom acordo sobre as emendas do relator ao Orçamento e ceder, em vez de simplesmente cumprir o desejo do ministro Paulo Guedes, de cancelar tudo.

… e do governo

Da parte do governo e de técnicos, também há a certeza de que é preciso estabelecer um freio nesse remanejamento de receitas por parte do relator do Orçamento. Não dá, por exemplo, para tirar recursos da Previdência e aplicar em investimentos. As tais RP9, as emendas de relator, viraram um problema. Absorvem bilhões e vão além das emendas individuais, de bancada e de comissões técnicas. Ou o Congresso resolve esse imbróglio, ou arcará, mais à frente, com as consequências da irresponsabilidade.
 

A história recomenda cautela

Foi nesse tipo de “serviço”, emendas genéricas, que o finado deputado João Alves (PFL-BA) fez a festa nos anos 1990. Delas saíram verbas milionárias para cidades pequenas, caso de Serra Dourada, na Bahia, onde conjuntos habitacionais de casas sem acabamento e recibos de pagamento a vereadores vieram a público. Na época, João Alves conseguiu ser o mais votado na cidade sem se dar ao trabalho de pisar lá. Foi a gênese dos anões do Orçamento.
 
Presta atenção, excelência I/ O novo apelido de Paulo Guedes (foto) entre os deputados,
“Ever Green”, recebe outra interpretação no meio técnico. Os políticos fizeram uma referência ao navio que encalhou no canal de Suez, impedindo o fluxo comercial e o desenvolvimento. Os técnicos, porém, consideram que impede o toma lá dá cá das emendas de relator.
 
Presta atenção, excelência II/ O projeto que permite às empresas comprarem vacinas para atender seus funcionários e muita gente que está trabalhando de casa terá de ser ajustado no Senado. É que a iniciativa já ganhou o apelido de “projeto fura fila” e, num cenário de 3.829 óbitos registrados num dia, é preciso valorizar o Plano Nacional de Imunização, seguindo a ordem estabelecida pelo Ministério da Saúde.
 
Terra chamando/ As menções do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de que o ministro da Justiça, André Mendonça, parecia ter “descido de Marte”, por mencionar que templos religiosos eram menos arriscados do que transportes aéreos lotados, vão render. Porém, nos próximos capítulos dessa análise da abertura de templos e igrejas em tempos da covid-19, virá, ainda, a questão da arrecadação, que reduziu bastante nos templos, país afora, e, até aqui, ficou em segundo plano nesse julgamento.
Fake news em debate/ A partir das 9h30, a In Press Oficina promove a webinar “Fake news, como identificar e não ser agente de manipulação de fatos e dados”, com especialistas de várias áreas. Em tempos de tantos mitos e mentiras em torno do combate à covid-19, vale a paradinha para ouvir especialistas.

Com artigo “Memento mori”, general Rego Barros se transforma em porta-voz dos militares

rego barros
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O recado do general Otávio do Rego Barros, ex-porta-voz do Planalto, foi elogiado nos meios militares e, embora seja lido como um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro, não foi visto com deslealdade. O objetivo, avaliam amigos do general, jamais foi criar celeuma. E sim alertar sobre o perigo de não se dar espaço ao que ele chama de “discordância leal”. É isso que hoje mais incomoda grande parte dos generais e de antigos apoiadores do presidente, que, diante dos novos amigos do Centrão, deixa de lado aqueles que o ajudaram a chegar ao Planalto e apostaram num projeto. “Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São esses, seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a discordância leal”, escreveu o general no artigo Memento mori, publicado nesta quarta-feira no Correio Braziliense.

Rego Barros, que foi porta-voz da Presidência, mas acabou isolado após um tempo, traduziu no artigo o sentimento que perpassa os militares, de que hoje o presidente confunde discordância leal com oposição e é preciso ter clareza de que nem toda discordância é deslealdade.

O artigo, aliás, fez com que muitos saíssem da “toca”, em solidariedade ao general. Alguns, inclusive que se veem hoje quase que atirados à oposição, embora não tenham essa intenção. “Barbara Tuchman tinha razão: ‘A Marcha da Insensatez’ parece se repetir. Toda a minha solidariedade ao General Rêgo Barros pela atitude. Leitura precisa de um sombrio cenário. O mesmo cenário já repudiado por General Santos Cruz, Sérgio Moro e outros atentos defensores da moralidade”, escreveu em seu Twitter o general Francisco Brito, numa referência aos ex-ministros de Bolsonaro e à historiadora, jornalista e escritora estadunidense, ganhadora de dois prêmios Pulitzer.

O que o general Brito menciona de público corre a caserna nas conversas reservadas. O artigo “Memento mori” vale para todos aqueles que, ao alcançar o coração do poder, terminam deixando de lado os projetos iniciais pactuados e se acham acima do bem e do mal, sem levar em conta que a próxima eleição está logo ali e que é preciso manter firme a conexão com a realidade e não apenas com a bolha de seguidores nas redes sociais.

O artigo de Rego Barros foi escrito logo depois do pito público que o presidente Jair Bolsonaro passou no ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o general que se viu no constrangimento de ter um protocolo de intenções assinado por sua pasta desautorizado pelo presidente da República, num tema tão caro à sociedade como a vacina contra a covid-19. Já estava escrito, vale dizer, quando a revista Época trouxe reportagem de Guilherme Amado, contando os bastidores dos encontros do presidente com advogadas de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, e autoridades da área de inteligência do governo. Portanto, avisam alguns, quem tentar levar para esse lado estará num terreno que o general não pisou.

A lição deixa clara ainda a necessidade de, na falta de alguém que discorde do presidente e lhe alerte sobre determinadas atitudes, o funcionamento de todas as instituições é fundamental. “As demais instituições dessa república — parte da tríade do poder — precisarão, então, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advirão como decisões do “imperador imortal”. Deverão ser firmes, não recuar diante de pressões”. No Supremo Tribunal Federal (STF) e na cúpula do Parlamento ficou a sensação de que as críticas às instituições não terão eco na caserna. Até aqui, o Planalto fez “cara de paisagem”. Diz o ditado, quem cala, consente.

Vacinados, militares estão incomodados com Bolsonaro

Militares Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

O clima entre o presidente Jair Bolsonaro e os militares ficou ruim por causa das críticas públicas do presidente da República ao ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. A situação já não estava das melhores desde a exoneração do porta-voz, general Rego Barros.

Agora, chegou a ponto de outro general, Hamilton Mourão, vice-presidente da República, recomendar inclusive ao presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, que mantivesse a reunião com o governador de São Paulo, João Doria, visto por Bolsonaro como maior adversário político do governo.

O constrangimento ao qual Pazuello terminou exposto foi considerado desnecessário. Os militares já se acostumaram aos rompantes de Bolsonaro. A relação tem, na avaliação de alguns, mais altos do que baixos, mas colocar briga política na produção de vacina não dá. Bolsonaro não pode desautorizar ministro diante de qualquer irracionalidade de seus apoiadores nas redes sociais.

Holofotes na Anvisa

O receio dos governadores agora é que, diante da recusa de Bolsonaro em assinar o protocolo com o Instituto Butantan para a aquisição da CoronaVac, o governo federal acabe atrasando o registro dessa vacina por razões políticas.

Daí, a corrida ao Supremo Tribunal Federal (STF). Afinal, não foi apenas a manifestação nas redes sociais que levaram Bolsonaro a agir. Tem, ainda, a proximidade com o governo dos Estados Unidos e a vontade do presidente de não dividir qualquer palanque com Doria.

CURTIDAS

Fiel da balança, mas nem tanto/ Depois da sabatina, é essa a função que os senadores atribuem ao novo ministro do STF, Kassio Nunes Marques, mas não como Celso de Mello. Na Segunda Turma, a aposta é a de que Kassio se juntará aos “garantistas” Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.

Estranho no colegiado/ Apontado como um dos padrinhos para a indicação de Kassio ao STF, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que já vem sendo chamado de 05, dada a proximidade atual com Bolsonaro, foi o único a chegar sem máscara à sala da Comissão de Constituição e Justiça. Ao perceber, puxou logo o acessório do bolso.

STF/ O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, abrem, hoje, o seminário Cortes Supremas, Governança e Democracia, com apoio da Organização das Nações Unidas e da Universidade de Oxford. Durante dois dias, o STF ouvirá especialistas nacionais e internacionais, além de representantes da sociedade civil, em temas relativos à governança e novas tecnologias aplicadas ao Judiciário.

Enquanto isso, na Comissão Mista de Orçamento…/ O período de esforço concentrado vai chegando ao fim e nem sinal de acordo entre o DEM e o Centrão sobre quem vai presidir o colegiado. A tendência é deque esse nó sobre a Presidência da comissão mais importante do Congresso só seja desfeito depois do primeiro turno da eleição municipal –– ou seja, a partir de 16 de novembro.

Militares: as Forças Armadas são uma coisa, e o Planalto é outra

Militares Planalto
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Os militares mandaram vários sinais à classe política de que não concordam com o clima de tensão reinante entre o Planalto e o Congresso. A prioridade deles hoje é servir num clima de paz, sem golpes, contragolpes, rasteiras ou seja lá que nome alguns tentem dar ao mal-estar entre o presidente Jair Bolsonaro e os congressistas.

E a fórmula para que isso aconteça é separar as estações –– Exército brasileiro e o Planalto. Ainda que haja generais em postos-chaves do governo, as Forças Armadas são uma coisa, e o Planalto é outra. A intenção de quem está na ativa é ajudar no sentido de estabelecer diálogos e separar estações.

Bolsonaro, Doria e a economia

Enquanto o presidente deixa o PIB de 1,1% na cota de Paulo Guedes, o governador de São Paulo, João Doria, aproveita seu périplo por Brasília para lembrar que o PIB paulista cresceu 2,8% em 2019.

Enquanto isso, no parlamento…

Os líderes do governo ficaram preocupados com o pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que Bolsonaro retire o tal PLN 4, o projeto de lei orçamentária fruto do acordo para manutenção dos vetos, e que preserva parte do poder do relator do Orçamento. Se o fizer, terá mais problemas em relação a futuros acordos com o parlamento.

Respiro

O governo ganhou mais um mês e meio para tentar chegar a um acordo com os caminhoneiros em torno da tabela do frete. O empresariado considera que adiar o fim do tabelamento para daqui a dois anos, conforme chegou a ser discutido na reunião, não atende a agricultura e a indústria. Ou seja, o impasse continua.

Falta de ar

Empresários argumentam que adiamentos desse tema do frete não ajudam a alavancar o PIB neste primeiro mandato de Bolsonaro. Porém aliados do presidente avaliam que uma greve de caminhoneiros em protesto contra o fim do tabelamento do frete tende a piorar a situação.

Um problema de cada vez

Não há solução perfeita para o caso dos caminhoneiros. E, enquanto não houver, o governo pedirá para adiar qualquer decisão a respeito. Pelo menos até o coronavírus sair do palco.

O que ele pensa/ Quando perguntado sobre a declaração de Bolsonaro a respeito de fraude eleitoral, o senador Major Olimpio (PSL-SP) reagiu assim: “Ele está apresentando um recurso contra ele mesmo”.

E o slogan ficou/ O secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, terminou virando “meme” no WhatsApp com a seguinte inscrição: “A solução para o (Paulo) Guedes: chama o Meirelles”. Em sua campanha presidencial, o ex-ministro da Fazenda de Michel Temer dizia que o Brasil estava votando “contra”: uns em Bolsonaro contra o PT e outros no PT contra Bolsonaro, e já se sabia onde isso iria parar. Sua propaganda terminava com o slogan: “Chama o Meirelles agora e não se lamente depois”.

Mandetta e o seu cumprimento/ Na reunião da Frente Parlamentar da Medicina, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o deputado federal Flávio Nogueira (PDT-PI), seguiram o cumprimento –– choque de punhos –– recomendado pelo titular da pasta como forma de precaução ao coronavírus. Eles agora se cumprimentam assim.

Judiciário presente/ A posse da nova diretoria da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), a ser presidida por Manoel Victor Sereni Murrieta e Tavares, promete reunir os ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. O evento fará homenagens ao ministro Mauro Campbell e à ex-presidente do Conamp, Norma Angélica Reis Cardoso Cavalcanti.

Militares querem que Bolsonaro faça as pazes com o Congresso

Bolsonaro base política
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Em conversas reservadas, militares têm dito que caberá ao presidente Jair Bolsonaro buscar os políticos e arrefecer os ânimos em torno da manifestação convocada para 15 de março. Afinal, os problemas decorrentes do coronavírus, seus reflexos na economia, indicam que a tensão já estará alta demais para que a política venha a balançar ainda mais a árvore chamada Brasil.

Alguns militares de alta patente e próximos ao presidente consideram, inclusive, que o melhor para Bolsonaro seria resolver as questões do Orçamento na base da conversa e não levando seu pessoal às ruas em manifestações contra as instituições. Que saiam às ruas, mas em apoio ao presidente e não contra as instituições.

Hoje, no próprio Congresso, tem crescido o entendimento de que não dá para o relator da proposta orçamentária ter o poder de decidir a destinação de quase R$ 30 bilhões e que as emendas impositivas já estão de bom tamanho. Porém, se o presidente insuflar manifestações contra o parlamento, esse apoio, em vez de crescer, pode minguar. O momento é de muito calma nessa hora.

O papa está chamando

O papa Francisco convocou dois mil economistas, a maioria até 35 anos e de várias partes do mundo, para discutir um projeto econômico capaz de reduzir as desigualdades sociais. No convite aos profissionais para um encontro em Assis, no fim de março, ele diz que “não há razão para haver tanta miséria”. “Precisamos construir caminhos.”

Tutti buona genti

Entre os convidados especiais, o indiano Amartya Sen, 86 anos, ganhador do prêmio Nobel em 1998 e um dos criadores do IDH, e Jeffrey Sachs, 65, autor de O Fim da Pobreza. Dos jovens brasileiros, um dos convidados é Henrique Delgado, doutorando na Universidade de Denver, nos Estados Unidos.

Paz, porém…

… não com todos. O presidente Bolsonaro tem dito a seus aliados que não quer briga com os governadores de um modo geral. A principal exceção dessa lista é Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, onde o presidente faz política.

Versões

O chefe do Executivo recebe hoje de manhã, em audiências separadas, os ministros da Defesa, Fernando Azevedo, e, logo depois, o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ambos foram a Fortaleza conferir a paralisação dos policiais e tentar acabar com a greve. Ele quer ouvir o que cada um tem a dizer sem que combinem as impressões sobre o conflito.

Presidente na lida/ Bolsonaro avalia apoiar alguns candidatos a governos municipais, ainda que o Aliança pelo Brasil não tenha saído do papel. É coisa para a partir de julho, quando a campanha começar a esquentar.

Agora, vai!/ Brasileiro faz piada com tudo. Ontem, um gaiato num restaurante de Brasília falava alto. “Quem vai conseguir que a turma não gaste dinheiro no exterior é o ministro da Saúde (Luiz Henrique Mandetta). E só precisou citar um vírus”. É, pois é.

Novo escritor na área/ Felipe Dantas, um jovem brasiliense de 14 anos, lança, neste sábado, seu primeiro livro, A Vila dos Magos, com sessão de autógrafos na Leitura do Terraço Shopping, a partir das 16h.

Novo escritor na área II/ Desde pequeno, Felipe sempre dizia que sua profissão seria “escritor de livro grosso”. O primeiro chega às livrarias com 204 páginas e conta a história de quatro amigos que caem numa cilada ao entrar numa casa velha, embarcando num mundo mágico. Brasília chega aos 60 anos com seus jovens filhos em franca produção. Que venham outros!

Bolsonaro ganha tempo para decidir sobre a inclusão de militares na reforma da Previdência

militares
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A decisão do presidente Jair Bolsonaro de apresentar a reforma da Previdência depois da viagem a Davos deu ao governo pelo menos mais 10 dias para fechar o texto e amadurecer o que deve ser feito, especialmente, em relação aos militares. Hoje, eles não têm um sistema previdenciário completo, uma vez que quem passa para a reserva pode ser chamado em caso de necessidade, com ocorreu, por exemplo, com os policiais, no Ceará. O mesmo período será usado para o líder do governo, Major Vitor Hugo, sondar os aliados sobre o tamanho do grupo com que o presidente poderá contar para “o que der e vier”. Até aqui, essa é a maior incógnita no Planalto.

Bloco dos pragmáticos

A decisão do PCdoB embaralhou o jogo na Câmara. O partido vai indicar o voto em favor de Rodrigo Maia, mas não participar do bloco formal que hoje engloba o DEM e o PSL. O PDT segue pelo mesmo caminho. O PSB não quer Maia, mas quer um bloco com esses dois partidos. Vai terminar surgindo aí um bloco, sem compromisso com candidaturas a presidente da Casa. O que eles querem é vaga na Mesa Diretora.

Lição petista

O PT está decidido a fazer qualquer movimento que lhe garanta espaço na Mesa Diretora, desde que não tenha que se aliar formalmente ao PSL de Bolsonaro. Em compensação, não lançará candidato a presidente da Câmara. O partido fará tudo para não repetir 2015.

Preço foi alto

Naquele ano, quando Eduardo Cunha venceu, o PT apostou suas fichas em Arlindo Chinaglia e perdeu tudo — a Presidência da Câmara, cargos de comando à Mesa Diretora. Mais tarde, esse erro custou a Presidência da República.

Discurso & prática I

Autoridades do governo estão convictas de que o decreto do presidente Jair Bolsonaro flexibilizando a compra de armas não mudará muito o dia a dia do cidadão. Nem tampouco a segurança das famílias, especialmente, as de baixa renda, dado o preço dos artefatos e da munição.

Discurso & prática II

A diferença entre discurso e ação vale também para a transferência da Embaixada em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. Muito se falou sobre o tema nos primeiros dias de governo, mas até agora nenhuma ação concreta foi adotada.

Presença de Levy/ Sempre que está em Brasília, o presidente do PRP, Levy Fidelix, vai religiosamente à vice-presidência da República. Nem que seja para dar um “olá” ao vice-presidente, general Hamilton Mourão.

Rocha versus Dallagnol/ O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) chamou o procurador Deltan Dallagnol para a briga nas redes sociais. Num vídeo, Rocha diz que Deltan pede voto aberto para presidente do Senado, mas vota secretamente na hora de compor a lista tríplice para o cargo de Procurador-Geral da República.

Meia volta no PSL/ Pressionados por suas redes sociais, deputados ligados a Jair Bolsonaro engrossam publicamente o “fora Renan”. Em conversas reservadas, porém, já tem muita gente do partido torcendo pelo senador alagoano.

No embalo da Rede/ Ao se lançar candidato a presidente do Senado, Álvaro Dias se antecipa a Tasso Jereissati e espera conquistar o apoio do bloco encabeçado pela Rede. Serão 15 dias de muito movimento nessa seara.